Um Genocídio em Gaza
O absurdo do que está ocorrendo em Gaza não tem fim. Sim, aquele povo que faz questão de lembrar à toda a humanidade o seu sofrimento no holocausto nazista, pratica à dezoito dias, um genocídio cruel contra um povo indefeso. O governo de Israel não enfrenta o governo do Hamas ou da OLP. Ataca o povo, cidadãos desarmados, indefesos, encurralados. E tudo em nome da legítima defesa, que ironia. O mesmo argumento que os EUA utilizaram para invadir o Afeganistão, o Iraque e quase conseguiram invadir a Síria. É uma ferida que sangra no peito da humanidade. Tudo assistido pelos telejornais como se fosse mais uma notícia fútil. Os governos ditos democráticos, dentre eles o próprio governo brasileiro, se limitam a pedir explicações aos embaixadores israelenses. Uma diplomacia ineficaz frente as mortes diárias de crianças, mulheres, idosos e jovens.
O que fez o povo palestino para ser tratado desta forma? O ódio contra o ocidente será perpetuado por quantas gerações depois destes sessenta anos de escravidão, isolamento e dor?
Me pergunto porque não estão sendo organizadas missões diplomáticas de líderes mundiais se dirigindo à Gaza a fim de servir como escudo humano contra estes assassinatos. Aliás, Cuba vive há cinquenta e cinco anos um bloqueio internacional praticado por dezena de países simplesmente porque seu povo quer decidir seu próprio destino. Cuba não praticou nenhum crime contra qualquer país vizinho. Limita-se a querer decidir sobre si mesmo. E, por isso, por ousar querer ser um estado independente e autônomo, sofre embargos e bloqueios que limitam sua qualidade de vida e seu desenvolvimento. Mas, apesar disso, exporta médicos e professores. Já Israel, desrespeita as resoluções da ONU, pratica genocídio em massa contra crianças indefesas e não recebe nenhum sanção ou reprimenda da chamada comunidade internacional. É muito difícil ficar impassível frente a tanta injustiça e crueldade. Sabe-se que a culpa não é do povo judeu mas de seus líderes. Aliás, muitos judeus e judias vieram à público criticar a ofensiva militar deste governo autoritário e desumano. Mas não é suficiente. É preciso mais. Porto Alegre, São Paulo, Rio de Janeiro e Brasília realizaram vigílias em apoio ao povo palestino. Mas é preciso mais. Os governos do Equador e Bolívia chamaram os embaixadores de Israel para pedir explicações. Mas é preciso mais. É preciso uma mobilização mundial pelo direito ao estado palestino, soberano e autônomo.
As guerras somente tem o poder de gerar mais violência. Veja-se o que está ocorrendo com o chamado grupo ISIS que foi alimentado militar e estrategicamente pelos EUA contra o governo de Bashar al-Assad. Agora, estes grupos de mercenários, voltam-se contra tudo e todos gerando maior insegurança, violência e mortes por onde passam. Por isso, a estratégia norte-americana e israelense de impor a paz pela força das armas nunca deu e nem dará certo. Por isso, infelizmente, Israel está plantando sua própria destruição. A violência provocada contra um povo indefeso tem o poder de liberar a energia de milhares de bombas atômicas que cairão sobre seu povo, lentamente, por décadas. Continuando esta política, num futuro próximo, não haverá lugar no mundo em que um judeu, mesmo que honesto e pacífico, possa viver em paz sem medo de represálias ou vingança. O governo de Israel não construirá um futuro de paz com tantas violações à dignidade humana.
A paz é uma conquista diplomática resultado de um longo processo de convencimento de que não haverá agressões, mesmo nos momentos mais agudos de divergência e conflitos. A paz precisa nascer, primeiro, no coração e nas mentes dos mais fortes. É resultado de um sentimento de solidariedade e respeito ao direito do outro. Não é uma imposição política ou militar. A paz é uma opção consciente de quem quer um outro mundo possível. Mas enquanto os seres humanos não recuperam a razão, rogo à Allah e a Yahvéh, primeiramente, e à todas as demais divindades como Vishnu o deus protetor do hinduísmo, Buda, Ogum, Oxum, Iemanjá, Isis, Kumari e até mesmo ao Deus dos cristãos para que operem suas energias contra a violência que está operando na faixa de Gaza e protejam as crianças palestinas de todo o mal.
Mauri Cruz é advogado socioambiental com especialização em direitos humanos, professor de pós graduação em direito à cidade e Mobilidade urbana, diretor regional da Abong.
http://www.sul21.com.br/jornal/um-genocidio-em-gaza/
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