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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

21.9.17

Filme mostra degradação ambiental causada pela monocultura do eucalipto na BA e no ES

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20 Setembro 2017

 

    "Desertos Verdes" dá voz a indígenas, camponeses e quilombolas; eles são expulsos, ameaçados e veem aviões das grandes empresas despejarem veneno na mata e nos rios.

    A reportagem é de Fábio Vendrame e publicada por De Olho nos Ruralistas, 19-09-2017.

    Escassez de água e degradação sistemática do meio ambiente constituem os impactos mais evidentes da monocultura do eucalipto no Sul da Bahia e Norte do Espírito Santo. Recém-lançado no YouTube, o documentário "Desertos Verdes: Plantações de Eucalipto, Agrotóxicos e Água" dá voz a indígenas, quilombolas e camponeses da região. Do ponto de vista dessas comunidades, a exploração comercial do eucalipto representa uma tragédia com desdobramentos imprevisíveis.

    O vídeo de 23 minutos e 34 segundos, dirigido por Marcelo Lopes e Ivonete Gonçalves de Souza, foi elaborado pelo Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul da Bahia (Cepedes). Traz relatos de exploração de trabalhadores, expulsões, ameaças e, claro, degradação contumaz da Mata Atlântica e de suas fontes naturais de água. O mais alarmante, contudo, parece ser a constatação de que o uso intensivo de agrotóxicos tem vitimado fauna e flora de forma contundente.

     

    Não é de hoje que a monocultura do eucalipto – e também a do pinus – ganhou a fama de produzir "desertos verdes" onde se instala. Decorre do fato de que essa espécie de árvore consome quantidades enormes de água para se desenvolver. Mas não só. Toda a vegetação nativa é derrubada e dá lugar a uma única espécie, que é plantada de forma extremamente adensada – uma árvore bastante próxima da outra. Isso produz uma imensa sombra debaixo do plantio, tornando o local inóspito tanto para o crescimento de outro tipo de vegetação como para a fauna silvestre.

    "Deserto tem a ver com não presença de vida. Se a gente pegar regiões do Norte do Espírito Santo ou o Sul da Bahia, onde essas empresas estão instaladas, elas têm vastas extensões de terra, onde toda a vegetação nativa foi retirada e deu lugar a uma única espécie, que é o eucalipto", já explicava em março de 2015 o agrônomo Gabriel Fernandes, assessor técnico da AS-PTA Agricultura Familiar e Agroecologia, em entrevista dada à Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). "Acaba que você tem uma grande plantação que, apesar de verde, é um ambiente que não vai ter vida, não proporciona alimento, não proporciona as fontes necessárias para que os animais se multipliquem ali".

    As empresas a que o agrônomo se referia na entrevista são enumeradas pelos protagonistas do documentário. Algumas delas pelo menos. Destaques para Suzano e Veracel. Outra gigante do setor, a Fibria, resultado da fusão entre Aracruz eVotorantim Papel e Celulose, ganha menção honrosa no fim do documentário como uma das responsáveis por despejar quantidades industriais de inseticidas do grupo químico neonicotinoide, produto derivado da nicotina, para "proteger" as plantações de eucalipto da indesejada lagarta parda.

    Agrotóxicos atingem a população

    Esse e outros tipos de veneno, chamados eufemisticamente pelo agronegócio de "defensivos agrícolas", vêm sendo pulverizados sobre a região. Herbicidas e formicidas são os mais utilizados. Os campeões são o Roundup, à base de glifosato e alcunhado "mata mato", e o Isca-mirex, usado para o "controle" de formigas. Dentre os principais fabricantes dos produtos mencionados aparecem Bayer, Monsanto, Basf, Griffin Corporation, Syngenta e Sumitomo Chemical.

    Feitas a partir de aeronaves, as fumigações ocorrem toda semana e atingem não apenas as plantações, mas também cursos d'água e a população. Moradores relatam efeitos nefastos, que vão sendo percebidos ao longo do tempo e conforme o grau de exposição a esses agentes químicos.

    A olho nu, contudo, quem já teve a oportunidade de visitar a região de Caravelas, por exemplo, no Sul da Bahia, constata a transformação absoluta da cobertura vegetal. Ali, bem pertinho de onde os portugueses avistaram pela primeira vez a terra que passaria a se chamar Brasil, antes os olhos se perdiam na exuberância da Mata Atlântica, mas hoje se cansam com a monotonia de uma paisagem que nem nativa é – o eucalipto é uma espécie originária da Oceania.

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    Cancion con todos

    Salgo a caminar
    Por la cintura cosmica del sur
    Piso en la region
    Mas vegetal del viento y de la luz
    Siento al caminar
    Toda la piel de america en mi piel
    Y anda en mi sangre un rio
    Que libera en mi voz su caudal.

    Sol de alto peru
    Rostro bolivia estaño y soledad
    Un verde brasil
    Besa mi chile cobre y mineral
    Subo desde el sur
    Hacia la entraña america y total
    Pura raiz de un grito
    Destinado a crecer y a estallar.

    Todas las voces todas
    Todas las manos todas
    Toda la sangre puede
    Ser cancion en el viento
    Canta conmigo canta
    Hermano americano
    Libera tu esperanza
    Con un grito en la voz