Páginas

pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

29.9.17

Dom Casaldáliga e a independência da Catalunha: “Preferiria que não houvesse. Não é um processo natural. Não faz sentido”

Dom Casaldáliga e a independência da Catalunha: "Preferiria que não houvesse. Não é um processo natural. Não faz sentido"




28 Setembro 2017

 

    Foi sempre como um junco pequeno e fino, mas com saúde de ferro e nervos de aço. Hoje, com seus 89 anos, dom Pedro Casaldáliga (Balsereny, 1928), o bispo-poeta dos marginalizados continua sendo um junco, mas dobrado pelo Parkinson. De sua cadeira de rodas, administra seus silêncios e economiza suas palavras, que, de vez em quando, seguem fluindo como dardos proféticos: precisos e justos. Não quer a independência catalã, pede aos jovens que passem à ação e afirma que Francisco é "uma benção de Deus".

    A entrevista é de José Manuel Vidal, publicada por Religión Digital, 26-09-2017. A tradução é do Cepat.

    Eis a entrevista.

    Dom Pedro, você gosta de receber visitas?

    Algumas, sim.

    Como catalão e Prêmio da Catalunha, qual a sua opinião sobre o processo?

    Vamos ver o que acontece com a independência. Preferiria que não houvesse. Há pessoas sensatas que vão focar a coisa de forma diferente. Não é um processo natural. Não faz sentido.

    Conheceu Tarancón(foi cardeal-arcebispo de Madrid)

    Sim, quando eu era seminarista, em Barbastro, e ele bispo em Solsona. Foi uma figura digna e com vocação de mediador, naquele momento difícil na Espanha.

    De onde lhe vem a esperança e a força apesar de tudo?

    Contando com alguém.

    Quem é esse alguém?

    Só poderia ser Ele.

    O que alimenta sua esperança?

    A Ressurreição de Cristo.

    Se pudesse mudar uma só coisa no mundo, qual seria?

    Que tudo o que tem poder se coloque no lugar certo: a vida.

    E o que mudaria na Igreja católica?

    Colocar o poder nas mãos do povo. Do contrário, torna-se um problema. Na Igreja, o essencial é dar a vida aos demais e a dedicação evangélica às Bem-aventuranças.

     Teve problemas com a hierarquia?

    Sim, tive.

    O que fez e o que fazer nesses casos?

    Continuar firmes ao lado dos pobres e dar testemunho sempre.

    Mandaria abrir os templos durante as 24 horas?

    Sim, para que o povo entre, durma, coma, reze, caso queira.

     Um conselho para os jovens.

    Que continuem sendo rebeldes com esperança, apesar da desesperança. E sempre ao lado dos pobres e excluídos. Estamos há anos falando de conscientização. O tempo acabou. É hora de atuar e de responder os chamados concretos.

    O que lhe disse o padre Ángel, que veio de Madri para vê-lo?

    Que continue sendo um profeta e vele pela paz, que se vá vivendo e é um processo. 

    O que pensa do papa Francisco?

    Uma bênção de Deus

    E você, como ele, uma bênção de Deus?

    Todos somos bênçãos de Deus, se estamos à escuta e se apostamos na troca e no diálogo. Porque o problema é como viver a vida diária em meio a este mundo violento.

     Arrepende-se de algo?

    De não ter bastante atitude de diálogo.

    Do que se sente mais orgulhoso?

    Das muitas pessoas que continuam me acompanhando na caminhada e de ter entregue minha vida aos excluídos, aos marginalizados, aos pequenos.

    Seus santos preferidos?

    São Francisco de Assis (quando foi a Roma, quis ir a Assis e iria ver o padre Arrupe, mas não foi possível).

    E seus poetas?

    Antonio MachadoSão João da Cruz (seu Cântico espiritual e por aí adiante), EspriuNeruda e Maragall.

    Muito obrigado, dom Pedro.

    De nada. Já falamos. Agora se trata de fazer.


    http://www.ihu.unisinos.br/572115-dom-casaldaliga-preferiria-que-nao-houvesse-independencia-na-catalunha-nao-e-um-processo-natural-nao-faz-sentido




    Leia mais

    28.9.17

    Brasil não cresce se não reduzir sua desigualdade, diz Thomas Piketty


    Brasil não cresce se não reduzir sua desigualdade, diz Thomas Piketty


    28 Setembro 2017

    O Brasil não voltará a crescer de forma sustentável enquanto não reduzir sua desigualdade e a extrema concentração da renda no topo da pirâmide social, diz o economista francês Thomas Piketty.

    A entrevista é de Ricardo Balthazar, publicada por Folha de S. Paulo, 28-09-2017.

    Autor de "O Capital no Século 21", em que apontou um aumento da concentração no topo da pirâmide social nos Estados Unidos e na Europa, Piketty agora se dedica a um grupo de pesquisas que investiga o que ocorreu em países em desenvolvimento como o Brasil, a China e a Índia.

    Os primeiros resultados obtidos para o Brasil foram publicados no início do mês pelo irlandês Marc Morgan, estudante de doutorado da Escola de Economia de Paris que tem Piketty como orientador.

