Páginas

pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

22.7.14

Encontro com Demétrio Xavier


"Nada será superior ao destino do canto. Nenhuma força abaterá teus sonhos, porque eles se nutrem com sua própria luz. Alimentam-se de sua própria paixão. Renascem a cada dia, para ser. Sim, a terra marca seus eleitos. A alma da terra, como uma sombra, segue os seres indicados para traduzi-la na esperança, na dor, na solidão. Se tu és o eleito, se escutaste o chamado da terra, se compreendes sua sombra, te espera uma tremenda responsabilidade. Pode perseguir-te a adversidade, acossar-te o mal físico, empobrecer-te o meio, desconhecer-te o mundo, podem burlar-se e negar-te os demais, mas é inútil, nada apagará a luz de tua tocha, porque não é só tua. É da terra que te marcou. E te marcou para teu sacrifício, não para tua vaidade."

Assim definiu Atahualpa Yupanqui o destino do canto. Não foi outro o caminho que esse argentino percorreu ao longo de quase todo o século XX, por todo o mundo, cumprindo a antiga consigna inca Runa Allpa Kamaska ("o homem é terra que anda").

Atahualpa Yupanqui, nome escolhido ainda na adolescência pelo escritor, músico e compositor, significa, em quíchua, "o filho da terra que veio de longe para narrar". É no canto que ele – marcado que foi pela terra – nos oferwece o melhor de sua narrativa.

Demétrio Xavier traz um apanhado desse canto, a partir de três eixos fundamentais da obra de Yupanqui: o Caminho, o Silêncio e a Guitarra, através da audição de canções clássicas do autor – conhecidas em interpretações como as de Mercedes Sosa – e de temas pouco difundidos, num repertório composto ao longo de seis décadas, período em que Atahualpa provocou o interesse mundial pela profundidade minimalista de sua criação. Trata-se de um cancioneiro que se apresenta com a simplicidade do folclore, mas alcança uma amplitude universal; ora questionador, ora em forma de sentenças, às vezes beirando matizes místicos e temas cósmicos, mas sem perder a raiz humana, social e popular.

Demétrio Xavier é um músico porto-alegrense, especializado na música crioula do Uruguai e da Argentina. Atuando no Rio Grande do Sul e nos dois países platinos, enfatiza sua pesquisa na obra do argentino Atahualpa Yupanqui, tendo traduzido e gravado, em versão bilíngue, seu poema maior, "O pajador perseguido". Venceu a 36ª Califórnia da Canção Nativa, com uma poesia musicada por Marco Aurélio Vasconcellos, "A sanga do Pedro Lira". Formado em Ciências Sociais pela UFRGS, Demétrio conduz na FM Cultura de Porto Alegre o programa Cantos do Sul da Terra, dedicado à música e à literatura do sul do continente e indicado em 2012 ao Prêmio Press.

Para incrição, cadastre-se no site e clique em "Agendamento"

Data: 28 de julho
Horário: 19h
Local: Sala Fahrion (2º andar da Reitoria da UFRGS)
Inscrição: cadastre-se no site e clique em "Agendamento"


http://www.difusaocultural.ufrgs.br/projeto.php?id=62

Nenhum comentário:


Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz