Plebiscito Popular pela Reforma Política terá grande apoio popular, prevê presidente da CUT
Caio Venâncio
Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST), Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLo), Marcha Mundial de Mulheres (MMM), Central Única dos Trabalhadores (CUT), entre outros. A lista de organizações e movimentos sociais que estão organizando e incentivando a adesão ao "Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político", que vai acontecer entre 1º e 7 de setembro, é extensa e possui mais de uma centena de participantes apenas no Rio Grande do Sul, além do apoio de partidos como o PT, PSOL e PCdoB. No estado, o presidente da CUT-RS, Claudir Nespolo, é um dos que lidera a campanha que pretende destravar esta antiga reivindicação popular no Congresso Nacional.
Conforme o dirigente sindical, o objetivo do plebiscito é acumular forças "de baixo para cima" para fazer com que a proposta da reforma política saia das gavetas do Congresso Nacional. No ano passado, em meio às Jornadas de Junho, a presidente Dilma Rousseff encaminhou alguns projetos de lei que procuravam dar vazão ao clamor popular, entre eles uma proposta de mudanças significativas no sistema político. No entanto, a ideia não durou sequer 24 horas e foi retirada por pressão de diferentes partidos. "Em junho, as reivindicações eram muito difusas. Agora, estamos com um único foco. Essa proposta, no fundo, é mais do que uma reforma partidário-eleitoral, é aprofundamento da democracia direta", afirmou.
Para Claudir, existe um descompasso entre a atual composição do Congresso Nacional e o perfil da população brasileira. Negros e mulheres, por exemplo, têm baixa representação na Câmara e no Senado, ainda que sejam a maioria dos cidadãos do país. "A cada eleição parece que cai o nível dos nossos representantes. Cada vez mais, são aqueles que têm dinheiro pra gastar na campanha, por isso temos tantos fazendeiros e empresários lá em Brasília, daí a política vira um negócio", explicou.
No Plebiscito, aqueles que votarão, que o presidente da CUT-RS estima entre 12 e 14 milhões por todo o Brasil, responderão "Sim" ou "Não" à pergunta: "Você é a favor de uma constituinte exclusiva e soberana sobre o sistema político?". O questionamento diz respeito apenas ao desejo de uma eleição para representantes, que já deve ocorrer sob novas regras eleitorais, que ficarão encarregados de elaborar uma proposta de novo sistema político. Ou seja, o Plebiscito não vai determinar qual vai ser este novo sistema político.
"O debate sobre qual reforma política queremos está sendo feito nos comitês, que estão nas fábricas, sindicatos, escolas, universidades. Mas é um diálogo amplo, tem gente que está entusiasmando o Plebiscito até pra depois tentar acabar com o PT ou propor o fim da urna eletrônica, porque acha que o sistema é manipulado", citou. E já adiantou: "De qualquer forma, uma coisa é certa: esse debate não vai acabar no dia 7 de setembro, quando encerram as votações".
Para ele, as reações de setores conservadores, que veem em propostas como essa "medidas bolivarianas" ou o "retorno dos sovietes", é natural. "A direita sabe quem vai ganhar com Plebiscito Popular pela Reforma Política, por isso é contra. A participação popular vai além do nosso modelo de Estado burguês, por isso gera essas reações, afinal, do jeito que estamos, a elite ganha dinheiro tanto com a ditadura como com esta democracia", sustenta.
Na história recente, outros plebiscitos populares foram realizados pelos movimentos sociais, como o que se opunha à criação da Aliança de Livre Comércio das Américas (ALCA) e um que era contrário à venda da Companhia Vale do Rio Doce. Para Claudir, em comparação aos anteriores, a votação pela Reforma Política tem maior apelo popular. "Pesquisamos sobre a aceitação deste tema e ele está no dia a dia das pessoas, elas entendem facilmente, diferente daquela proposta da ALCA, que não era tão fácil assim de explicar pra todo mundo o que era essa tal ALCA e o porquê de ser contra", lembra. A votação vai acontecer na Semana da Pátria, em meio à campanha eleitoral, mas o sindicalista acredita que isso vai até favorecer a iniciativa, já que é o momento em que a maioria da população está mais disposta a discutir Política.
Questionado sobre as críticas de setores da extrema esquerda de que o Plebiscito atenderia aos interesses do governo federal, Claudir argumentou que, entre o magistério estadual, 86% da categoria considerou a proposta interessante. "PT é PT, movimento social é movimento social. Esta proposta, ao contrário do que a esquerdinha fala, está até desgastando a relação do PT com sua base aliada, já que partidos como o PMDB, o PTB e o PP não querem que isso ocorra. Em resumo, a esquerda que não está participando desse processo está fazendo o jogo da direita. Respeito estes setores, mas eles não conseguem passar da reflexão pra ação, não consegue nem lotar um ônibus", definiu.
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