O cartunista e ativista político Carlos Latuff, esteve em Caxias do Sul nesta terça, dia 29 de julho, no bate-papo "Os conflitos entre Israel e Palestina", realizado por Sindiserv, Centro de Estudos, Pesquisa e Direitos Humanos (CEPDH), da Escola Fé, Política e Trabalho.
O cartunista Carlos Latuff fez um resgate da história, destacando o vínculo religioso que está presente na Faixa de Gaza. Destacou que o acesso à informação depende da fonte escolhida pela sociedade. Latuff pontuou os estereótipos que envolvem os palestinos, estigmatizados como terroristas: "O Hamas é governo eleito e representa os palestinos: eles não são terroristas. Essa é a visão que é passada para vocês", esclareceu. Latuff contou que as organizações terroristas foram responsáveis por dizimar aldeias inteiras que não existem mais porque tudo foi destruído. Segundo ele, Israel não tem base moral para falar de terrorismo: "O Hamas virou o bode expiatório para os assassinatos que ocorreram lá".
Latuff ressaltou a Palestina é território ocupado. Assim, "para o colonizador, o colonizado é o terrorista" e "a resistência do ocupado não pode ser comparada com a violência do ocupante". Ainda, "Para justificar o terrorismo de espaço, você precisa desumanizar. É só ver os números: mais de mil mortos do lado palestino e 78 do lado israelense. Sempre se fala em direito de defesa, mas só serve para Israel. Se a gente não tiver senso crítico, a gente acaba aceitando tudo isso", afirmou.
O ativista político informou que Gaza tem restrições de gás, de energia, de água, todo tipo de restrição que se possa imaginar. Se você bloqueia um local, é preciso criar uma forma para enviar remédios, alimentos. Tudo o que entra em Gaza, precisa passar por Israel. Nada passa se Israel não permitir.
Sobre o ataque a mulheres e crianças, Latuff disse que eles atacam as crianças porque elas são o futuro: "Você sabe o que é Israel? Eles praticam uma coisa que é condenada pela ONU que é a punição coletiva. Onde tem uma casa de um manifestante, acaba com o quarteirão inteirinho. Israel faz o que quiser porque sabe que o irmão mais poderoso (os Estados Unidos) vai cuidar". Para ele, aquele conflito não é militar, mas é preciso que os dois povos convivam em paz. "Se há ataques desproporcionais, então, não é guerra: é massacre."
Para Latuff, ou os dois povos convivem no mesmo território ou o resultado é a barbárie.
No final do encontro, os participantes assinaram uma Manifesto em Solidariedade ao Povo Palestino.
Sobre Latuff
Carlos Latuff é carioca, nascido em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio de Janeiro. Pai servidor público, mãe dona de casa. Estudou até o ensino médio (antigo segundo grau) e começou a trabalhar aos 14 anos, como office-boy de um banco. Como cartunista, iniciou em uma agência de propaganda, em 1989. Daí em diante, Latuff passou a trabalhar na imprensa sindical e após assistir a um documentário sobre os zapatistas colocou seu traço a favor de diversas causas. Em 1999, visitou os territórios ocupados da Palestina e hoje tem seus desenhos reproduzidos no mundo inteiro, o que lhe causou transtornos. Detido duas vezes pela polícia carioca devido a desenhos sobre violência e corrupção policial, Latuff foi ameaçado de morte por um grupo ligado ao Likud, partido de extrema-direita israelense.
.............................................................................................................
Manifesto em Solidariedade ao povo palestino
Há mais de um mês acompanhamos indignados/as uma das maiores barbáries da nossa época: o genocídio de Israel contra o povo palestino.
Os bombardeios e a ofensiva militar em terra em Gaza, somado aos confrontos diários entre soldados, colonos e palestinos em toda Cisjordânia, demonstram a inércia da ONU e a passividade da comunidade internacional frente aos crimes que estão sendo cometidos na Terra "Santa".
