Canalhas! Canalhas! Canalhas!
Esperei por muito tempo, sem grandes expectativas, pelo dia em que finalmente escreveria a palavra repetida neste título. Digito a palavra pela primeira vez para identificar os jornalistas que contribuíram para que a caçada a Lula se estendesse a dona Marisa Letícia e acabasse por provocar sua morte.
Não são canalhas uma única vez. São várias vezes canalhas. Canalhas! Canalhas! Canalhas! São mil vezes canalhas os que se aliaram ao golpe que derrubou Dilma Rousseff e passaram a cercar covardemente Lula, seus filhos, sua mulher, seus parentes, sempre com o pretexto lacerdista da moralização da política.
São canalhas os cúmplices dos corruptos golpistas no poder. São canalhas os que escreveram livros com ataques à Lula para tentar ganhar fama e dinheiro com acusações infantis e sem provas. São canalhas os que se dedicaram quase que diariamente a atiçar a Polícia Federal, o Ministério Público e a república de Curitiba contra Dilma e Lula.
São canalhas os jornalistas golpistas que devem ter escrito ontem sobre a morte de Marisa Letícia. Muitos de seus textos irão aparecer hoje nos jornais. São canalhas os que se atreverem a expressar sentimentos magnânimos, porque estariam acima de discordâncias e ideologias.
O jornalismo golpista ajudou a matar Marisa Letícia, processada desde setembro pelo juiz Sergio Moro.
Nunca Aécio Neves, o mais delatado dos políticos brasileiros, foi processado. Nunca abriram inquérito contra a irmã de Aécio, denunciada como recebedora de propinas para o tucano. Nunca investigaram José Serra, o homem dos R$ 23 milhões da Odebrecht na Suíça.
Nunca quiseram saber onde foram parar os R$ 10 milhões que o tucano Sergio Guerra recebeu de empreiteiras para melar uma CPI da Petrobras. Nunca condenaram nenhum tucano do metrô superfaturado e da merenda roubada de São Paulo.
Mas pegam os parentes de Lula e os parentes de amigos de Lula. E pegaram Marisa Letícia, porque era mulher de Lula e estaria envolvida na história fajuta do tríplex do Guarujá.
O jornalismo canalha ajudou na caçada a Marisa Letícia. O mesmo jornalismo canalha que poupa tucanos e amigos do homem do Jaburu e que agora irá simular que chora a morte de Marisa.
Jornalistas canalhas não devem evitar hoje a tentação da farsa dos textos de pesar pela morte de quem eles ajudaram a matar. Jornalistas canalhas devem ter a grandeza de serem canalhas autênticos.
E jornalistas canalhas autênticos devem escrever artigos cheios de lirismo e delicadezas sobre dona Marisa Letícia. Escrevam e publiquem. Os leitores sabem identificar o texto de um jornalista canalha.
(Apenas para lembrar, a expressão "canalha" foi consagrada pelo deputado Tancredo Neves, como reação ao golpe de 64, quando ele a repetiu duas vezes contra Auro de Moura Andrade, presidente do Senado, no momento em que este declarou que a presidência da República estaria vaga. O neto de Tancredo é um dos golpistas de hoje.)
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