O PiG (*) não respeita o "bom jornalismo". Liberdade de expressão x liberdade de imprensa
O professor Venício A. de Lima acaba de lançar pela editora Publisher o livro "Liberdade de expressão x Liberdade de imprensa – Direito à Comunicação e Democracia" .
Ele conversou com Paulo Henrique Amorim por telefone.
Sobre a diferença entre Liberdade de Expressão e Liberdade de Imprensa, Venício Lima explicou que "liberdade de expressão" é um direito do indivíduo, um direito fundamental do ser humano, o direito à fala.
"Liberdade de imprensa" é o direito de imprimir, "print" em inglês. Com o passar do tempo, o direito de imprimir se tornou o direito de grandes conglomerados empresariais.
PHA perguntou a quem, no Brasil, beneficia a confusão entre "direito de expressão" e "direito de imprensa".
Venício Lima respondeu: beneficia os grandes grupos de mídia.
É uma confusão deliberada, porque, como ninguém é contra a liberdade de expressão, misturar uma liberdade à outra é uma forma de assegurar a liberdade dos grandes grupos empresariais da midia (e só a deles – PHA).
O livro do professor Venício de Lima relembra as conclusões da Hutchins Commission – Uma imprensa livre e responsável.
Robert Hutchins, reitor da Universidade de Chicago, reuniu, entre 1942 e 47, treze personalidades do mundo empresarial, para, sob encomenda dos grupos Time-Life e Enciclopédia Britânica, entender por que a imprensa era tão criticada.
Para enfrentar os críticos, a Comissão Hutchins sugeriu que a imprensa praticasse o "bom jornalismo", ou seja, respeitasse a objetividade – e separasse opinião de informação – , a exatidão, a isenção, abrisse espaço para a diversidade de opiniões ( e, não, só para o PUM – o Pensamento Único da Midia – PHA) , e buscasse o interesse público.
PHA perguntou se no Brasil, hoje, o PiG (a grande midia) respeitava os princípios desse "bom jornalismo" da Comissão Hutchins.
Venício respondeu: Não !
Clique aqui para ouvir a integra da entrevista
debatem em lançamento de livro
O Conversa Afiada reproduz texto do blog do Azenha:
Redação – Carta Maior
O livro "Liberdade de Imprensa x Liberdade de Expressão", de Venício de Lima, será lançado nesta segunda-feira, dia 21, às 19 horas, na sede do Sindicato dos Engenheiros (rua Genebra, 25, próximo à Câmara Municipal de São Paulo). O debate de lançamento da obra reunirá Venício Lima, Fabio Konder Comparato (que assina o prefácio), Luis Nassif e Mino Carta. O evento é uma promoção da Publisher Brasil, que editou o livro, e do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé.
No prefácio ao livro, Fabio Konder Comparato destaca que Venício de Lima, ao fazer uma crítica aguda à desorganização dos meios de comunicação de massa, contribui para o debate sobre a necessidade de uma reforma do sistema político brasileiro:
"Não somos uma verdadeira república, porque o bem comum do povo, que os romanos denominavam exatamente res publica, não prevalece sobre os interesses particulares dos ricos e poderosos. Não somos uma autêntica democracia, porque o poder soberano não pertence ao povo, mas a uma minoria de grupos ou pessoas abastadas; o que é a própria definição de oligarquia. Tampouco constituímos um Estado de Direito, porque, com escandalosa frequência, as pessoas investidas em cargos públicos – no Executivo, no Legislativo e até mesmo no Judiciário – exercem um poder sem controle, e logram pôr sua vontade e seus interesses próprios acima do disposto na Constituição e nas leis".
Em seu novo livro, Venício de Lima opõe os conceitos de liberdade de expressão e liberdade de imprensa, ressaltando que esta última, no sistema capitalista, foi transformada em liberdade de empresa. Ainda no prefácio, Comparato lembra que, por ocasião da independência dos Estados Unidos, James Madison afirmou que um governo democrático, sem uma imprensa controlada pelo povo, seria um prelúdio à farsa, à tragédia, ou a ambas as coisas. E emenda:
"No Brasil, a criação do oligopólio empresarial dos meios de comunicação de massa durante o regime militar (1964 a 1985) logrou, de fato, unir a farsa à tragédia. Não foi por outra razão que esse amálgama monstruoso mereceu de um jornal de São Paulo a leviana qualificação de ditabranda".
Baseado em 23 artigos que abordam aspectos diferentes dessa relação entre liberdade de expressão e liberdade de imprensa, o livro de Venício de Lima tem cinco capítulos que foram organizados em torno de alguns subtemas específicos: "O ensinamento dos clássicos", "O ponto de vista dos empresários", "A posição das ONGs", "Questões em Debate", e "As Decisões Judiciais".
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