    O trabalho de Morgan, que incorpora informações de declarações do Imposto de Renda e outras estatísticas, sugere que a desigualdade brasileira é maior do que pesquisas anteriores indicavam e calcula que os 10% mais ricos da população ficam com mais da metade da renda no Brasil.

    Defensor de reformas que tornem o sistema tributário mais progressivo, aumentando os impostos cobrados sobre a renda e o patrimônio dos mais ricos, Piketty chegou ao país nesta quarta (27) para conferências do projeto Fronteiras do Pensamento em São Paulo e Porto Alegre.

    Eis a entrevista.

    O estudo de Morgan mostra que a renda da metade mais pobre aumentou junto com a dos mais ricos. Por que a concentração no topo da pirâmide é tão preocupante?

    Porque, apesar dos avanços dos últimos anos, o Brasil continua sendo um dos países mais desiguais do mundo. Em nossa base de dados, só encontramos grau de desigualdade semelhante na África do Sul e em países do Oriente Médio.
    Houve um pequeno progresso nos segmentos inferiores da distribuição da renda, beneficiados por programas sociais e pela valorização do salário mínimo. É alguma coisa, mas os pobres ganharam às custas da classe média, não dos mais ricos, e a desigualdade continua muito grande.

    Reduzir a desigualdade é só questão de justiça social ou de eficiência econômica também?

    Ambos. O grau de desigualdade extrema que encontramos no Brasil não é bom para o crescimento econômico e o desenvolvimento sustentável.

    A história dos EUA e da Europa mostra que só depois de grandes choques políticos como as duas grandes guerras do século 20 a desigualdade diminuiu e a economia cresceu com vigor, permitindo que fatias maiores da população colhessem os benefícios.

    No Brasil, podemos concluir que as elites políticas e os diferentes partidos que governaram o país nos últimos anos foram incapazes de executar políticas que levassem a uma distribuição mais igualitária da renda e da riqueza. Acho que isso é precondição para o crescimento econômico.

    Seus dados indicam que a fatia da renda nas mãos dos mais ricos vem se mantendo intacta no Brasil. Por quê?

    Parte da explicação pode estar na história do país, o último a abolir a escravidão no século 19, como você sabe. Mas isso não é tudo. Diferentes políticas governamentais poderiam ter feito diferença.

    O sistema tributário é pouco progressivo no Brasil. Há isenções para rendas de capital, como os dividendos pagos pelas empresas a seus acionistas. Impostos sobre rendas mais altas e heranças têm alíquotas muito baixas no Brasil, se comparadas com o que se vê em países mais avançados.

    Alguns desses países fazem isso há um século, o que contribuiu para reduzir a concentração da riqueza. Se você olhar os Estados Unidos, a Alemanha, a França, o Japão, em todos esses países a alíquota mais alta do Imposto de Renda está entre 35 e 50%. [No Brasil, a alíquota máxima do Imposto de Renda é de 27,5%.]

    Qual o risco de uma taxação maior das rendas mais elevadas provocar fuga de investidores para outras jurisdições?

    A elite sempre tem um monte de desculpas para não pagar impostos, e isso também ocorre em outras partes do mundo. A questão é saber por que a elite no Brasil tem sido bem-sucedida ao evitar mudanças no sistema tributário.

    Em outros países, as elites não aceitaram pacificamente pagar mais impostos. Foi um processo caótico e violento muitas vezes. Espero que o Brasil tenha mais sorte e possa fazer isso sem passar por choques traumáticos como as guerras. É deprimente ver que décadas de democracia no Brasil foram incapazes de promover mudanças nessa área.

    Não sei o futuro. Mas posso dizer que é possível ter um sistema tributário mais justo, uma distribuição da renda e da riqueza mais equilibrada, e mais crescimento econômico, ao mesmo tempo. Essa foi a experiência de outros países.

    Gastar energia para resolver esse problema não tiraria o foco de políticas sociais que poderiam contribuir mais para a redução da desigualdade?

    Você precisa fazer as duas coisas. Morgan mostra que as políticas sociais adotadas nos últimos anos foram boas para os pobres, mas insuficientes. Você precisa melhorar as condições de vida deles e investir em educação e infraestrutura, mas precisa de um sistema tributário mais justo para financiar isso e reduzir a concentração da renda no topo.

    Não estou aqui para dar lições a ninguém. Há muita hipocrisia no meu país quando se trata desse assunto. Mas acredito que no fim todos se beneficiam com um sistema tributário mais justo e uma sociedade menos desigual, mais inclusiva e mais estável.

    Qual o foco do seu trabalho acadêmico no momento?

    Estou procurando ampliar nossa base de dados com ajuda de outros pesquisadores, incluindo informações sobre o Brasil, a China, a Índia e outros países em desenvolvimento. Também quero examinar mais detidamente a evolução das atitudes políticas com relação à desigualdade.

    Em países como os EUA e a França, temos visto a ascensão do nacionalismo e da xenofobia, e quero entender melhor o que significa. O maior risco criado pelo aumento da desigualdade é a ascensão do racismo e da xenofobia.

    Se não resolvermos o problema da desigualdade de forma pacífica e democrática, vamos sempre ter políticos tentando explorar a frustração causada pela desigualdade, incentivando a xenofobia e pondo a culpa dos nossos problemas sociais em imigrantes e trabalhadores estrangeiros.

    É um risco para a globalização e os fluxos de comércio. A eleição de Donald Trump nos EUA e a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia não foram uma coincidência. São os dois países ocidentais em que a desigualdade mais cresceu nos últimos anos.

    Raio-X
    Idade: 46 anos
    Formação: Matemática na Escola Normal Superior de Paris; Ph.D. em Economia na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais
    Carreira: Professor da Escola de Economia de Paris desde 2007; professor da Escola de Altos Estudos desde 2000


    http://www.ihu.unisinos.br/572137-brasil-nao-cresce-se-nao-reduzir-sua-desigualdade-diz-thomas-piketty



    27.9.17

    Paulo Paim registra argumentos de juíza do Trabalho sobre a reforma da legislação trabalhista

    Paulo Paim registra argumentos de juíza do Trabalho sobre a reforma da legislação trabalhista



    TV Senado - Publicado em 26 de set de 2017
    26/09/2017 - Plenário Discursos - Paulo Paim registra argumentos de juíza do Trabalho sobre a reforma da legislação trabalhista Publicado na internet em 26/09/2017

    Maná

    A França diz não ao glifosato: proibição sai até 2022

    A França diz não ao glifosato: proibição sai até 2022



    27 Setembro 2017

    A França diz basta ao glifosato. O primeiro-ministro Edouard Philippe decidiu que o herbicida será completamente "proibido na França" até "o fim do mandato" do Presidente Emmanuel Macron, ou seja, 2022. A proibição irá abranger todos os tipos de uso, incluindo a agricultura, anunciou hoje o porta-voz do governo, Christophe Castaner, entrevistado pela BFM-TV. Apesar da hostilidade de numerosos agricultores transalpinos, Paris decidiu se opor à renovação pela União Europeia da licença EU para o glifosato, que expira no final de 2017. Em 5 de outubro, Bruxelas vai se pronunciar sobre a prorrogação.

    A informação é publicada por Repubblica, 25-09-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.

    O glifosato é o princípio ativo de Roundup, o herbicida mais vendido e fabricado pela multinacional Monsanto. Apesar da proposta da Comissão Europeia para estender por mais 10 anos a licença comercial do produto, a França se opõe e promete fechar o comércio de glifosato e outros produtos similares que, recordou Christophe Castaner, representam "um risco para a saúde pública". Para alcançar esse resultado, serão investidos 5 bilhões de euros para o desenvolvimento de produtos alternativos.

    Quanto aos usos não agrícolas, o glifosato em áreas abertas ao público "já foi proibido na França a partir de 1º. de janeiro de 2017" pelas autoridades locais, enquanto para o uso privado será proibido a partir de 1º janeiro de 2019. Até agora, além de França, apenas a Suécia se pronunciou contra o uso do herbicida.

    http://www.ihu.unisinos.br/572092-a-franca-diz-nao-ao-glifosato-proibicao-sai-ate-2022



    Ciudades contra el progreso social


    Ciudades contra el progreso social



    Por: Lara Ely | Tradução: Juan Hermida | 26 Setembro 2017

     

    Actualmente, 8 de cada 10 latinoamericanos vive em áreas urbanas, especialmente en grandes conglomerados. No es una coincidencia que el concepto de "derecho a la ciudad" haya sido tomado como bandera de lucha en el continente. Es que vivir en la ciudad con el pleno ejercicio de los derechos de ciudadano no es un privilegio de la mayoría: problemas urbanísticos como el acceso al transporte colectivo, la informalidad en el trabajo y la vulnerabilidad de los barrios pobres son elementos que obstaculizan el progreso.

    En la vivienda, por ejemplo, debido al alto costo, muchas personas buscan áreas periféricas que no poseen servicios básicos, como agua potable o electricidad. En América Latina, cerca de 25% de las personas viven en áreas de asentamientos informales, en donde construyen como pueden – a veces en colinas o en áreas de inundación. El acceso al transporte es restricto en esas regiones. Se estima que 15% de los latinoamericanos no tengan medios de transporte a menos de diez minutos de sus casas. Y los que tienen redes de transportes pasan horas en congestionamientos o hacen diversas combinaciones de modales de transporte – incluyendo ómnibus no autorizados- para llegar a su destino. En relación al trabajo, casi la mitad de los que viven en el continente se ganan la vida con actividades informales.

    En entrevista al IHU On-Line publicada este lunes (25/09/2017), la geógrafa Nola Patrícia Gamalho atribuye la desigualdad de las grandes ciudades al desarrollo urbano pautado en la lógica del capital, según ella, en cuanto las ciudades sean pensadas de forma vertical, por una orden distante e ideológica de dominación, se tiene el predomino de los intereses del capital, extraños a lo que da vida a las ciudades, en donde las relaciones socio espaciales son pautadas por la proximidad. "Por un lado, se tiene la ciudad como prácticas de apropiación, por otro, como propiedad. En el primero, tenemos ciudades más humanas, en el segundo la lógica del mercado", afirma.

    Ella menciona la obra de la autora Jane Jacobs Muerte y vida de las grandes ciudades(San Pablo: Martins Fontes, 2014), en que la ausencia de las personas en las calles favorece la violencia. Así, podemos reflexionar sobre el crecimiento de un modo de vida individualista basado en la propiedad privada, de carácter fuertemente neoliberal. Romper con esas fracturas y violencias corroboraría en la constitución de ciudades más humanas

    En Brasil, la urbanización, desde los años 1950, ha presentado índices sorprendentes, pues, hasta los años 40, la población urbana brasileña era apenas 37% del total, en cuanto que en los años 1990 ella se aproxima de los 80%. El crecimiento de las ciudadesmedias, en detrimento del crecimiento de las metrópolis, no ha traído ninguna mejora en la condición de vida para las poblaciones urbanas. Lo que es peor, la distribución de renta empeoró en todos los niveles de aglomeraciones urbanas. El hecho a ser observado es el empeoramiento de las condiciones generales de reproducción de la fuerza de trabajo, o sea, el trabajador viene enfrentando una vida más cara en todas las ciudades, a pesar del aumento del PBI.

    O crescimento das cidades e a periferização: https://www.youtube.com/watch?v=puIh8Hr8tX4

    La distancia que nos une – un retrato de la desigualdad es el título del estudio divulgado este lunes, 25/09/2017, por la Oxfam Brasil, organización que trabaja en el combate a la pobreza y la desigualdad. El estudio investiga las raíces y soluciones para un país en donde se distribuye de forma desigual factores como renta, riqueza y servicios esenciales, y señala que la disminución del desempleo y el aumento de la formalización del trabajo son factores relevantes en el combate a las desigualdades. En este contexto, la Oxfamdefiende la revisión de la recién aprobada reforma laboral, la cual fue responsable por la disminución de derechos.

    Aprobada por el Congreso y sancionada por el presidente Michel Temer el 13 de julio, la nueva legislación cambiará la vida de millares de trabajadores brasileños a partir de noviembre. Entre los más afectados están los trabajadores del campo, en donde sonbajos los salarios y grande la vulnerabilidad social.

    Uno de los cambios más significativos para la población rural es el fin del pagamento por hora de desplazamiento. La reforma amenaza lo que acostumbraba ser un puerto seguro del trabajador del campo: el salario mínimo. Las nuevas formulaciones para el estatuto del trabajador pueden producir reflexiones en la desigualdad y, por consecuencia, en la formación de la vida en las grandes ciudades.



    26.9.17

    Conheça 8 políticos corruptos que a ditadura brasileira deixou como herança

    DITADURA MILITAR

    Conheça 8 políticos corruptos que a ditadura brasileira deixou como herança

    terça-feira 26 de setembro| Edição do dia

    O Esquerda Diário traz oito políticos herdados da ditadura militar, para mostrar como, de fato, é uma grande mentira dizer que os militares não era corruptos.

    1. José Sarney

    Foi presidente do Diretório Nacional da Aliança Renovadora Nacional (Arena), partido bancado pelos militares. Pertenceu à Arena de 65 até 80, tendo sido governador e senador pelo Maranhã e senador pelo Amapá. Mudou para o PMDB somente para ser vice de Tancredo Neves, depois presidiu o Senado por três vezes. Começou como governador do Maranhão, Senador, presidente do Senado e presidente do Brasil. Centenas de denúncias de corrupção foram feitas contra ele, de superfaturamentos a irregularidades em licitações, e nenhuma delas foi investigada.

    2. Paulo Maluf

    Também da Arena. Foi presidente da Caixa Econômica em 67 e prefeito biônico (sem voto, indicado) de São Paulo em 69-71 e entre 93-96 e também foi governador de São Paulo; atualmente cumpre seu quarto mandato de deputado federal. "Rouba mas faz", criador da assassina ROTA institucionalizando os grupos de extermínio da época da ditadura. Não pode deixar o pais pois está na lista de procurados da Interpol (Fonte )

    3. Antônio Carlos Magalhães

    Oligarca Baiano que já era deputado na época do golpe militar, com o qual simpatizou aderindo à Arena. Deixou a política em 2007, quando morreu. Era sogro de César Mata Pires dono da OAS. Com as benesses que os políticos do regime militar ofereciam às empreiteiras, a empresa de César passou a ser conhecida popularmente como "Obrigado Amigo Sogro".

    Leia também: Intervenção militar constitucional? Um artigo imposto pela força numa constituinte tutelada

    4. Fernando Collor de Mello


    FOTO: Folha de SP

    Começou a política no ARENA em 1979 sendo prefeito de Maceió e deputado federal em 1982, mas é conhecido mesmo por encerrar 920 mil postos de trabalho em 1990 e elevar a inflação a 1200% e por sequestrar as poupanças de todos quando era presidente, junto, é claro, ao escândalo de corrupção com seu tesoureiro Paulo César Farias com a denúncia feita pelo próprio irmão de Collor. Este filhote da ditadura está aí até hoje, sendo Senador.

    5. Edison Lobão


    FOTO: Edilson Rodrigues/Agência Senado

    Deputado federal pelo Arena de 78 a 82. Atualmente é Senador, investigado por pagamento de propinas na construção da Usina Belo Monte. (Fonte.)

    6. João Alves Filho

    Começou a política senso prefeito de Aracaju, foi três vezes governador de Sergipe e novamente prefeito da capital de 2013 até 2017. É o principal investigado na Operação Navalha da PF que investiga obras superfaturadas do PAC.

    7. Olavo Setúbal

    Transformou o pequeno banco Itaú em um grande negócio capitalista, graças às facilidades adquiridas na ditadura, como a indicação para ser prefeito de São Paulo pelo governador biônico Paulo Egydio Martins. Setúbal faleceu em 2008, acusado em delação de Paulo Corrêa de ter pago propina pela reeleição de FHC.

    8. Geraldo Alckmin

    Ingressou na política pelo MDB. No entanto, quem lhe deu apoio foi o avô José Maria Alckmin, que foi vice do general Castelo Branco. Em 2006, o jornal Valor desenterrou uma carta sua em elogios ao General Médici, em matéria de Caio Junqueira. Sobre ele pesam as suspeitas de desvios no Metrô de SP e da máfia da merenda.

    Continue lendo: 10 escândalos de corrupção da ditadura militar, abafados pelas Forças Armadas

    Por que a ditadura militar nunca teve nada a ver com a defesa dos interesses nacionais?

    http://esquerdadiario.com.br/Conheca-8-politicos-corruptos-que-a-ditadura-brasileira-deixou-como-heranca






    25.9.17

    CONVITE

    CONVITE

    Prezados/as

    Segue em anexo convite para participar do Primeiro Encontro do Curso de Extensão "DIREITOS HUMANOS, JURISDIÇÃO E RESISTÊNCIA", que acontecerá no dia 30 de setembro de 2017, na Sala 01 da Faculdade de Direito (UFRGS), conforme programação abaixo.

    O curso, que será realizado em cinco encontros, é dirigido a estudantes, operadores do Direito e integrantes de Movimentos Sociais que atuam na defesa dos Direitos Humanos, com o objetivo de qualificar e potencializar a ação jurídico-política destes atores, tendo como referencial o estudo de casos paradigmáticos de violação de direitos e a identificação das alternativas de enfrentamento das violações.

    PROGRAMAÇÃO DO DIA 30 de SETEMBRO de 2017 – Sala 01 Faculdade de Direito - UFRGS

    9h - ANÁLISE DE CONJUNTURA: "Os Direitos Humanos na Contemporaneidade"
    • Jacques Távora Alfonsin - ONG Acesso
    • Elaine Rissi - Direitos Humanos/MST

    14h - ESTUDOS DE CASOS: Ocupações "Lanceiros Negros" e "Mulheres Mirabal"

    COORDENADORES: Ana Inês A. Latorre e José Renato de O. Barcelos

    CONVIDADOS:

    Ocupação Lanceiros Negros
    • Nanashara D'Ávila Sanches (Movimento de Luta nos Bairros, Vilas e Favelas - MLB)
    • Elisa Torelly (Assessoria Jurídica)
    Ocupação Mulheres Mirabal  
    • Priscila Voigt (Ocupação mulheres Mirabal)
    • Jéssica Miranda Pinheiro (Assessoria Jurídica)
    • Luisa Stopassola (Assessoria Jurídica
    Próximos encontros: 07/10 (Ocupação Indígena Maquiné/RS); 11/10 (Questão Quilombola); 21/10 (caso SEFAZ); 28/10 (Encerramento).

    COORDENÇÃO: Prof° Domingos Sávio Dresch da Silveira
    PROMOÇÃO: UFRGS
    APOIO: Coletivo A Cidade Que Queremos

    notícias


    Luiz Carlos Azenha

    FAKE NEWS

    Os brasileiros desconhecem como as fake news foram essenciais para a vitória de Trump e, agora, para a ascensão da extrema-direita na Alemanha.

    Tentamos fazer um evento sobre fake news na CartaCapital, mas não deu certo por falta de interessados.

    Um alerta: fake news é O ASSUNTO quando se trata de campanhas eleitorais, a maior notícia sobre elas desde que Barack Obama utilizou as redes para o financiamento de sua campanha.

    Fake news não é brincadeira de criança, nem diversão do MBL.

    É um método pelo qual a extrema direita colocou os algoritmos das redes sociais para trabalhar em seu favor.




    'Desigualdade no Brasil é escolha política', diz economista 


    Dilma rebate editorial do jornal 'O Globo' e manda recado: "Depois, não adianta pedir perdão" 


    Escravidão, e não corrupção, define sociedade brasileira, diz Jessé Souza

    https://folha.com/no1920559



    Mia Couto -- "Há quem tenha medo que o medo acabe"




    RELIGIÃO21/JUL/2015 ÀS 09:23

    As 10 melhores frases do Papa Francisco em sua excursão na América Latina

    papa francisco melhores frases

    Notimerica

    A visita histórica do Papa Francisco à América Latina deixou uma série de momentos memoráveis, além do agradecimento dos fiéis e líderes latino-americanos pela excursão do Máximo Pontífice, que teve como objetivo advogar pela paz na região.

    Durante a sua visita ao Equador, Bolívia e Paraguai, o Papa se referiu a temas relevantes da atualidade como a juventude, a crise econômica, a corrupção, os preconceitos, a pobreza e a desigualdade. Conhecido por ser um dos Papas mais midiáticos, foi recebido nestes três países com muito carinho.

    O Papa utilizou uma série de exemplos atuais para abrir um caminho para o diálogo e gerar a reflexão entre os fiéis. Confira as melhores frases do Papa na sua excursão latino-americana.

    1. "Um pobre que morre de frio e de fome hoje não é notícia, mas se as bolsas das principais capitais do mundo descem dois ou três pontos arma-se o grande escândalo mundial".

    2. "O futuro da humanidade não está unicamente nas mãos dos grandes dirigentes ou das grandes potências: as elites. Está nas mãos dos Povos".

    3. (Em relação à colonização latino-americana) "Peço humildemente perdão, não só pelas ofensas da própria Igreja senão por todos os crimes contra os povos originários, durante a chamada conquista da América ".

    4. (Em relação ao sistema econômico) "Este sistema já não se aguenta, não o aguentam os camponeses, não o aguentam os trabalhadores, não o aguentam as comunidades, não o aguentam os povos e a terra também não".

    5. "Vemos com espanto como no Oriente Médio e outros lugares do mundo se persegue, se tortura, se assassina a muitos irmãos nossos pela sua fé em Jesus. Há uma espécie de genocídio em marcha que deve cessar".

    6. "As idhttps://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/07/as-10-melhores-frases-do-papa-francisco-em-sua-excursao-na-america-latina.htmls domingos, mas se não tens um coração solidário e não sabe o que acontece no teu país, a fé está doente e está morta".

    10. "Quando a política se deixa dominar pela especulação financeira, se rege unicamente pelo paradigma tecnocrático utilitarista da máxima produção e não poderá resolver os grandes problemas que afetam a humanidade".

    Acompanhe Pragmatismo Político no Twitter e no Facebook

    https://www.pragmatismopolitico.com.br/2015/07/as-10-melhores-frases-do-papa-francisco-em-sua-excursao-na-america-latina.html


    Brancos usam cota para negros e entram no curso de medicina da UFMG

    Brancos usam cota para negros e entram no curso de medicina da UFMG

    Postado em 24 de setembro de 2017 às 5:39 am

    Da Folha:

    Dezenas de brancos estão ingressando no curso de medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais), um dos melhores do país, fazendo uso fraudulento do sistema de cotas da instituição, criado em 2009. A queixa parte de alunos e é endossada pelo movimento negro e pelas entidades estudantis.

    A universidade diz estar ciente de possíveis desvios em seu programa de ações afirmativas e, após ser procurada pela Folha, informou que vai aperfeiçoar o sistema de cotas e investiga denúncias que foram oficializadas.

    O caso mais inquietante entre a comunidade acadêmica é do calouro Vinicius Loures, 23. Embora ele tenha se autodeclarado negro na inscrição, chamam a atenção seus cabelos loiros e a pele e olhos muito claros.

    Além disso, Loures, que já fez trabalhos como modelo publicitário, não teria nenhuma relação social e cultural com a realidade negra. Procurado, ele se limitou a dizer que "sobre esse assunto, não tenho nada a declarar".

    Com sobrenome de origem italiana, a estudante Bárbara Facchini, 19, é outra que tem questionada sua identificação como negra, conforme declarou ao disputar uma vaga na medicina.

    A caloura também não quis se manifestar. Disse apenas que o "assunto é delicado" e que muitas pessoas "distorcem" as coisas. "Prefiro manter minhas concepções pra mim", declarou.

    Quando o candidato se autodeclara negro, pardo ou índio no sistema da UFMG, concorre a uma vaga dentro do subgrupo que se colocou [são quatro variações na universidade]. As notas de corte para cotistas chegam a ter 28 pontos a menos no Enem do que na ampla concorrência.

    Outro caso apontado como "absurdo" pela comunidade acadêmica é o de Rhuanna Laurent. Procurada, ela não quis se manifestar.

    Agatha Oluwakemi da Silva Soyombo, 20, negra filha de pai nigeriano, entrou na medicina sem a política de cotas. Ela lamentou que haja uso inadequado da autodeclaração e deturpação do benefício, que considera legítimo.

    (…)

    Filha de uma professora e de um mecânico e oriunda de escola pública, Poliana Faria Fradico, 25, teve de esperar sete meses em lista de espera antes de ser chamada para uma vaga na medicina da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Ela tem evidentes traços negros.

    "Quando você vê uma pessoa de pele branca e olhos azuis entrar na sua frente, porque se autodeclarou negra de uma forma absurda, a sensação é de extrema revolta", afirma.


    http://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/brancos-usam-cota-para-negros-e-entram-no-curso-de-medicina-da-ufmg/


    Escravidão, e não corrupção, define sociedade brasileira, diz Jessé Souza

    Escravidão, e não corrupção, define sociedade brasileira, diz Jessé Souza


    25 Setembro 2017

    Jessé Souza, em artigo publicado por Folha de S. Paulo, 24-09-2017, argumenta que a visão do brasileiro como vira-lata, pré-moderno, emotivo e corrupto decorre de uma leitura liberal, conservadora e equivocada de nosso passado. Para ele, é preciso reinterpretar a história do Brasil tomando a escravidão como o elemento definitivo que nos marca como sociedade até hoje.

    Jessé de Souza, doutor em sociologia pela Universidade de Heidelberg (Alemanha), é autor de "A Tolice da Inteligência Brasileira" e "A Radiografia do Golpe" (Leya), além de professor de sociologia da UFABC.

    Eis o artigo.

    Quem sintetizou a interpretação dominante do Brasil, que todos aprendemos nas escolas e nas universidades, foi Gilberto Freyre (1900-87). É a ideia de que viemos de Portugal e que de lá herdamos um jeito específico de ser. Para o autor de "Casa-Grande e Senzala" e para seguidores como Darcy Ribeiro (1922-97), essa herança era positiva ou, pelo menos, ambígua.

    Sérgio Buarque de Holanda (1902-82), outro filho de Freyre, reinterpreta a ideia como pura negatividade em registro liberal. Cria, assim, o brasileiro como vira-lata, pré-moderno, emotivo e corrupto. Tal visão prevaleceu, e quase todos a seguem, de Raymundo Faoro (1925-2003), Fernando Henrique Cardoso e Roberto DaMatta a Deltan Dallagnol e Sergio Moro.

    Essa é a única interpretação totalizante da sociedade brasileira que existe até hoje.

    A "esquerda", entendida como a perspectiva que contempla os interesses da maioria da sociedade, jamais construiu alternativa a essa leitura liberal e conservadora. Existem contribuições tópicas geniais, mas elas esclarecem fragmentos da realidade social, não a sua totalidade, permitindo que, por seus poros e lacunas, penetre a explicação dominante.

    A ausência de interpretação própria fez com que a esquerda sempre fosse dominada pelo discurso do adversário. Reescrever essa história é a ambição de meu novo livro, "A Elite do Atraso - Da Escravidão à Lava Jato" [Leya, 240 págs., R$ 44,90]. O fio condutor é a ideia de que a escravidão nos marca como sociedade até hoje —e não a suposta herança de corrupção, como se convencionou sustentar.

    Para Faoro, por exemplo, a história do Brasil é a história da corrupção transplantada de Portugal e aqui exercida pela elite do Estado. Nessa narrativa, senhores e escravos raramente aparecem e nunca têm o papel principal.

    Essa abordagem seria apenas ridícula se não fosse trágica. Faoro imagina a semente da corrupção já no século 14, em Portugal, quando não havia nem sequer a concepção de soberania popular, que é parteira da noção moderna de bem público. É como ver um filme sobre a Roma antiga cheio de cenas românticas que foram inventadas no século 18. Não obstante, o país inteiro acredita nessa bobagem.

    Escravidão

    Os adeptos dessa interpretação dominante parecem não se dar conta de que, em uma sociedade, cada indivíduo é criado pela ação diária de instituições concretas, como a família, a escola, o mundo do trabalho.

    No Brasil Colônia, a instituição que influenciava todas as outras era a escravidão (que não existia em Portugal, a não ser de modo tópico). Tanto que a (não) família do escravo daquele período sobrevive até hoje, com poucas mudanças, na (não) família das classes excluídas: monoparental, sem construir os papéis familiares mais básicos, refletindo o desprezo e o abandono que existiam em relação ao escravo.

    Também no mundo do trabalho a continuidade impressiona. A "ralé de novos escravos", mais de um terço da população, é explorada pela classe média e pela elite do mesmo modo que o escravo doméstico: pelo uso de sua energia muscular em funções indignas, cansativas e com remuneração abjeta.

    Em outras palavras, os estratos de cima roubam o tempo dos de baixo e o investem em atividades rentáveis, ampliando seu próprio capital social e cultural (com cursos de idiomas e pós-graduação, por exemplo) e condenando a outra classe à reprodução de sua miséria.

    A classe que chamo provocativamente de ralé é uma continuação direta dos escravos. Ela é hoje em grande parte mestiça, mas não deixa de ser destinatária da superexploração, do ódio e do desprezo que se reservavam ao escravo negro. O assassinato indiscriminado de pobres é atualmente uma política pública informal de todas as grandes cidades brasileiras.

    A nossa elite econômica também é uma continuidade perfeita da elite escravagista. Ambas se caracterizam pela rapinagem de curto prazo. Antes, o planejamento era dificultado pela impossibilidade de calcular os fatores de produção. Hoje, como o recente golpe comprova, ainda predomina o "quero o meu agora", mesmo que a custo do futuro de todos.

    É importante destacar essa diferença. Em outros países, as elites também ficam com a melhor fatia do bolo do presente, mas além disso planejam o bolo do futuro. Por aqui, a elite dedica-se apenas ao saque da população via juros ou à pilhagem das riquezas naturais.

    Intermediárias

    Historicamente, a polarização entre senhores e escravos em nossa sociedade permaneceu até o alvorecer do século 20, quando surgiram dois novos estratos por força do capitalismo industrial: a classe trabalhadora e a classe média.

    Em relação aos trabalhadores, a violência e o engodo sempre foram o tratamento dominante. Com a classe média, porém, a elite se viu contraposta a um desafio novo.

    A classe média não é necessariamente conservadora. Tampouco é homogênea. O tenentismo, conhecido como nosso primeiro movimento político de classe média, na década de 1920, já revelava essas características, pois abrigava múltiplas posições ideológicas.

    A elite paulistana, tendo perdido o poder político em 1930, precisava fazer com que a heterodoxia rebelde da classe média apontasse para uma única direção, agora em conformidade com os interesses das camadas mais abastadas. Como naquele momento os endinheirados de São Paulo não controlavam o Estado, o caminho foi dominar a esfera pública e usá-la como arma.

    O que estava em jogo era a captura intelectual e simbólica da classe média letrada pela elite do dinheiro, para a formação da aliança de classe dominante que marcaria o Brasil dali em diante.

    O acesso ao poder simbólico exige a construção de "fábricas de opiniões": a grande imprensa, as grandes editoras e livrarias, para "convencer" seu público na direção que os proprietários queriam, sob a máscara da "liberdade de imprensa" e de opinião.

    A imprensa, todavia, só distribui informação e opinião. Ela não cria conteúdo. A produção de conteúdo é monopólio de especialistas treinados: os intelectuais. A elite paulistana, então, constrói a USP, destinando-a a ser uma espécie de gigantesco "think tank" do liberalismo conservador brasileiro, de onde saem as duas ideias centrais dessa vertente: as noções de patrimonialismo e de populismo.

    Lava Jato

    Enquanto conceito, o patrimonialismo procede a uma inversão do poder social real, localizando-o no Estado, não no mercado. Abre-se espaço, assim, para a estigmatização do Estado e da política sempre que se contraponham aos interesses da elite econômica. Nesse esquema, a classe média cooptada escandaliza-se apenas com a corrupção política dos partidos ligados às classes populares.
    A noção de populismo, por sua vez, sempre associada a políticas de interesse dos mais pobres, serve para mitigar a importância da soberania popular como critério fundamental de uma sociedade democrática —afinal, como os pobres ("coitadinhos!") não têm consciência política, a soberania popular sempre pode ser posta em questão.

    É impressionante a proliferação dessa ideia na esfera pública a partir da sua "respeitabilidade científica" e, depois, pelo aparato legitimador midiático, que o repercute todos os dias de modos variados.

    As noções de patrimonialismo e de populismo, distribuídas em pílulas pelo veneno midiático diariamente, são as ideias-guia que permitem à elite arregimentar a classe média como sua tropa de choque.

    Essas noções legitimam a aliança antipopular construída no Brasil do século 20 para preservar o privilégio real: o acesso ao capital econômico por parte da elite e o monopólio do capital cultural valorizado para a classe média. É esse pacto que permite a união dos 20% de privilegiados contra os 80% de excluídos.

    A atual farsa da Lava Jato é apenas a máscara nova de um jogo velho que completa cem anos.

    Em conluio com a grande mídia, não se atacou apenas a ideia de soberania popular, pela estigmatização seletiva da política e de empresas supostamente ligadas ao PT —o saque real, obra dos oligopólios e da intermediação financeira, que capturam o Estado para seus fins, ficou invisível como sempre. Destruiu-se também, com protagonismo da Rede Globo nesse particular, a validade do próprio princípio da igualdade social entre nós.

    O ataque seletivo ao PT, de 2013 a 2016, teve o sentido de transformar a luta por inclusão social e maior igualdade em mero instrumento para um fim espúrio: a suposta pilhagem do Estado.

    Desqualificada enquanto fim em si mesma, a demanda pela igualdade se torna suspeita e inadequada para expressar o legítimo ressentimento e a raiva que os excluídos sentem, mas que agora não podem mais expressar politicamente.

    Assim, abriu-se caminho para quem surfa na destruição dos discursos de justiça social e de valores democráticos —Jair Bolsonaro como ameaça real é filho do casamento entre a Lava Jato e a Rede Globo.

    O pacto antipopular das classes alta e média não significa apenas manter o abandono e a exclusão da maioria da população, eternizando a herança da escravidão. Significa também capturar o poder de reflexão autônoma da própria classe média (assim como da sociedade em geral), que é um recurso social escasso e literalmente impagável.




    Cancion con todos

    Salgo a caminar
    Por la cintura cosmica del sur
    Piso en la region
    Mas vegetal del viento y de la luz
    Siento al caminar
    Toda la piel de america en mi piel
    Y anda en mi sangre un rio
    Que libera en mi voz su caudal.

    Sol de alto peru
    Rostro bolivia estaño y soledad
    Un verde brasil
    Besa mi chile cobre y mineral
    Subo desde el sur
    Hacia la entraña america y total
    Pura raiz de un grito
    Destinado a crecer y a estallar.

    Todas las voces todas
    Todas las manos todas
    Toda la sangre puede
    Ser cancion en el viento
    Canta conmigo canta
    Hermano americano
    Libera tu esperanza
    Con un grito en la voz