Em solidariedade ao povo palestino, reiteramos as propostas do Movimento global BDS (Boicote – Desinvestimento – Sanções: http://www.mppm-palestina.org/index.php/campanha-bds/91-que-e-movimento-bds):
Que todos/as os/as cidadãos, movimentos sociais, instituições religiosas, sindicatos, mostrem sua oposição aos projetos e ataques, participando do boicote a Israel (boicote cultural, recusando participar em intercâmbios culturais, artistas e instituições culturais, e de turismo; boicote acadêmico nas instituições responsáveis por promover as teorias e os conhecimentos necessários para o prosseguimento, por Israel, das suas políticas de ocupação e discriminação; boicote desportivo; e boicote ao consumo de produtos e serviços israelitas). E, também realizar campanha pelo desinvestimento, pressionando indivíduos, instituições financeiras e empresas a abandonar os seus investimentos em Israel para reduzir os lucros da economia israelita de guerra e apartheid, demonstrando que não pactuam com a política israelita de discriminação e expulsão do povo palestino e ocupação das suas terras.
Também exigir mobilização de nossos representantes de todas as instâncias para que ajudem a acabar com este absurdo. Denunciar as repetidas violações do direito por parte de Israel e pressionar o Estado e instituições brasileiras, de todos os níveis, para aplicação de sanções militares, econômicas e diplomáticas, suspendendo relações econômicas e militares com empresas israelenses, como a Elbique, que participa diretamente da construção do Muro da Vergonha, e que também suspendam o livre comércio e acordos bilaterais com Israel, pressionando ainda para que repudiem os ataques israelenses.
PELO FIM DO GENOCÍDIO.
PALESTINA LIVRE!
TODA SOLIDARIEDADE AO POVO PALESTINO!
Caxias do Sul, 29 de julho de 2014.
Centro de Estudos, Pesquisa e Direitos Humanos – CEPDH
Escola de Formação Fé, Política e Trabalho
Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul – SINDISERV
Marcha Mundial das Mulheres – MMM / RS
Diretório Acadêmico de Jornalismo da UCS – Jornalismo Utopia
Diretório Acadêmico de História da UCS
Associação dos Moradores do Bairro Panazzolo – AMOB Panazzolo
Associação de Microcrédito, Popular e Solidário – ACREDISOL
Movimento dos Trabalhadores Desempregados – MTD
Levante Popular da Juventude
Comitê Plebiscito Popular Pelotas / RS
Comitê Plebiscito Popular Caxias do Sul / RS
Carlos Latuff
João Dorlan da Silva
Paula Grassi
Maria Fernanda Milicich Seibel
Roque Grazziotin
Caroline Dall' Agnol
Daniela Sasso
Iara Marcon
Daniel Cattaneo Pedroso
Mariane T. Ceconello
Gabriel Neves
Taís Batalha
Ezequiel M. Seibel
Vera Maria Damian
Juarez Menin
Lisiane Zago
João Seibel
Mauricio Forner
Jeferson dos Santos Gomes
Marina Milani
Germano Molardi
Márcio Cristiano da Silva
Doriana Demeda
Juliana Dalbosco
Daniel Bonatto Seco
Dyonathan Flores
Clarice de Freitas
Samuel Rettore
Natali Di Domenico
Ana Isabel Luge Oliveira
Paulo Amaro Ferreira
Denise Feldmann Flores
Milena Leal
Ivonei Lorenzi Junior
Cristiano Cardoso de Almeida
Edilia Santa Catarina Menin
Jeferson Tragansin
Marcelo Passarella da Silva
Bruno Fernandes Mendes
Sandino Rafael
João Heitor Marconato
Viviane F. Costa
Gilson Müller
Monica Montanari
Luiz Carlos Diasol
Higor Campos
Felipe da Silva Vitória
Fabíola Zeni Papini
Nicole Di Domenico
Fernanda Verona Pereira
Justina Andrighetti
Marione Inácio
Guilherme Luis da Rosa
Barbara L. Neto
Renata P. Mascarello
Maiara Cemin
Lorete Bridi
Marlene Branca Sólio
Dimas Dal Rosso
Débora Viviane Nonemacher
Leandro Kunze Bortolon
Dora Milicich
Augusto Christ Teixeira
Morgana Leorato Baldo
Jonatan Maciel Fogaça
Sandra Regina Christ
Alfredo F. Rodrigues Paim
Pâmela Cervelin Grassi
Rafael Caetano
Vitor Manoel Souza de Oliveira
Eduardo Ortiz
Liliane Viera
Nenhum comentário:
Postar um comentário