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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

29.8.16

Dilma no senado: nas palavras de uma mulher, Agosto deixa de ser tragédia e vira o mês da esperança

Dilma no senado: nas palavras de uma mulher, Agosto deixa de ser tragédia e vira o mês da esperança

dilma

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Por Tadeu Porto (@tadeuporto), colunista do Cafezinho

Não consegui conter a explosão de uma lâmina d'água sobre meus olhos quando a presidenta Dilma mencionou, em seu discurso, o ataque a autoestima dos brasileiros e brasileiras que o governo usurpador quer implicar com uma pauta derrotada e injusta para aqueles que mais precisam.

Mas, a despeito das minhas lágrimas praticamente sincronizadas com a da presidenta, não foi a tristeza que me dominou durante todo o discurso dela, muito pelo contrário, foi um sentimento de inspiração e, sobretudo, de esperança acerca da difícil luta que iremos travar com a fina-flor do conservadorismo nacional.

A inspiração que encontrei está, justamente, na firmeza e na força das palavras da presidenta eleita, principalmente no que tange ao endurecimento - sem perder a ternura ou a razão - com que ela desenhou, para todo o país, que está sofrendo um golpe de Estado. Ademais, há de se destacar que Dilma apontou o dedo de maneira muito clara para os principais inimigos do povo e da democracia: a elite política e econômica, o parlamento capitaneado por um chantageador e a mídia hegemônica que bancou a atmosfera pessimista que culminou na tentativa de golpe.

Portando, ao indicar os antagonistas históricos que tentam destruir, não só a democracia mas também o pouco que avançamos nas política sociais, Dilma praticamente chamou a luta todos brasileiros e brasileiras que não compactuam com uma agenda aristocrata de retirada de direitos básicos (como a CLT e a previdência), liberdade de expressão popular e recursos essenciais para o avanço do combate a desigualdade social.

As palavras de Rousseff foram, nesse sentido, combustível importante e necessário para alimentar a chama da resistência (e quiçá da revolução, não custa nada sonhar) que será primordial na longa batalha que travaremos contra a plutocracia nacional por uma justa divisão de bens e riquezas no país.

Além disso, não posso deixar aqui de destacar a importância desse discurso histórico ter saído dos lábios - e do coração - de uma mulher, a primeira chefe de executivo da história do Brasil.

Sei que é complicado um homem escrever sobre a luta das mulheres, afinal nasci do lado opressor e ainda vivo dessa maneira mesmo tentando melhorar a cada dia, mas não posso deixar passar o simbolismo que representa a superação de Dilma vir, justamente, no mês que expressa tragédias históricas nacionais.

Vejam bem: tanto o suicídio de Getúlio quanto a renúncia de Jânio e a morte de JK, que marcaram para sempre a má fama do mês oito no Brasil, possuem uma característica comum: foram protagonizadas por homens. Portanto, é fascinante - e eu diria até poético - que agosto renasça como o mês da esperança graças ao forte e emocionante discurso de uma mulher sendo injustamente atacada por um golpe misógino, que fez culminar um executivo de traidores exclusivamente masculino.

E olha, só tenho a agradecer a Dilminha pela marca histórica alcançada, por pelo menos dois motivos: primeiro por que eu nasci em agosto e nunca gostei da fama azarada que o mês tem, pois apesar de ser agnóstico sou estranhamente supersticioso (a ponto de ter crescido com raiva do desenho "Ursinhos Carinhosos" pois o leão, meu signo, era muito covarde) e em segundo pois 2016 é o ano no qual nasceu minha filha e vou poder mostrar a ela, minha primogênita, tanto o discurso da presidenta quanto meu texto, evidenciando que papai sempre estava do lado certo da história: que lutou pela democracia e contra a elite golpista e conservadora que não aceitou perder a quarta eleição seguida.

A farsa do impeachment está chegando ao fim e o tempo sombrio para todos cidadãos e cidadãs brasileiras não acontecerá sem luta e resistência. Sendo assim, esse golpe pode até sair, mas a partir do primeiro dia vamos vender cara essa traição, insipirados nas belas palavras da presidenta.

Portanto, parabéns Dilma! Afinal, no discurso e nas respostas, na postura e na honestidade, na coragem e na temperança você lacrou, querida!

E pode ter certeza que não terá sido em vão. 


Tadeu Porto é pai da Valentina e Diretor do Sindicato dos Petroleiros do Norte Fluminense


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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz