17/jul/2014, 15h10min
A copa, o BRICS e a campanha
Antônio Escosteguy Castro*
Ainda não fez uma semana do fim da Copa do Mundo, sendo impossível, portanto, ignorar o tema. Mas, na verdade, a reunião do BRICS, em Fortaleza, seguida de uma cúpula destas cinco potências econômicas com a UNASUL, em particular com a endividada Argentina, já trouxe importantes desdobramentos políticos.
Por mais esforços em contrário que façam a Oposição e os jornalões, não há como negar o estrondoso sucesso da Copa do Mundo. Tudo funcionou a contento e o povo brasileiro foi, de fato, um anfitrião exemplar. O resultado da Copa foi por o vira-latas no quintal. O mundo inteiro se rendeu à capacidade brasileira de organizar o evento. 83% dos estrangeiros aprovaram plenamente a Copa. 95% do milhão de turistas dizem querer voltar e foram vários os veículos da mídia internacional que classificaram Brasil 2014 como a Copa dos Copas.
Mas a final do Maracanã nem tinha esfriado e o Governo Dilma enfileirava uma segunda agenda positiva, em perfeita sintonia com o sucesso da Copa. A reunião do BRICS, em Fortaleza, que anunciou a criação de um Banco com 150 bilhões de dólares de capital (bem como um Arranjo Contingente de Reservas, que assegura estabilidade no balanço de pagamentos de seus membros), dá uma nova dimensão ao conceito da multipolaridade e põe as potências emergentes num outro patamar. Não é o enfrentamento ao FMI, como buscam distorcer alguns comentaristas dos jornalões (provavelmente para fixar uma imagem "conflitiva" na Presidenta), mas a autonomia de cinco grandes economias ao poder de mando das potências centrais. Ao reunir o BRICS com a UNASUL e expressar sua solidariedade com a disputa da Argentina sobre a dívida com os Fundos Abutres, Dilma ainda agregou um elemento político de liderança regional até então ausente das reuniões ente Brasil, China, Índia, Rússia e Africa do Sul.
Seguindo a uma Copa do Mundo bem organizada, esta cúpula internacional consolida a projeção do Brasil como uma potência influente em todo o Hemisfério Sul e fixa, internamente, a imagem de um pais que agora faz diferença no cenário diplomático. A pauta internacional ainda não é um tema de peso em nossas campanhas eleitorais, todavia centradas em questões domésticas, mas a combinação Copa/liderança internacional é um forte fator de elevação de autoestima, que certamente terá consequências na disputa das urnas.
A campanha eleitoral ainda não começou de fato. Mas este período de pré-campanha, correspondente à Copa do Mundo, fora imaginado pela Oposição, sob a batuta de nossa grande mídia, como um período de intenso desgaste para o Governo Dilma, que seria responsabilizado, cotidianamente, durante mais de um mês, por todas as mazelas que certamente se dariam com a péssima organização do evento. O sucesso da Copa e, de imediato, a consolidação de um palco maiúsculo na política internacional, transformou o que se projetava como um inferno astral num período de afirmação do Governo Dilma.
Agora a campanha vai começar. E Dilma larga em vantagem.
*Advogadohttp://www.sul21.com.br/jornal/a-copa-o-brics-e-a-campanha/
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