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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

15.4.10

Diário do HAITI, 14 de abril

 

Diário do Haiti – 14 de abril de 2010

Tivemos uma agenda cheia nesta quarta-feira. Pela parte da manhã, participamos de uma audiência com o Administrador Apostólico da Arquidiocese de Porto Príncipe, Joseph de La Fontaine. Fontaine  substitui interinamente o arcebispo que morreu durante o terremoto, com o desabamento da Catedral. Deste encontro,saíram algumas idéias interessantes, uma delas,  que já está sendo implementada aqui no Haiti, é a construção de Escolas Multiusos. La Fontaine falou sobre estas escolas com  muito entusiasmo. Estas escolas seriam feitas  com um  material com maior resistência, sobretudo madeira, ferro, telhas de zinco. Estes locais seriam concebidos da seguinte forma: além de salas de aulas para estudantes de ensino fundamental e médio, serviriam  para outras atividades como reuniões, encontros pastorais, celebrações, etc. O mais importante nesta proposta é que estas escolas teriam uma resistência maior para enfrentar terremotos, furacões, chuvas, vendavais e  ciclones. O custo de cada escola chega a um valor aproximado de 35 mil dólares.  O principal desafio, neste caso, é a manutenção da estrutura escolar, como pagamento de professores e formação dos mesmos.

Na parte tarde, fomos visitar a construção de uma destas escolas,localizada num bairro muito pobre aqui de Porto Príncipe. Pudemos  até registrar algumas fotos  (em anexo). O local onde está sendo construída esta escola fica bem ao lado da catedral onde morreu Dra Zilda Arns. O local também é próximo do palácio presidencial, bairro central,também destruído em 12 de janeiro no terremoto.  Dom Demétrio Valentini, presidente Nacional da Cáritas e Bispo de Jales-SP, ficou muito animado com esta proposta, primeiro por ser algo concreto que pode ser feito já e em segundo lugar porque o material utilizado nestas escolas é feito aqui mesmo, no Haiti, com tecnologia local.  Só para ter uma idéia, 80 por cento das escolas estão sob administração da Igreja ( paróquias e congregações religiosas) Pouco coisa é administrada pelo governo.  Mas a maioria dos prédios onde funcionavam as escolas,foi destruído por isso a pressa na reconstrução.

A segunda audiência foi o Presidente da Conferência dos Bispos do Haiti, Dom Louis Kébreau. Segundo ele, em torno de 40 mil pessoas migraram da capital para cidades do interior. As eleições gerais, que aconteceriam em breve, foram canceladas. Há um clima de profundo descontentamento do povo com o governo do Haiti. Fala-se aqui,  que se não houver uma mudança de postura dos governantes, numa convulsão social, numa rebelião do povo.  Dom Louis Kébreau  destacou que o  povo está cansado desta situação e pode haver uma rebelião popular.Tudo por aqui é importado dos Estados Unidos. Segundo Dom Louis não se sabe nunca o que é justiça, pois ela não funciona no Haiti. "O que existe por aqui, é a cultura da corrupção. Por isso, as pessoas são frustradas, desesperadas e desanimadas"

A terceira audiência aconteceu com o Núncio Apostólico  Dom Bernadito Auza. Para participar dessa audiência tivemos que nos deslocar a parte nobre da cidade, uma de grandes mansões, onde se percebe claramente a diferença entre os cerca de 0,5% da população que detém a riqueza do país e os 99,5% que vivem  na mais absoluta miséria. O núncio, como era de se esperar, ressaltou a importância da reconstrução das igrejas e dos espaços paroquiais. Segundo ele já existe um projeto de reconstrução da Catedral e dos seminários.  

Nesta quinta feira (16) teremos audiência com o Comando Militar brasileiro e faremos outras visitas.

Magalhaes

Dom Demétrio

Alberto Meneguzzi


 

 

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz