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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

19.9.10

Grande mídia planeja a "Venezuelização" do Brasil

Política| 18/09/2010 | Copyleft
 

Grande mídia planeja a "Venezuelização" do Brasil

Alguns dos principais jornais do país estão, há algumas semanas, trabalhando diariamente para imputar ao Presidente Lula a pecha de "ditador" e qualificar a eventual vitoria de Dilma como uma ameaça à democracia. Foi o próprio Serra quem retomou o termo "República Sindicalista", em reunião com militares no Rio de Janeiro. Agora, o remake de uma antiga propaganda de um periódico de São Paulo insinua comparações entre Lula e Hitler (sic), numa ignóbil peça publicitária que insulta a inteligência dos brasileiros. Cabe lembrar que, no sombrio despertar das ditaduras latino-americanas, golpistas jamais aplicam "golpes". Na pior das hipóteses adotam "medidas extremas para salvar a democracia". O artigo é de Vinicus Wu.

"Ressurge a Democracia! Vive a Nação dias gloriosos"
Trecho do Editorial de "O Globo" de 1 de abril de 1964.

No sombrio despertar das ditaduras latino-americanas, ditadores jamais se apresentaram enquanto tal. Golpistas jamais aplicam "golpes". Na pior das hipóteses adotam "medidas extremas" para salvaguardar a democracia, a liberdade e, em casos mais graves, o "sagrado" direito à propriedade. Esta foi uma das "inovações" mais bizarras das ditaduras que emergiram no contexto da guerra-fria. Não é por acaso que até hoje, nos círculos saudosistas do regime militar, o golpe que depôs o Presidente eleito João Goulart seja saudado como "Revolução Redentora".

De acordo com esta narrativa, as prisões, as torturas, o silêncio imposto à livre manifestação do pensamento e a perseguição política não foram mais do que gestos em defesa da "liberdade". Até aí nada de novo. Porém, deve causar inquietação entre as forças democráticas no Brasil de hoje o ressurgimento desta retórica com uma força perturbadora ao longo das ultimas semanas.

Alguns dos principais jornais do país estão, há algumas semanas, trabalhando diariamente para imputar ao Presidente Lula a pecha de "ditador" e qualificar a eventual vitoria de Dilma como uma ameaça à democracia.

Foi o próprio Serra quem retomou o termo "República Sindicalista", em reunião com militares no Rio de Janeiro. Agora, o remake de uma antiga propaganda de um periódico de São Paulo insinua comparações entre Lula e Hitler (sic), numa ignóbil peça publicitária que insulta a inteligência dos brasileiros.

Justiça seja feita a um dos mais erráticos colunistas do jornal O Globo, que há alguns dias foi quem lançou a moda de comparar o presidente mais popular da história do país, eleito e reeleito pelo voto direto, ao líder nazista. O mesmo colunista andou reproduzindo um artigo denominado "A solução final" (sic), no qual era apresentada uma tosca análise de um recente pronunciamento do Presidente Lula.

É sim preocupante o movimento, pois, embora não tenha força social e condições políticas de se transformar em um novo golpe, contribui para a emergência de um clima de recrudescimento da luta política no país, que pode ter graves conseqüências para a democracia e um desfecho imprevisível nos próximos anos.

Na verdade, o que buscam é a "venezuelização" do país. Ou seja, trabalham abertamente para a criação de um ambiente político de instabilidade permanente, fragilização das instituições democráticas e deslegitimação do voto popular.

O que está em jogo é o cenário em que se dará a luta política no país no próximo período.

Diante do fato de que a eleição de Dilma parece ter-se tornado um acontecimento praticamente irreversível, a questão passa a ser a definição do cenário em que se dará a luta política ao longo de um eventual governo Dilma. Pretendem inaugurar um ambiente de "crise permanente", de confronto político aberto entre posições irredutíveis.

A comparação com a Venezuela é inevitável. Afinal, muito se fala por aqui dos erros de Hugo Chávez (em grande medida reais). No entanto, pouco é dito a respeito do comportamento golpista, desrespeitoso e grotesco dos grandes conglomerados de comunicação venezuelanos, que frequentemente chamam o presidente do país de "macaquito".

Em seu renitente cinismo, os grandes monopólios da comunicação brasileiros alertavam para o "risco" da importação do chavismo por Lula. Agora passam, de fato, a incentivar a "Venezuelização" do Brasil, importando um comportamento golpista e irresponsável, característico da grande mídia venezuelana.

Já que não conseguem derrotar Lula trabalham para criar um ambiente de enfraquecimento da autoridade e da legitimidade social e política daquela que deve ser a próxima presidente do país.

A vitória do amplo diálogo social inaugurado por Lula – um dos elementos chave do sucesso de seu governo – conta com a aversão de determinados setores da grande mídia, que perceberam a centralidade de combater o novo "pacto" social - inaugurado por Lula - em sua estratégia de derrotar o PT a qualquer custo.

À época de Goulart a deslegitimação da democracia fundava-se no argumento de que a fraqueza da democracia estava permitindo a "bolchevização" do país, através da supostas concessões que o governo Goulart fazia ao PCB.

Na época atual, os esforços em favor da mesma deslegitimação visam atingir diretamente a figura do Presidente, identificando-o com o autoritarismo, o paternalismo e o clientelismo. Um grau de irresponsabilidade só compreensível face à enormidade do preconceito que lhes move.

Uma imprensa capaz de comparar um presidente democrata e com enorme popularidade ao criador de uma das maiores tragédias do século XX só pode mesmo estar disposta a tudo para fazer prevalecer sua visão de "democracia". Estejamos atentos.

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16972

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz