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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

7.6.13

Barão de Itararé - "Não há democracia sem democratização da mídia", afirmam debatedores

"Não há democracia sem democratização da mídia", afirmam debatedores

Criado em .

A importância da regulação da mídia para a consolidação da democracia no Brasil e o Projeto de Lei de Iniciativa Popular da Mídia Democrática foram tema de debate nesta quinta-feira (6). A atividade, que marcou o lançamento do núcleo do Centro de Estudos Barão de Itararé em São Paulo, contou com a participação dos jornalistas Mauro Santayana e Raimundo Pereira, dos professores Dennis de Oliveira e Laurindo Leal Filho, e de Renata Mielli, secretária-geral do Barão de Itararé e integrante da Executiva do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC).

Foto: Felipe Bianchi/Barão de ItararéSantayana apontou a crise do jornalismo na era da Internet e o monopólio do capital financeiro sobre os meios de comunicação como duas principais frentes para se discutir o tema. “Além dos desafios colocados pela Internet e a tecnologia, o jornalismo ainda enfrenta a questão do monopólio neoliberal sobre os meios”, afirma. Ele ressalta que “comunicação é poder” e “poder se combate com contrapoder”, reforçando seu argumento de que é preciso organização política para reverter o quadro.

Por sua vez, Raimundo Pereira utilizou acontecimentos recentes para exemplificar o poder que a mídia exerce no país. “Não apenas a questão do mensalão, na qual o papel da mídia foi decisivo, mas também o esquema entre a revista Veja, Policarpo e o contraventor Carlinhos Cachoeira mostram que há muitos interesses escusos em jogo”, diz.

O professor Dennis de Oliveira traçou um breve panorama sobre a situação diagnosticada pelos dois jornalistas: “O monopólio midiático se desenvolveu fortemente na década de 1980, a partir de uma concentração brutal dos veículos de comunicação”. Em sua avaliação, o enviesamento ideológico dos grandes grupos midiáticos é gritante, levando à urgência em se regular o setor. “No geral, a grande mídia é preconceituosa, excludente e antidemocrática”.

Como contraponto, Oliveira considera que as transformações trazidas pela Internet ao mundo da comunicação são responsáveis pela crise do poder midiático. “A apropriação da tecnologia pelos movimentos sociais e por indivíduos em geral resultou no empoderamento de redes alternativas de comunicação e cultura, o que é uma ameaça para o poder estabelecido no setor”.

Tanto Oliveira quanto o Laurindo Leal Filho, o Lalo, opinam que não há possibilidade de se construir e aprofundar a democracia sem democratizar a comunicação. Lalo avalia que, apesar de não ter dado resultados concretos, a luta pela democratização do setor tem avançado no país e sua máxima expressão é o Projeto de Lei da Mídia Democrática, lançado pela campanha Para Expressar a Liberdade.

“O movimento no Brasil vem desde a época da ditadura, passando pela forte atuação nos anos 80. Desde 1988, ano em que foi promulgada a Constituição Federal vigente até hoje, foram criados 19 projetos de lei que tentavam, ao menos, regulamentar os artigos constitucionais que diziam respeito à mídia”, comenta.

Lalo chama a atenção para a dificuldade de enfrentar e aprofundar o debate sobre o tema no país: “Para se ter ideia, a única comissão temática para a Constituição de 1988 que não teve acordo foi a de comunicação, tal a disputa de poder entre os que queriam democratizar o setor e os que desejavam manter o mesmo estado de coisas do período da ditadura”.

Citando o atraso brasileiro em relação aos exemplos de Venezuela, Equador, Uruguai e o emblemático caso da Argentina, cuja Lei de Meios teve apoio popular massivo, Lalo avalia que o Projeto de Lei da Mídia Democrática sintetiza os pontos-chave para democratizar a mídia no país. “O projeto regula os artigos constitucionais e os complementa de forma a garantir diversidade, pluralidade e combater o monopólio, resultando em uma legislação bastante positiva para a democracia”.

Mobilização social e pressão ao governo

Integrante da equipe que elaborou o Projeto de Lei da Mídia Democrática, Renata Mielli argumenta que o texto busca tanto dar conta de uma legislação ultrapassada quanto olhar para a questão da convergência tecnológica. “A ideia é ampliar a liberdade de expressão e promover a diversidade e pluralidade de ideias na comunicação brasileira”, diz.

Em sua visão, o debate sobre o tema tem sido constantemente interditado no Brasil. “Frente à postura inerte do Ministério das Comunicações”, conta, “a Campanha Para Expressar a Liberdade pensou: o movimento social cumprirá seu papel e lançará o Projeto de Iniciativa popular”.

Mielli expôs os principais objetivos e princípios do Projeto, que precisa de 1,3 milhão de assinaturas para chegar ao Congresso. Dentre outros, ela destacou o combate ao monopólio no setor, a complementaridade entre sistemas público, privado e estatal, a ampliação da liberdade de expressão e opinião e a promoção da diversidade regional e da cultura nacional.

“A intenção do Projeto não é calar ninguém, mas, pelo contrário, multiplicar as vozes presentes na mídia brasileira. Que existam canais de outros grupos econômicos, mas que também existam canais públicos, comunitários e alternativos, que enriqueçam o debate a partir do contraponto”, opina.

O Projeto, sublinha Mielli, é uma oportunidade de mobilizar os movimentos sociais, debater com a sociedade e mostrar para o governo de que discutir democratização da mídia não é um "bicho de sete cabeças": “A Iniciativa Popular é um instrumento de articulação do movimento social, de mobilização da sociedade e, sobretudo, de pressão ao governo”.

Por Felipe Bianchi, para o Barão de Itararé


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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz