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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

6.2.17

O “cidadão de bem” mudou o Brasil

 6/fev/2017, 0h10min

O "cidadão de bem" mudou o Brasil (por Fabrício Ribeiro Sales)



O "cidadão de bem" andava desaparecido desde as manifestações da "Marcha da Família com Deus pela Liberdade", ocorridas entre março e junho de 1964 como resposta a uma suposta ameaça comunista, que impulsionaram o Golpe Militar daquele ano. Ele ressurgiu, especialmente em 2015 e 2016, com a missão de tirar o PT do poder e acabar com a corrupção no Brasil. Mas…, quem é o "cidadão de bem"?

Segundo pesquisa do Datafolha o perfil dos manifestantes pelo golpe no domingo, 13 de março de 2016, era este: 50% dos entrevistados informaram receber de cinco a 20 salários-mínimos mensais, 12% se declararam empresários, 77% possuíam Ensino Superior completo, 18% informaram ter o Ensino Médio, 4% disseram ter estudado até o Ensino Fundamental e 77% declararam ser de cor branca. Eis aí o retrato do "cidadão de bem". São, portanto, brancos, estudados e com alta renda. Trata-se de empresários, profissionais liberais, comerciantes e funcionários de alto escalão do Judiciário, MP, MPF, Polícia Federal, Exército e de estatais.

Se, como dizia Edmar Bacha, o Brasil é uma "Belíndia", mistura de Bélgica e Índia, o "cidadão de bem" vive no padrão da Bélgica. Ele não utiliza o SUS, as escolas públicas, não precisa do Minha Casa Minha Vida, não utiliza transporte público, não é contemplado com o aumento real do salário-mínimo, FIES, PROUNI, Pronatec, enfim, não é beneficiário direto destas políticas sociais e não tem compromisso com elas.

O que este grupo social conseguiu mudar no Brasil?

Muita coisa, menos a corrupção. Junto com Eduardo Cunha e Renan Calheiros derrubaram a presidente eleita e colocaram no poder um político menor, que montou um governo de investigados e denunciados, dispostos a tudo para frear as investigações da Lava Jato e se manter no poder.

O novo governo passa a pagar a fatura dos financiadores do golpe, nacionais e estrangeiros. Assim, Michel Temer entrega áreas riquíssimas do pré-sal, reduz a participação do Banco do Brasil e Caixa Federal no mercado bancário, concede generosos reajustes às castas que apoiaram ou se omitiram no golpe, flexibiliza os direitos trabalhistas, reduz verbas da saúde e educação, acaba com o aumento real do salário-mínimo, inviabiliza a aposentadoria para milhares de brasileiros, doa 100 bilhões para as Teles, perdoa 01 trilhão de dívidas de latifundiários, aumenta a verba publicitária para os meios de comunicação, enfim, tira dos pobres para dar aos ricos, mudando o sentido da transferência de renda.

No entanto, o "cidadão de bem" está feliz. Tirou o PT do poder, missão cumprida. Além disto, ele tem boa renda e não se utiliza dos serviços públicos, então por que se preocupar se a grana do pré-sal que seria investida em educação, saúde e ciência agora vai para o lucro das petroleiras estrangeiras? Se as plataformas que eram feitas no Brasil, gerando trabalho e desenvolvendo a indústria naval, agora são contratadas no exterior para onde vão empregos e lucros? Se o enfraquecimento da Caixa e do BB favorece os bancos privados? Se a maioria das pessoas vai morrer antes de se aposentar? Se o desemprego, o fim do aumento real do salário-mínimo e o arrocho dos servidores vão reduzir drasticamente a renda e o consumo das famílias, levando de roldão a economia nacional?

O "cidadão de bem" não se preocupa com nada disto, pois foi adestrado para odiar. Desta forma, ele se recusa a pensar num projeto de país com alternativas que protejam o extrato mais pobre da sociedade. Quando ouve propostas como combate à sonegação de 500 bilhões anuais, taxação dos ganhos de capital, reforma tributária que desonere os setores médios e pobres, taxação da especulação financeira e redução da taxa Selic, ele reage como se fosse um grande capitalista e denuncia o comunismo, mandando todos para Cuba.

Parafraseando Emicida "Quem vê só um lado do mundo só sabe uma parte da verdade". O "cidadão de bem" está assim, só vê o seu lado. Ele não se interessa pelo futuro do país, pois tornou-se um serviçal bem pago dos exploradores do povo brasileiro. Ele vive bem e se sente garantido, é a personificação do individualismo total, acima da ideia de país e de nação.

Mas, será mesmo que o "cidadão de bem" está garantido? Vejamos. Com as políticas do golpe, aumenta a desigualdade social, passamos a conviver com mais pobreza, menos educação, menos saúde, mais violência, menos moradia, mais desemprego e mais miséria. Acrescente-se a isto, as demissões e o arrocho no salário dos servidores públicos e teremos um imenso contingente populacional com dinheiro suficiente apenas para sobreviver. Esta redução geral da renda vai impactar, negativamente, nas empresas, profissionais liberais, comerciantes, taxistas e outros, ou seja, muitos setores privados que apoiaram o golpe também vão empobrecer.

Mas, e o "cidadão de bem" que compõe a alta burocracia do Judiciário, MP, MPF, Polícia Federal, Exército e estatais, estará protegido? Aqueles que não forem privatizados estarão protegidos apenas pela garantia do emprego, pois a violência resultante do caos social atingirá a todos, indiscriminadamente. Portanto, este "cidadão de bem" também corre sérios riscos.

Na briga entre um Brasil solidário e um Brasil desumano o "cidadão de bem" fez a sua escolha e mudou o país. Ele ainda não percebeu, mas com o seu ódio o "cidadão de bem" deu um tiro em si mesmo e no futuro das próximas gerações.

.oOo.

Fabrício Ribeiro Sales é Servidor Público.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz