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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

10.7.14

Caxias do Sul conta com apoio da comunidade para acolher 200 imigrantes ganeses à procura de trabalho « Sul 21

09/jul/2014, 19h00min

Caxias do Sul conta com apoio da comunidade para acolher 200 imigrantes ganeses à procura de trabalho

Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Caxias auxilia os ganeses a encaminhar documentos | Foto: Rafael Lopes/ Câmara de Vereadores de Caxias do Sul

Débora Fogliatto

Desde a última quarta-feira (2), 200 ganeses chegaram à cidade de Caxias do Sul, na serra gaúcha. Eles vieram ao Brasil durante a Copa do Mundo com visto de turistas, em sua maioria a partir de São Paulo, mas rumaram para o sul do país em busca de permanência.

Agora, a Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores da cidade, o Centro de Atendimento ao Migrante (CAM) e a Fundação de Assistência Social (FAS) buscam alternativas e soluções para dar assistência aos imigrantes.

Caxias já abriga cerca de três mil imigrantes senegaleses e haitianos que chegaram nos últimos dois anos em busca de emprego em fábricas e frigoríficos. Dentre os ganeses, no entanto, nem todos estão permanecendo na cidade, segundo a vereadora Denise Pessôa (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, que tem buscado ajudar os imigrantes africanos. “A situação só não é mais complicada em função de que muitos vão na Polícia Federal e partem para outras cidades”, explica. Denise afirma que há um fluxo de pelo menos 80 imigrantes constantemente na cidade.

A oferta de emprego na cidade já não é tão grande quanto era há dois anos, quando os senegaleses começaram a chegar, esclarece a Maria do Carmo Gonçalves, coordenadora do CAM. “Disseram para eles que aqui no sul tem muito trabalho. O movimento é parecido com o dos senegaleses. Eles não estão necessariamente ficando aqui em Caxias, tem oferta de trabalho em outras cidades do estado e em Santa Catarina, muitos vão na corrente do trabalho”, contou.

Diferentemente dos senegaleses, que não se encaixavam como refugiados e precisaram esperar por um visto de permanência diferenciado para sua situação, os ganeses em geral conseguem refúgio. Além disso, outra vantagem para os ganeses é o fato de eles terem entrado no Brasil de forma regular, como turistas, e não irregularmente como os senegaleses.

“Além da questão econômica, em Gana existem conflitos. Estamos tentando entender um pouco mais qual a situação do país, mas é bem difícil a situação das pessoas porque não só migraram, mas também estão em busca de sobrevivência”, disse Maria do Carmo.

A diretora de Proteção Social Básica da FAS, Alda Lundgren, relata que empresários de Erechim e Guaporé já entraram em contato com a prefeitura a respeito dos imigrantes, para tratar de vagas de emprego. De acordo com Denise, Criciúma, em Santa Catarina, também teria recebido um grande número de imigrantes ganeses.

Dificuldade nas estruturas

Desde a chegada dos senegaleses, já se percebia que as estruturas de Caxias não tinham condições para receber o fluxo migratório. O fato de os imigrantes de Gana terem chegado no inverno também dificulta a situação, pois nesse período os albergues da cidade estão mais cheios. De acordo com Alda, havia apenas quatro vagas em albergues na cidade quando os ganeses começaram a chegar.

Para Denise Pessôa, no entanto, a Prefeitura poderia oferecer mais auxílio aos recém-chegados. “Compreendemos que albergues municipais não comportem demanda enorme. Mas cobramos da prefeitura contatos com o governo estadual para buscar serviços apropriados para essa situação”, pondera a vereadora.

Vereadora Denise Pessôa procura ajudar a comunidade que chega à cidade | Foto: Arquivo Câmara de Caxias

Ela lembra que a cidade historicamente sempre teve migrações e aponta que o fluxo deve continuar acontecendo enquanto Caxias estiver passando por um bom período econômico. “Queremos garantir o mínimo de segurança. Se hoje a gente não resolve mais fazer os formulários e não arruma lugar, vamos ter 200 pessoas na rua em um dia”, observa.

Para a diretora de Proteção Social Básica da FAS, no entanto, a cidade não tem vagas de emprego suficiente para comportar a demanda de imigrantes. “Estamos passando por uma recessão também, muita gente está desempregada. Firmas estão passando por processo de recessão e com a Copa não está admitindo ninguém. As indústrias que precisam de mão de obra são mais especializadas, o trabalhador tem que ter especialização e muitos não têm nenhuma”, explica.

Ela afirma que a FAS está fazendo o possível, mas explica que a situação é “muito difícil” para a prefeitura. “Caxias é uma cidade bem populosa, temos 500 mil habitantes e todas as demandas que uma cidade grande tem. Não existe município que poderia estar aguardando a chegada de 200 pessoas. Só ontem chegaram 70, com a roupa do corpo neste frio que está aqui”, disse.

Muitos dos imigrantes estão dormindo em uma estrutura conseguida pela Igreja Católica, da qual o CAM faz parte. “Mas estamos trabalhando de forma precária. A Igreja Católica conseguiu ginásio para eles, mas a cidade é fria. Eles têm dormido de forma precária”, narrou Denise. Até agora, a FAS não tem informações de que eles estejam sendo encaminhados por algum grupo específico que agiria como uma espécie de “coiote”.

Voluntários e doações

Vereadores contam com o apoio de voluntários para encaminhar documentos | Foto: Rafael Lopes/ Câmara de Vereadores de Caxias do Sul

A Prefeitura doou 180 kg de comida à comunidade ganesa na última sexta-feira (4), mas os imigrantes ainda precisam principalmente de colchões e cobertores para enfrentar o frio que atinge o município. A FAS, o CAM e a Comissão de Direitos Humanos também apelam à população por doações de toalhas de banho, produtos de higiene pessoal e roupas para o frio.

Para realizar o preenchimento dos formulários requisitados pela Polícia Federal, voluntários estão ajudando na tradução. Em Gana, a língua oficial é o inglês, e os imigrantes que chegaram em Caxias não falam português. “Estamos fazendo campanhas e todo mundo está ajudando. Mas precisamos de pessoas tradutoras porque eles respondem questionário de seis folhas da Polícia Federal e precisamos traduzir tudo, é muito complicado”, explica Alda.

Embora a Polícia agora realize o encaminhamento dos documentos de forma mais ágil do que há dois anos, quando os senegaleses começaram a chegar, o processo ainda demora, assim como a emissão da carteira de trabalho feita pelo Ministério do Trabalho. “Muitas pessoas são solidárias. Graças à esta solidariedade  que a gente tem conseguido andar e fazer que as pessoas se encaminhem e consigam seguir suas vidas”, explica Denise.

Quem estiver disposto a doar ou ajudar os ganeses em Caxias pode entrar em contato a partir dos telefones: (54) 3218.1613 (Comissão de Direitos Humanos), 3227.1459 (Centro de Atendimento ao Migrante), 8404.9876 e 9146.3000 (FAS)

Gana

Localizado na África Ocidental, Gana é um país de 24 milhões de habitantes. O país foi o primeiro a alcançar a independência do imperialismo europeu, saindo do controle britânico em 1957. Há cerca de 52 etnias em Gana, mas a nação não passou por grandes conflitos étnicos ou guerras civis. A maior parte da população é cristã, embora haja uma minoria muçulmana e que segue religiões nativas.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz