REAÇÃO
Reação a 'ascensão fascista' une entidades e partidos de esquerda
Manifestação na Paulista foi muito pouco pacífica e foi repleta de episódios violentos e de intolerância
São Paulo – Pelo menos duas reuniões entre grupos de esquerda serão feitas hoje (21) em São Paulo. Na pauta, o combate à "ascensão de ideias fascistas" manifestadas nos últimos atos de rua na cidade. Na noite de ontem, militantes de partidos e entidades como o PT e a Uneafro foram hostilizados e tiveram as bandeiras de suas agremiações queimadas por manifestantes que se diziam contra a existência de partidos, contra o governo de modo geral, mas não se identificavam com os ideais anarquistas. Os gritos de "sem partido" foram ouvidos pela primeira vez na manifestação de segunda-feira (17), quando mais de 100 mil pessoas lotaram diversas vias da cidade.
O poeta Sérgio Vaz convidou participante de saraus, do movimento Hip Hop e o Mães de Maio, entre outros, para discutir os impactos para a periferia. "Sempre que as coisas pioram, a periferia é a primeira a ser prejudicada. Por isso, vamos conversar para entender o que está acontecendo. Saímos à rua contra a tarifa do ônibus, não pra levantar bandeira de 'Fora Dilma'", afirmou.
"Esse primeiro bate-papo é pra ouvir o que as pessoas estão pensando. O Brasil demorou muito para chegar onde chegamos e agora não podemos deixar ninguém se aproveitar. É como se fizéssemos um aniversário e chamássemos o inimigo para cantar o parabéns", define Vaz.
O coordenador da Uneafro, Douglas Belchior, irá se reunir com lideranças de partido e entidades de esquerda. "Precisamos conversar e estar juntos", acredita. A reunião de hoje será uma continuidade de outra ocorrida na semana passada, quando ficou definido que os partidos e entidades iriam se reunir em um único bloco para participarem juntas do ato de ontem, quebrando pela primeira vez em muito tempo a tradicional fragmentação da esquerda.
Luiz Gonzaga da Silva, o Gegê, do Movimento de Moradia da Região Centro acredita que "Cabe a esquerda fazer uma só analise". "Não é o momento da divisão. É hora de evitar o que existe de pior na face da terra, pior é o fascismo".
Gegê acredita que o Movimento Passe Livre, que convocou os primeiros atos com o objetivo de reduzir a tarifa de transporte público na cidade, perdeu o controle da situação já no segundo ato. "De lá para cá foi só desordem. E de lá pra cá nos estamos assistindo o fascismo ocupando os espaços em nível nacional. A história do vandalismo é para justificar a ação fascista. Sem sombra de dúvida", acredita. "Ontem, eram estritamente ações antidemocráticas por parte do fascistas. Cabe a esquerda repensar suas demandas individuais e fazer uma só análise".
O MPL afirmou se tratar de um movimento social "apartidário, mas não antipartidário" e repudiou as ações contra as siglas, do mesmo modo que repudia a violência policial.
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