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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

13.6.10

Carta Maior - Blog do Emir Sader - África: falta o essencial



12/06/2010

África: falta o essencial

O paternalismo que busca, com certo esforço, recolher imagens de um continente em estado de natureza, de uma natureza selvagem – convidativa aos safáris - em meio a uma miséria, nunca explicada. Fica sempre a visão costumeira: um continente "selvagem","bárbaro", que nunca conseguiu se desenvolver por taras originais: guerras entre etnias, propensão "natural" ao autofagismo, ignorância, dificuldades para assumir os valores da "civilização ocidental", incapacidade para o "desenvolvimento", o "progresso", o "bem estar", que leva a que parte dos africanos imigre para países "brancos", onde se manterão em situação de inferioridade, mas onde alguns, por exceção, podem ascender – via de regra via futebol ou música. As imagens da miséria africana, do seu atraso, das suas tragédias, nos habituam a considerar o continente como fadado a um destino de abandono irremediável.

As profundas e determinantes causas históricas da situação da África parecem resumir tudo o que de pior a humanidade produz – devastação ambiental, contaminação, genocídios, miséria, etc., etc. – e estão sempre ausentes, fazendo passar um discurso de naturalização de tudo isso: a África nasceu atrasada e ficou condenada a esse "destino".

Duas causas históricas claras determinam essa situação vivida pela África: a colonização e a escravidão. Vítima da sanha das potências coloniais européias, a África foi, literalmente, esquartejada e dilapidada. Olhem para o mapa africano e verão as fronteiras feitas por régua entre as grandes potências européias – França, Inglaterra, Alemanha, Itália, Bélgica, Holanda -, todas brancas, que se reivindicavam o direito de se apropriar da África em nome da "civilização" contra a "barbárie" em que estariam submersos os africanos.

À colonização, de que foram vítimas também a Ásia e a América – todos continentes não brancos – se somou, no caso da África a escravidão, com toda a crueldade de tirar a centenas de milhões de pessoas do seu mundo, para trabalharem como seres inferiores, discriminados, como escravos, para produzir riquezas para a elite colonizadora branca européia. Como pode se recuperar um continente sofrendo essas duas pesadíssimas cargas: a colonização e a escravidão?

Essas causas não são mencionadas por nenhuma reportagem, são as causas de tudo o que é apresentado e que, na falta de explicações históricas, passa como um fenômeno "natural". O próprio apartheid – inevitável ao ser obrigatória a referência a Mandela – parece que caiu do céu e não foi parte da colonização.

Falta isso, falta o essencial – a colonização e a escravidão – para que se possa entender a África. Isso remeteria aos dois maiores temas conscientemente ausentes da grande mídia: o capitalismo – de que a colonização é parte inerente - e o imperialismo – sucessor do colonialismo.

Postado por Emir Sader às 12:42

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz