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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

13.8.14

A Wikfarsa e a verdadeira ameaça à democracia

10/08/2014 - Copyleft

A Wikfarsa e a verdadeira ameaça à democracia

O que ameaça a democracia é a capacidade de um veículo de comunicação transformar algo irrelevante em um suposto escândalo nacional.












Vinicius Wu
Divulgação


O episódio da alteração dos perfis de Miriam Leitão e Carlos Alberto Sardemberg na plataforma colaborativa Wikipédia tem tudo para entrar para a história do jornalismo brasileiro como uma das mais grosseiras e levianas tentativas de manipulação da informação e de criação de factóides, com evidente motivação político-eleitoral. Porém, o mais importante no caso é compreendermos que, ao contrário do que sustentam as supostas "vítimas", não é a edição de seus perfis o que ameaça a democracia, mas sim a capacidade de um veículo de comunicação transformar algo irrelevante em "escândalo" nacional.

A repercussão desproporcional do caso em alguns veículos de imprensa só pode ser explicada pelo contexto eleitoral, onde percebe-se, claramente, a dificuldade dos candidatos oposicionistas em viabilizarem-se, apesar de todo esforço empreendido pelos monopólios de comunicação e pelo setor financeiro. Trata-se de uma das mais inusitadas - e surpreendentes - tentativas de desgaste do atual governo já realizadas pelos grandes veículos de mídia. Seria risível, se não fosse preocupante.

Até o mundo mineral sabe que não há qualquer controle sobre as edições realizadas na Wikipédia e que é muito difícil rastrear toda a rede que serve ao Palácio do Planalto, portanto, é muito provável que o "responsável" pela edição dos perfis jamais seja encontrado. Logo, nunca saberemos o que, de fato, ocorreu.
 
Talvez isso explique a desfaçatez de Miriam Leitão ao afirmar, em artigo publicado em O Globo, que "alguém deu ordem para que isso fosse executado" e que isso faz parte de"uma política". Fazer afirmações dessa natureza é tão leviano quanto afirmar que a própria jornalista teria feito as alterações, apenas para ganhar notoriedade. Simplesmente não há como provar uma coisa nem outra.

Há muitas questões a serem levantadas no episódio. Por hora, pode-se afirmar qualquer coisa e levantar suspeitas sobre qualquer um! E, a propósito, cabe suscitar algumas questões: Por que tendo sido feita há meses, a edição só foi "denunciada" agora? E por que não supor que um jornalista qualquer, em visita ao Palácio, possa ter feito o "serviço"? Além disso, qual "crime" mesmo teria sido cometido? Alteração de uma plataforma aberta virou crime no Brasil? Afirmar que um jornalista "faz previsões desastrosas" é caluniar alguém? E por que O Globo dedica mais espaço a esse tema do que ao Aeroporto construído na Fazenda do Tio de Aecio? São apenas algumas dúvidas bem pertinentes sobre o caso. Poderíamos estender a lista.

Mas o que, realmente preocupa no caso, é a tentativa de transformar um episódio banal em um escândalo com proporções nacionais. Isso sim é uma ameaça à democracia. Pois, se um veículo de comunicação pode pôr em risco a credibilidade de nossas Instituições democráticas apenas por que um de seus funcionários teve seu perfil alterado numa plataforma que busca, exatamente, a interferência e a colaboração de seus usuários, então temos um risco evidente ao processo democrático. Se essa farsa for bem sucedida - e tiver algum tipo de influência sobre as eleições - não haverá mais limites à manipulação da informação no Brasil. É o retorno ao debate editado de 1989. E isso em plena Era da internet!

Não é razoável que pautas verdadeiramente relevantes para o país sejam ofuscadas por uma sórdida tentativa de manipulação e interferência no processo eleitoral de um grupo de mídia privado. Menos, ainda, é razoável que um veículo de comunicação pretenda impor a uma nação de mais de 190 milhões de cidadãos um debate inócuo sobre um "escândalo" que não passa de uma piada de mau gosto.

Por fim, fica a expectativa de que o episódio acabe como apenas mais uma anedota das disputas eleitorais no Brasil, a exemplo da bolinha de papel de José Serra em 2010. Caso contrário, é melhor estar preparado para a emergência de um Poder absoluto no país, sob a tutela dos monopólios da informação. E como qualquer poder absoluto, este também representará uma séria ameaça à democracia.
 
(*) Vinicius Wu é secretário-geral do governo do Rio Grande do Sul e coordenador do Gabinete Digital.

http://www.cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FPolitica%2FA-Wikfarsa-e-a-verdadeira-ameaca-a-democracia%2F4%2F31586

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz