O retorno do CPERS/Sindicato ao campo popular (por Antônio Lima e Helenir Oliveira)
Em eleição histórica, maior sindicato do Rio Grande do Sul escolhe nova direção para o triênio 2014-2017
Agora é oficial. No dia 1º de Agosto de 2014 tomará posse a nova direção eleita do Centro dos Professores (e Funcionários) do Estado do Rio Grande do Sul (o Cpers/Sindicato). Sendo o Cpers o maior sindicato gaúcho, já foi considerado o 2º sindicato em educação mais representativo da América Latina; tem hoje uma base de 81.500 associados (em um quadro de 78 mil professores na ativa) e acompanha 2.574 escolas estaduais, onde se encontram mais de 1 milhão de estudantes, sendo quase 400 mil apenas do Ensino Médio. É, portanto, um sindicato fundamental não apenas para a luta nacional pela Educação, mas também para o conjunto das lutas da classe trabalhadora brasileira.
O campo vitorioso nesta eleição foi constituído por uma aliança histórica na categoria, unificando um amplo conjunto de educadores descontentes com a linha de isolamento político e afastamento (prático e simbólico) da base adotada pelas últimas gestões do Cpers (hegemonizadas pela Conlutas) e sua conseqüente dificuldade em buscar conquistas mínimas para a categoria e, tampouco, fazer os debates mais profundos que a Educação exige. Por conta disso, mais de 5 mil sócios desfiliaram-se do Cpers nos últimos anos e realizaram-se, recentemente, as greves mais frágeis e esvaziadas da história do sindicato.
Buscando reverter este quadro, unificaram-se neste campo de oposição, o Cpers Unido e Forte, um conjunto de professores ligados a movimentos sociais e que constroem o campo dos Educadores do Projeto Popular, com professores comunistas, trabalhistas, socialistas, além de todas as correntes petistas e um conjunto de professores independentes, algo inédito na história do Cpers/Sindicato. Além disso, uniram-se também outras 3 centrais sindicais (CUT, CTB e CGTB), visando retirar o Cpers do isolamento colocado nos últimos anos. O ponto de unidade entre todas estas posições políticas foi justamente o programa deste campo, construído no intuito de se retomar: o trabalho de base e a participação massiva da categoria na definição dos rumos do sindicato; as negociações propriamente sindicais (para retomar as conquistas materiais necessárias à categoria e abandonadas nos últimos anos); a defesa da Reforma Política através de uma Constituinte Exclusiva e Soberana (pauta negada pela atual direção); bem como retomar os debates de fundo sobre a Educação (prática histórica do Cpers/Sindicato, também abandonada no último período).
Outros aspecto histórico em jogo nesta eleição era a proposta de desfiliação do Cpers da Central Única dos Trabalhadores, defendida pela direção derrotada. Tal visão não apenas levaria o Cpers a um isolamento no âmbito do RS, como a um isolamento ainda maior em nível nacional, uma vez que a entidade nacional dos trabalhadores em educação, a CNTE (onde encontram-se filiadas 27 entidades estaduais), também é filiada a Central Única dos Trabalhadores. Felizmente, a categoria percebeu que este debate era um desvio de suas pautas realmente significativas, e optou por um caminho de unidade com o conjunto da classe trabalhadora.
Esta vitória do Cpers Unido e Forte nos dá, portanto, uma enorme responsabilidade no reposicionamento e na reconstrução deste sindicato, mas ao mesmo tempo, muita convicção de que a disposição de luta da categoria volta a se manifestar. Afinal, já nesta eleição, conseguimos, com a ampliação do número de votantes, iniciar a reversão de uma série histórica de quedas contínuas no número de sócios votantes nas eleições do Cpers.
A bem da verdade, ainda estamos em eleições, pois até o dia 28 de Julho ainda estaremos em campanha, agora para a eleição do Conselho Geral do Cpers. Mas temos ciência absoluta de que, por mais suada que tenha sido esta vitória para a direção estadual (dada a luta contra a máquina encastelada nas estruturas do sindicato) – e que o mesmo será para a eleição do Conselho Geral -, nossa maior tarefa coletiva se iniciará após o 1º de Agosto. Qual seja, iniciar a reconstrução deste outrora grande sindicato, trazendo novamente sua base ao protagonismo, recolocando-o no caminho das grandes lutas e conquistas e reaproximando-o das lutas mais amplas e generosas do povo brasileiro. Esta é a nossa grande missão. Mas como nos ensinou um velho comandante: “toda grande marcha se inicia com um pequeno passo”. Apenas iniciamos esta grande jornada. Mas venceremos. Porque nós somos o Cpers Unido e Forte.
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Antônio Lima e Helenir Oliveira são, respectivamente, Diretor e Presidenta eleitos para o triênio 2014-2017 no Cpers/Sindicato
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