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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

28.11.14

Um 2014 sofrível

28/nov/2014, 8h47min

Um 2014 sofrível

Por Paulo Muzell

Se 2013 já fora um ano ruim, 2014 está sendo pior. Fortunati promete muito e faz muito pouco, quase nada. Todos os anos a maioria dos principais obras e projetos anunciados não são sequer iniciados. As obras iniciadas, por sua vez, andam a passos de tartaruga. Repetiu-se em 2014 o que já ocorrera em anos anteriores: anuncia-se um fantástico programa de investimentos que não são realizados.

Ano passado, a Prefeitura programou no seu orçamento destinar 986 milhões para aquisição de equipamento e obras; aplicou apenas 36% do previsto. Este ano, final do décimo primeiro mês, a previsão era investir 1 bilhão e 38 milhões e só foram gastos em obras e equipamentos 267 milhões de reais, 25,7% do previsto. Fortunati vai fechar o ano de 2014 realizando menos de um terço das obras programadas. Vamos convir: é muito pouco.

Já na metade do seu segundo período de governo a cidade tem um trânsito cada vez mais caótico, um sistema de sinaleiras precário, um  transporte público por ônibus caro e ineficiente. O metrô não tem sequer o projeto de engenharia final concluído, não há data marcada para o início das obras. O BRT –"Bus Rapid Transit" – está praticamente paralisado. Acumula atrasos e mais atrasos. O orçamento deste ano previa investimentos de 74,8 milhões e foram aplicados apenas 5,2 milhões, 7% do previsto.

Na área da saúde os investimentos programados mais uma vez não "saíram do papel". As obras e o reequipamento da rede de atenção básica, em melhorias no Pronto Socorro e do Hospital Presidente Vargas mais uma vez não aconteceram. Dos 76,1 milhões de investimentos previstos, até este final de novembro foram aplicados 4 milhões, ou seja 5,2%.

Na educação, o Mais Escolas no ensino fundamental e no infantil previa obras no montante de 53,2 milhões; só foram efetivamente gastos 10,9 milhões, 20% do orçado.

As grandes obras viárias registram inexplicável atraso. A previsão era estarem concluídas para a COPA. Já os otimistas argumentam que a meta poderá ser atingida: 2018 está distante.  Na duplicação da Voluntários da Pátria era previsto gastar 31,4 milhões e foram investidos 1,6 milhões (5%). Na implantação da avenida Tronco, previsão de 77,3 milhões, aplicados apenas 8 milhões. No prolongamento da Severo Dullius autorizados recursos no montante de 42 milhões, investimento ZERO. 2014 é o quinto ano que esta obra consta na lei do orçamento e mais uma vez não foi iniciada.

Na SMAM – aquela secretaria marcada pelo episódio do ex-secretário Luiz Fernando Záchia saindo de camburão, conduzido pela Polícia Federal – o projeto da Orla do Guaíba mais uma vez foi adiado. Previsão de recursos que deveriam ser aplicados: 67,4 milhões, investimento ZERO.

No DEMHAB, no projeto Intervenções de Urbanização na Entrada da Cidade foi programado aplicar 16,6 milhões, gastos apenas 1 milhão (6%). Já no Minha Casa, Minha Vida o previsto era destinar 14,1 milhões e foram aplicados apenas 2,6 milhões (18%).

Na área de assistência social a previsão da FASC era investir 6,9 milhões e foram efetivamente aplicados apenas 409 mil reais, 6%.

A relação governo Fortunati-municipários que já era ruim, piorou. Desde 2005 os governos Fogaça-Fortunati vêm adotando uma política salarial equivocada, que concede polpudos aumentos para uma minoria (10% do topo da pirâmide salarial) e arrocha os salários da maioria que sequer teve reconhecida suas perdas passadas. A criação de um plano de saúde para os servidores, decorridos dez anos, ficou na promessa. E ainda paira a ameaça de redução salarial decorrente de uma ação do Ministério Público que contesta a existência do "efeito cascata" na folha salarial dos municipários. O problema se arrasta há anos e Fortunati até agora não encaminhou uma solução.

Fortunati teve apenas uma pequena vitória neste ano que se encerra. Uma espécie de prêmio consolação. Conseguiu eleger deputada estadual sua cara-metade, a primeira dama Regina Becker Fortunati. É verdade que pagou um preço muito alto. Teve que criar uma secretaria municipal para ela, a SEDA – Secretaria Especial dos Direitos Animais, que este ano tem um orçamento com previsão de gasto de 8,5 milhões de reais. Nomeando-a secretária teve que amargar uma ação com base na lei anti nepotismo, movida pelo Ministério Público Estadual. E mais, Regina Becker teve, de longe, a campanha mais cara dentre os deputados estaduais eleitos: 1 milhão, 420 mil reais. E um gasto por voto que correspondeu três vezes e meia a média dos colegas eleitos, 30,36 reais por voto.

Paulo Muzell é economista


http://www.sul21.com.br/jornal/um-2014-sofrivel/


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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz