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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

31.8.16

Darcy Ribeiro

"Meus fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu"

Darcy Ribeiro

BOECHAT CHAMA IMPEACHMENT DE “CONSPIRAÇÃO” E DIZ QUE HOJE “É UM DIA TRISTE” :

247 – Em seu comentário matinal para a BandNews, o jornalista Ricardo Boechat definiu esta quarta-feira, 31 de agosto, como "um dia triste", horas antes de a presidente Dilma Rousseff ser afastada do cargo pelo Senado Federal. Segundo Boechat, "não há o que comemorar".

"Qualquer país que tenha que apear do poder um presidente eleito, em uma eleição confusa e cheia de mentiras dos dois lados, mas democrática e direta, qualquer país que caminhe para isso em uma ruptura democrática não pode ser um país que comemore esse tipo de situação", disse.

"O melhor é que as eleições decidam", acrescentou Boechat, destacando que "a rigor não há o que comemorar quando a democracia caminha na anormalidade". "É um dia que eu preferia que não existisse, porque é uma ruptura, um trauma", afirmou.

Sobre o presidente interino, Michel Temer, Boechat declarou que ele "não terá mais tempo nem álibi para justificar, com a discussão do impeachment, nenhum ato que deixe de praticar dentro daqueles que o país espere que pratique".

"Acabou o álibi para Temer e seus aliados. É hora dessa gente mostrar a que veio, mostrar que razões motivaram essa conspiração, essa luta política da qual hoje pode sair e sairá vitoriosa", afirmou. "Temer, comece a mostrar serviço", cobrou.

Assista ao seu comentário:

http://www.brasil247.com/pt/247/midiatech/252637/Boechat-chama-impeachment-de-%E2%80%9Cconspira%C3%A7%C3%A3o%E2%80%9D-e-diz-que-hoje-%E2%80%9C%C3%A9-um-dia-triste%E2%80%9D.htm


O Randolfe de hoje pode ser você amanhã

Randolfe se arrependeu. Teve até tempo de discursar e lutar contra o golpe. O mesmo não fez, por exemplo, Cristovam Buarque, assim como parte da população brasileira. O Randolfe de hoje, arrependido, pode ser você amanhã. Quando perder seus direitos sociais, for trocado por um trabalhador terceirizado ou ainda, numa hipótese mais trágica porém real, ver escorrer entre seus dedos o maior programa de inclusão social do mundo: o SUS. Sabe aquela coisa de tratamento de alta qualidade contra o câncer? Fazer um transplante de coração sem custo adicional nenhum? Tudo pago apenas pelos seus impostos?

Foto: Roque de Sá/Agência Senado

O Randolfe de hoje pode ser você amanhã

Por Gibran Mendes, para os Jornalistas Livres

Pois bem, é evidente que o senador Randolfe Rodrigues destacou-se na defesa democracia. Foi uma das vozes dissonantes do discurso Deus, família e conjunto da obra. Optou pela legalidade, não pelo golpe. Contudo, não podemos esquecer, que dois anos antes Randolfe marchava triunfante ao lado de figuras como Álvaro Dias, Paulinho da Força, Mendonça Filho, Aloysio Nunes e (argh!) Aécio Neves.

Randolfe, imagino, deve ter arrepios ao ver essa foto. Se pudesse, apagaria. Mas a internet de hoje é o Aldo Raine (personagem de Brad Pitt no filme Bastardos Inglórios) de ontem. Não permite esquecimento. Não há mais esse direito. Essa foto está registrada e assim permanecerá. Assim como aquelas do povo de verde amarelo, da camisa da CBF, que foi para as ruas contra a corrupção e para apoiar o golpe.

O governo do golpista Michel Temer já anunciou o fim do programa de combate ao analfabetismo. Tramitam no Congresso Nacional mais de 30 projetos que ferem de morte direitos sociais. Servidores públicos da nova geração perceberão o que significa a expressão "arrocho". Está em curso uma grande jogada de salvação, como anunciado por Romero Jucá, de políticos da Lava Jato. O caso da Veja/Toffoli/OAS/PGR é o mais visível de todos. A delação de Léo Pinheiro, que trataria de casos brabos envolvendo Aécio Neves e José Serra, está por um fio em uma jogada tão simples quanto eficiente.

Randolfe se arrependeu. Teve até tempo de discursar e lutar contra o golpe. O mesmo não fez, por exemplo, Cristovam Buarque, assim como parte da população brasileira. O Randolfe de hoje, arrependido, pode ser você amanhã. Quando perder seus direitos sociais, for trocado por um trabalhador terceirizado ou ainda, numa hipótese mais trágica porém real, ver escorrer entre seus dedos o maior programa de inclusão social do mundo: o SUS. Sabe aquela coisa de tratamento de alta qualidade contra o câncer? Fazer um transplante de coração sem custo adicional nenhum? Tudo pago apenas pelos seus impostos?

Você provavelmente não terá a sorte de Randolfe, de ao menos, dizer que foi contra o golpe. Mas poderá tentar apagar aquela foto com a máscara do japonês — preso — da federal, ou ainda, alegar que foi um inocente útil. Espero, apenas, que como Randolfe você se arrependa e trate isso de forma pedagógica. Pois a reafirmação do equívoco tratará de mudar o seu lado na história. Deixará de ser um inocente útil e passará para a baia dos covardes. De lá continuará assumindo discursos prontos, falará em herança maldita e repetirá idiotices "Se a Dilma estivesse aqui seria ainda pior". Não será mais uma vítima dos Mervais, das Lobos ou dos Mainardes. Será um deles.

Neste caso, de você não terei sentimento algum relacionado. Nem raiva, nem pena. Este último sentimento será destinado apenas aos seus netos, como diria a "jurista" dos 45 mil tucanos cuja procuração, segundo ela, é divina. Eles estarão condenados sem culpa, assim como Dilma. Mas em seus casos a viver em um País que abortou novamente seu projeto de nação.

Você pode ser o Randolfe de amanhã.

Ao menos espero que seja.





Aliados de Dilma contestam cálculos de adversários. Seguem conversas de bastidores

IMPEACHMENT

Aliados de Dilma contestam cálculos de adversários. Seguem conversas de bastidores

Senadores pró-impeachment dizem que têm entre 60 e 62 apoios; contrários ao afastamento acham que base de Temer não tem ainda os 54 votos necessários
por Hylda Cavalcanti, da RBA publicado 30/08/2016 18:26, última modificação 30/08/2016 18:32
EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO
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Parlamentares usam as horas finais antes da votação do impeachment para negociação de votos

Brasília – Com a proximidade do encerramento da sessão do impeachment da presidenta Dilma Rousseff hoje (30), no Senado, parlamentares fazem contas. Para o ex-ministro do Planejamento do governo Temer, senador Romero Jucá (PMDB-RR), e o ministro provisório da Casa Civil, Eliseu Padilha, a expectativa é de 60 votos pela perda do mandato. Já para os aliados de Dilma como Lindbergh Farias (PT-RS) e Jorge Viana (PT-AC), os adversários possuem 52 votos, faltando dois necessários para aprovar o impeachment. O grupo dá como certo 29 votos contra.

O senador Romero Jucá, que tem dedicado os últimos dias a articulações pelo impeachment, diz que ele poderia até falar em 62 votos, mas que dois apoios estão indefinidos. No grupo de apoio a Dilma, o principal negociador tem sido o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner – e o que se fala é que as conversas correm soltas.

A maior surpresa da terça-feira, no entanto, foi o desmentido feito pelo senador Hélio José (PMDB-DF), que na noite de ontem indicou uma mudança para se posicionar favorável à presidenta e contra o impeachment. O parlamentar tinha votado pela admissibilidade do afastamento de Dilma e protagonizou, recentemente, uma crise política no DF – flagrado numa gravação em que dizia que tinha "os cargos que quisesse no Ministério do Planejamento", no governo provisório de Michel Temer.

Depois de atritos com o governo interino e após ter participado de muitas conversas com integrantes do PT, ele anunciou uma mudança na forma como iria votar. Nesta terça-feira, entretanto, chegou quieto ao Senado dizendo que após avaliar até o final o discurso da presidenta, achou que houve, sim, descumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).

Perguntado por jornalistas sobre reuniões que teria tido nas últimas horas a respeito de cargos com integrantes do governo Temer, Hélio José desconversou. Ressaltou que a gravação divulgada na imprensa foi editada e que ele não recebeu compromisso de ter direito a indicar cargo algum, nem chegou a pedir por isso. Também negou que tivesse participado de uma última conversa com peemedebistas.

O movimento "deixo- não deixo" sobre apoio ou não ao impeachment, feito por Hélio José, levou a debates no cafezinho do Senado e, até, a piadas entre os senadores. Político considerado de baixo clero em Brasília, ele chegou a ser candidato a deputado distrital e perdeu as eleições. Emplacou uma chapa como suplente do então senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF) em 2010 por orientação do PMDB e, em 2014, para surpresa dele próprio, foi chamado a assumir o cargo depois da eleição de Rollemberg para o governo do Distrito Federal.

"Já pensou no Hélio José dirigindo um órgão do Ministério do Planejamento?", questionou hoje um integrante do PT. Mas as contradições do senador terminaram inspirando a criação de vários memes nas redes sociais, principalmente relacionados às suas frases. Durante a votação que admitiu o processo de impeachment, ele disse que "tinha convicção de que as provas (contra a presidenta) eram robustas".

Ontem, o senador afirmou que ao analisar o conjunto da peça probatória ficou "impressionado com a fala do senador Paulo Paim (PT-RS)" e, por isso, estava quase convencido que era preciso votar contra o impeachment para evitar perdas de direitos para os trabalhadores. Hoje, o discurso defendido foi de que ele votará pelo impeachment "independentemente de vir a receber ou não cargos no governo Temer".

'Revelação' de Otto Alencar

Outra surpresa foi o posicionamento do senador Otto Alencar (PSD-BA). Ele vinha se esquivando de confirmar a forma como iria votar e dava esperanças por parte dos dois lados. Alencar foi, ao longo do mês, bastante procurado pelos aliados de Temer e chegou a participar de uma solenidade no Palácio do Planalto, duas semanas atrás – o que foi considerado um sinal de que iria votar com a base aliada do governo provisório. Mas o cômputo ficou para o lado dos aliados da presidenta Dilma.

O senador baiano disse que votará contra o impeachment. Ele foi eleito pela chapa do ex-ministro Jaques Wagner para o Senado (quando Wagner foi reeleito governador, pelo PT, em 2010), mas sempre foi considerado um político aliado ao DEM e ao PMDB no seu estado. "Estavam dizendo que sou um dos indecisos, portanto, o momento exige que eu me posicione desde já e estou fazendo isso", afirmou, sem muitas justificativas.

Um outro impasse diz respeito ao voto do senador Roberto Rocha (PSB-MA). Da mesma forma que os outros citados, Rocha tem sido abordado pelos dois lados e ainda não confirmou como vai votar. Hoje, alguns veículos de comunicação mencionaram que, durante as negociações com a base de Michel Temer, tinha sido proposto a ele que, se votasse pelo impeachment, seria contemplado com uma das diretorias do Banco do Nordeste. Ninguém confirmou nem negou a informação até agora.

Mota continua com Dilma

Também ontem, na abertura dos trabalhos, o senador Telmário Mota (PDT-RR) – que votou contra o impeachment e tinha dito que estava indeciso – confirmou seu voto. Mota divulgou uma nota dizendo que ficou o dia todo "pensando sozinho sobre a decisão que tomaria, mas faltava questionar a presidenta sobre como será a sua governabilidade caso ela volte ao poder".

E afirmou: "Dilma acaba de me convencer de que buscará 'os bons' para governar ao lado dela". Na verdade, sabe-se que a nota foi só uma justificativa do senador para dizer aos com quem manteve entendimentos que realmente votará favorável à presidenta afastada.

Outro que disse que tudo dependeria da avaliação que fosse fazer ao final do discurso de Dilma foi o senador Jáder Barbalho (PMDB-PA). Barbalho participou dos governos do PT durante mais de oito anos e seu filho, Hélder Barbalho, ocupou o cargo de ministro dos Portos, no governo Dilma. Hoje, Hélder é titular da pasta de Integração Nacional.

O senador paraense se absteve de votar na primeira sessão que admitiu o impeachment, com o argumento de que estava hospitalizado, na época. Ontem, ele só chegou ao Senado no meio da tarde. Seu voto é tido como favorável ao impeachment pelos peemedebistas, mas o senador levou a suposições diversas sobre sua conduta, nas últimas 24 horas.

Há pouco, o senador Fernando Collor (PTB-AL), que tinha conversado por longas horas com Dilma Rousseff na última sexta-feira, no Palácio do Alvorada – e era considerado um dos parlamentares indecisos – subiu ao plenário. Collor leu trechos da carta da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) no período do seu impeachment e ressaltou em tom solene: "Faço minhas, hoje, as palavras que foram registradas neste documento de 24 anos atrás", confirmando que votará pelo afastamento da presidenta.

Em meio a choros, defesas, acusações e desaparecimentos rápidos dos parlamentares do plenário por uma ou até duas horas para "pequenas reuniões", o que é dado como certo por observadores diversos é que, de agora até o final da sessão, o ambiente que perdura no Senado diz respeito muito mais às confissões sobre votos e quem ficará ao lado de quem do que ao conteúdo dos discursos que estão sendo proferidos sobre apoio à democracia ou rompimentos constitucionais.

http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2016/08/na-reta-final-cada-lado-faz-contas-e-avalia-votos-enquanto-buscas-por-apoios-nao-cessam-2227.html





motivo...

31 de agosto de 2016

Hoje, dia 31 de agosto de 2016, acontecerá mais um episódio terrível na história brasileira, um circo dos horrores, como no dia 17 de abril deste ano. Aparentemente, não é cobrado ingresso, mas o preço será pago por muitos anos, pelos brasileirxs mais pobres, empobrecendo ainda mais a muitos, e enriquecendo ainda mais a pouquíssimos, voltando a viver como Casa Grande e Senzala.

A todxs xs senadorxs #golpistas ficará o desprezo de muitxs (agora muitxs, e serão mais xs que despertarão após entender o que aconteceu de fato), que indignadxs não aceitamos esse golpe a democracia. O desprezo também será em relação a todxs que apoiaram o #golpe: judiciário (todo o judiciário, e polícia federal, tcu, stf), legislativo (câmara, senado,...), mídia daqui (a mídia internacional denunciou o golpe), a oab (que envergonha xs advogadxs que acreditam e lutam pela democracia), e todxs que atuaram diretamente, além dos que se omitiram (tudo com minúscula ante o seu papel na história).

Hoje a democracia brasileira será enterrada pelxs golpistas.

Mas, nós, que acreditamos nela, continuaremos lutando...! o/

#LutarSempre

"O homem (e mulher) que se vende recebe sempre mais do que vale." Barão de Itararé

"O homem (e mulher) que se vende recebe sempre mais do que vale." Barão de Itararé

30.8.16

O posicionamento de cada senador ficará gravado na história...

A história não perdoará os golpistas e as golpistas que votarem contra os/as trabalhadores/as e contra o projeto democrático de país. 

Não é impeachment, é GOLPE. 

E os/as brasileiros/as não perdoarão os/as golpistas. 






'Resistirei para despertar as consciências'

30/08/2016 15:38 - Copyleft

'Resistirei para despertar as consciências'

Dilma recordou quando seus algozes não tiveram coragem de olhar de frente para ela. E afirmou: 'não esperem de mim o obsequioso silêncio dos covardes'.

Darío Pignotti, de Brasília, para o Página/12


"Resisto (…) e resistirei sempre". Cinco anos e meio depois de iniciado o seu primeiro mandato, Dilma Rousseff se apresentou diante do Senado para se pronunciar sobre o juízo político contra ela, num testemunho de transcendência histórica. Ela não era obrigada a fazê-lo, pois sua defesa poderia ser apresentada pelo advogado defensor José Eduardo Cardozo, mas fez questão de estar pessoalmente cara a cara com aqueles que a julgam, como ela mesma remarcou, "por delitos de responsabilidade (de Estado) que não cometi (…), pois não tenho contas no exterior e não me enriqueci com dinheiro público".

"Venho para olhar diretamente nos olhos de vossas excelências e dizer que não tenho nada a esconder" disparou, ao abrir o seu abrir discurso inicial, de 44 minutos, diante de um recinto repleto e silencioso.

Ao chegar ao Congresso Nacional, pela manhã, junto com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – com quem havia ajustado os últimos pontos de sua estratégia –, Dilma recebeu um ramo de rosas vermelhas por parte dos senadores do Partido dos Trabalhadores.

O cantor e escritor Chico Buarque também viajou à Brasília para apoiar a presidenta e a continuidade democrática. Ele assistiu a sessão das galerias, junto com Lula, Wagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), e Guilherme Boulos, líder dos Trabalhadores Sem Teto (MTST).

Dilma recordou haver enfrentado com as armas a ditadura nos Anos 70 quando, enfrentou os olhares envergonhados dos juízes militares de um tribunal de exceção, que tapavam o rosto para não serem registrados por um fotógrafo.
 
Ela agradeceu a presença de Chico Buarque e citou aquela foto em branco e preto, tomada há 22 anos numa base militar do Rio de Janeiro, agregando que agora "não esperem de mim o obsequioso silêncio dos covardes diante daqueles que querem atentar contra a democracia (…) vou resistir para despertar as consciências adormecidas".
 
Foi, possivelmente, o último discurso diante do parlamento de uma presidenta que, nesta semana, será destituída por uma folgada maioria de senadores, envolvidas com a estratégia destituinte que iniciará o ciclo do Brasil pós-democrático administrado por um governo "usurpador", a cargo de Michel Temer.
 
Segundo uma sondagem publicada na noite desta segunda-feira (29/8) pelo diário O Globo, os simpatizantes do impeachment têm 53 votos, contra 19 dos aliados de Dilma e 10 que não revelam sua posição.
A lei do impeachment estabelece que para determinar o fim do mandato de um chefe de Estado é preciso uma maioria especial de 54 dos 81 membros da câmara alta.
 
Durante uma sessão iniciada às 9h54, Rousseff sustentou que o "golpe de Estado" em curso tem como verdadeiras beneficiárias as elites que "nunca apostaram na democracia".
 
Altiva, indignada, ela falou aos membros do Senado, que serão os juízes do impeachment, tentando persuadi-los de votar por sua inocência e restituição no cargo do que foi separada no dia 12 de maio. Detalhou a falta de provas que respaldem as imputações contra ela, que alegam haver violação da Lei de Responsabilidade Fiscal, através de maquiagem das contas públicas em 2014, o ano em que foi reeleita no segundo turno, vencendo o opositor Aécio Neves.
 
Dilma reiterou que, se regressar ao governo, convocará um plebiscito para consultar a sociedade sobre a realização de eleições antecipadas, e que as realizará em breve.
Ao redor desse pronunciamento factual, destinado a salvar seu mandato, flutuava um subtexto com ambição de falar ao futuro, um trecho dirigido aos militantes reunidos ontem diante do Senado, na avenida central de Brasília. Na mesma hora, outros grupos eram reprimidos pela polícia militarizada de São Paulo.
 
Dilma Rousseff falou pensando também nas possíveis lutas que virão para restabelecer a democracia a ponto de ser derrotada. "Vou a resistir para despertar as consciências ainda adormecidas e para que todos juntos fiquemos do lado correto da história, não luto por meu mandato nem por apego ao poder, como fazem os que não têm caráter nem utopias".
 
Ela se referiu ao atual impeachment e a outros momentos de degradação vividos no Brasil durante o século passado. Dentro dessa linha argumentativa, ela citou a campanha orquestrada pela direita para acabar com o governo de Getúlio Vargas, que finalmente se suicidou, em 1954, e também o golpe de Estado que derrubou o governo de João Goulart, em 1964.

A mão de Deus
 
"Ela esteve muito bem, firme, disse o que tinha que dizer" comentou Lula, de terno e camisa sem gravata, durante um dos intervalos da sessão. Ele assegurou não ter perdido a "esperança" por uma reviravolta dos votos, que levaria à restituição de sua companheira.
 
A senadora Vanessa Grazziotin, do Partido Comunista do Brasil (PC do B), reforçou as palavras do ex-mandatário, comentando que "ainda estamos conversando, buscando somar mais votos". Uma fonte legislativa do PT disse à reportagem do Página/12 que "as possibilidades são muito, muito remotas, mas a mão de Deus ainda pode nos salvar". Se referia as conversações que Lula mantinha ontem com os senadores, para convencê-los a revisar o seu voto.
 
"Eu acuso"
 
Dilma Rousseff deixou para alguns correligionários, como o aguerrido senador Lindbergh Farias, do Partido dos Trabalhadores (PT), as afirmações mais veementes sobre como foi montada a "arquitetura da conspiração".
Assim, enquanto ela mencionou a "cumplicidade" dos meios com o plano destituinte, Farias completou a denúncia dizendo: "eu acuso a Rede Globo, que há três anos estava pedindo desculpas por apoiar a ditadura, e que agora embarca em outro golpe".
 
Enquanto era acompanhado pelo gesto de aprovação de Rousseff, Farias agregou: "eu acuso as elites, que sabotaram a política externa independente e que também querem entregar os poços (petroleiros da zona) do Pré-Sal às companhias estrangeiras".
 
Essa afirmação do senador petista, que antes havia mencionado a cumplicidade do governo de Temer com a multinacional petroleira Chevron, foi ratificada por Rousseff. Ela disse que "aqui também está em jogo os destinos dos grandes poços descobertos na zona do Pré-Sal". Se estima que a zona possui cerca de 60 bilhões de barris de petróleo cru.
 
Entre os senadores conservadores, o ruralista Ronaldo Caiado e o pastor evangélico Magno Malta usaram suas intervenções para questionar a diplomacia petista, especialmente as relações com a América Latina, o apoio a Cuba para a construção do Porto de Mariel, que foi financiado pelo banco estatal BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

Dilma respondeu Caiado e Malta, conhecidos como congressistas propensos a serem aliados oficiosos da embaixada estadunidense, defendendo a "inserção soberana do nosso país no mundo e a política externa autônoma, não imperialista" implantada pelas gestões petistas.
 
"Sim (…), em outros tempos, seria um delito apoiar a construção de Mariel. Depois que Obama visitou Cuba, hoje vemos que Mariel é um porto disputado por norte-americanos e europeus".
 
Tradução: Victor Farinelli

Créditos da foto: reprodução

“Em certo sentido, o golpe atual é pior que o de 64, pois tem um compromisso antinacional e reacionário muito mais violento”.

'Governo Temer é profundamente antinacional. É pior que 64'. Entrevista com Wanderley Guilherme dos Santos

"O governo de Michel Temer dá as primeiras passadas, acelerando para o grande salto para trás e a grande queima de estoques. A massa assalariada brasileira está sendo vendida a preços de saldo, com as liquidações iniciais dos programas educativos e sociais. O patrimônio de recursos materiais, como antes, será oferecido como xepa. A repressão à divergência não será tímida. Não há nada a esperar". Esse é o resumo da obra que será exibida no Brasil nos próximos meses, talvez anos, na avaliação do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, professor aposentado de Teoria Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador sênior do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ).

A entrevista é de Marco Weissheimer, publicada por Sul21, 29-08-2016.

http://www.ihu.unisinos.br/559423-governo-temer-e-profundamente-antinacional-e-pior-que-64-entrevista-com-wanderley-guilherme-dos-santos



Indignação diante da injustiça

Processo de impeachment de Dilma é 'farsa' e 'assalto ao poder', diz historiadora francesa


Greenwald Presidente eleita é tirada por gangue de criminosos.htm


"O povo não retornará submisso à senzala."


Senadores pedem investigação de técnico e procurador que forjaram pela contra Dilma


Com razão, alma e coração


Indignação diante da injustiça


O golpe está desmoralizado no mundo inteiro


"A queda de Dilma só prova que o único crime imperdoável é a honestidade!"



Defensores da democracia


Governo Temer é profundamente antinacional. É pior que 64.
Entrevista com Wanderley Guilherme dos Santos


Celebridades defendem Dilma Rousseff em processo de impeachment


Defesa de Dilma no Senado repercute em todo o mundo 









‘Governo Temer é profundamente antinacional. É pior que 64’. Entrevista com Wanderley Guilherme dos Santos


'Governo Temer é profundamente antinacional. É pior que 64'. Entrevista com Wanderley Guilherme dos Santos


29 Agosto 2016

"O governo de Michel Temer dá as primeiras passadas, acelerando para o grande salto para trás e a grande queima de estoques. A massa assalariada brasileira está sendo vendida a preços de saldo, com as liquidações iniciais dos programas educativos e sociais. O patrimônio de recursos materiais, como antes, será oferecido como xepa. A repressão à divergência não será tímida. Não há nada a esperar". Esse é o resumo da obra que será exibida no Brasil nos próximos meses, talvez anos, na avaliação do cientista político Wanderley Guilherme dos Santos, professor aposentado de Teoria Política da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e pesquisador sênior do Instituto de Estudos Sociais e Políticos (IESP-UERJ).

A entrevista é de Marco Weissheimer, publicada por Sul21, 29-08-2016.

Em um artigo intitulado "O grande salto para trás de Michel Temer", publicado em seu blog "Segunda Opinião", o cientista político prevê dias sombrios para o país e aponta algumas características do bloco que apoia Temer e que pretende implantar uma novaagenda política e econômica no país, sem ser referendada pelo voto popular, com a confirmação da derrubada da presidenta Dilma Rousseff.

Wanderley Guilherme dos Santos fala sobre essa agenda, destacando o seu caráter profundamente antinacional. Para ele, o movimento golpista pretende recolocar o Brasil no fluxo normal das relações do capitalismo que havia sido interrompido com a eleição de Lula em 2002. "O que vai acontecer agora, e já começou a acontecer, como tem ocorrido em várias democracias sociais no mundo inteiro, uma redefinição programática drástico dos contratos de solidariedade social com uma hegemonia desabrida da lógica do interesse do capital", assinala. Para tanto, acrescenta, a esquerda foi expulsa do jogo político legal por algum tempo. "Eles não deixarão Lula ganhar a eleição em 2018 em hipótese alguma. Não sei como vão fazer, mas não deixarão", diz, advertindo que a tentativa de prisão do ex-presidente Lula é uma possibilidade real neste cenário.

Eis a entrevista.

Como você definiria a atual situação política do país e, mais especificamente, o que está acontecendo no Senado nos últimos dias, com o julgamento do impeachment da presidenta Dilma Rousseff?

Eu não tenho acompanhado o Senado e nem o Supremo Tribunal Federal porque, já há algum tempo, tenho a convicção de que está tudo essencialmente resolvido. É uma peça cuja primeira montagem, para a minha sensibilidade, teve alguma emoção. Agora, virou algo mecânico. Por isso não estou acompanhando o que ocorre no Senado. Não vai daí nenhuma depreciação das pessoas. Elas estão cumprindo o protocolo, mas, no fundo, todos sabem que está resolvido.

Com a confirmação do afastamento de Dilma, quais podem ser as repercussões políticas e sociais no país?

Acho que ocorrerão desdobramentos e aprofundamentos do telos, da finalidade deste movimento que pretende recolocar o Brasil no fluxo normal das relações do capitalismo que havia sido interrompido com a eleição de Lula em 2002. A inserção do Brasil nosistema capitalista evoluiu muito durante os governos de Fernando Henrique Cardoso, quando foram construídos laços explícitos com o modelo internacional. Previamente a isso, havia uma indefinição sobre o rumo que o país iria tomar. Mesmo durante o período militar, havia uma disputa permanente entre os nacionalistas e os mais, digamos cosmopolitas. Isso foi resolvido, primeiro, com a vitória de Collor e, depois, com a de Fernando Henrique, quando tivemos oito anos de ajustamento da dinâmica brasileira ao modelo capitalista internacional. Isso foi interrompido em 2002.

O que vai acontecer agora, e já começou a acontecer, como tem ocorrido em várias democracias sociais no mundo inteiro, uma redefinição programática drástico dos contratos de solidariedade social com uma hegemonia desabrida da lógica do interesse do capital. Esse processo já está em curso.

Na sua opinião, pode ocorrer uma reação na sociedade a esse processo, especialmente entre os setores que devem ser mais atingidos por essa redefinição programática? Há uma aparente calmaria na sociedade hoje, considerando a gravidade de tudo o que está acontecendo. O que essa calmaria expressa? Apatia? Indiferença?

Acredito que temos aí uma composição de percepções. Em primeiro lugar, há o reconhecimento da falta de recursos. Os assalariados, de modo geral, com a ameaça dedesemprego, estão muito pouco dispostos a participar de manifestações com pautas universais, generalizantes. Só farão isso por questões específicas. Essa postura obedece a razões materiais compreensíveis. Em segundo lugar, por uma avaliação, na minha opinião bastante sensata também, de que esse esquema de redefinição programática e de reajustamento reacionário é muito forte e pouco vulnerável a pressões externas. Ele tem algumas instabilidades, como essa briga agora entre Gilmar Mendes e o Ministério Público Federal, mas elas não transbordarão para uma associação com quem está de fora. Assim, acredito que essa aparente apatia não é, na verdade, uma apatia, mas sim uma avaliação bastante pessimista, porém racional.

Em que medida a Constituição de 1988 está sendo afetada pelo que está acontecendo agora no Brasil?

A Constituição, propriamente, não está sendo atingida. O texto da Constituição consagra uma série de votos de boa vontade. O que aconteceu, de 2002 até aqui, foi uma tradução desses votos constitucionais em políticas específicas sérias e sistemáticas. Como essas intervenções sociais não foram constitucionalizadas, como ocorreu, por exemplo, com a Consolidação das Leis do Trabalho, elas ficaram muito vulneráveis a mudanças ministeriais e de governo. Então, o que está ocorrendo agora é um desmanche das políticas sociais construídas a partir de 2002 e a instalação de uma forma diferente de ler os votos constitucionais que não são específicos, mas sim declarações de intenções. O que está sendo atingido é a gramática que traduzia essas declarações de intenções em políticas sociais específicas.

Qual é, na sua avaliação, a capacidade do PT e da esquerda brasileira de um modo geral, de resistir a esse processo e de enfrentar o período que se abre agora na história do país?

Há um trabalho que vem sendo realizado há alguns anos junto ao subconsciente da sociedade para cultivar a impressão de que tudo o que vinha sendo feito desde 2002 era algo paliativo, populista e maligno para comprar o apoio das classes mais desfavorecidas. Foram anos de condicionamento da subjetividade nacional e grande parte dela ficou bastante hesitante no que pensar diante de uma lava jato. Não obstante a execução efetiva dos procedimentos legais que até agora condenaram empresários, burocratas, marqueteiros e alguns políticos, o único grande nome do PT condenado neste processo é o Vaccari (João Vaccari Neto, ex-tesoureiro do partido).

Desde o início da Lava Jato, os vazamentos, delações, declarações são sempre em relação ao PT. Por isso não cessa a Lava Jato. Toda semana tem uma ameaça nova sobre a prisão de fulano ou de sicrano. E não acontece. Não acontece porque não tem base e as coisas não colam. Há alguns meses, o Lula seria preso por causa do sítio em Atibaia ou por um apartamento no Guarujá. Isso era martelado diariamente como se fosse verdadeiro e suficiente para tornar alguém incomunicável. A Lava Jato colheu os frutos desses 13 anos de cultivo de uma subjetividade disposta a aceitar determinadas coisas. E a devastação produzida por isso foi muito grande. A imensa maioria das forças de esquerda não tem nada a ver com o número de pessoas denunciadas e condenadas pelaLava Jato. Há uma discrepância absoluta aí e ninguém está se dando conta disso.

Há dois processos em curso. Há um processo teatral e um processo real. Os personagens reais estão lá na lista de denunciados e sentenciados pela Lava Jato, da qual não constam políticos do PT, com exceção de Vaccari e Delcídio, que era um recém-chegado ao partido. A Lava Jato continua produzindo essa devastação na esquerda.

Então, é natural que o eleitorado de esquerda esteja, não digo intimidado, mas aguardando os acontecimentos, pois foi colocado sobre seus representantes um véu generalizado de suspeição, o que faz com que ninguém se arrisque a por a mão no fogo por ninguém. A situação de meio paralisia que vemos hoje é uma situação de intimidação. Tudo contribui para um curto e médio prazo não muito róseo para aesquerda brasileira.

Você acredita que a Lava Jato, uma vez confirmado o afastamento da presidenta Dilma, tende a terminar?

Não. Pode até ser que eles tenham pensado nisso em algum momento do processo, mas acho que tomaram gosto pela coisa. É um poder que, agora, o Gilmar Mendesidentificou. É um poder excepcional esse de ter informações sigilosas sobre as pessoas, de saber quem faz o quê, em um contexto em que acusação e difamação se confundem. É um poder tirânico, aparentemente dentro da lei. Eu duvido que isso termine tão cedo.

Em que medida esse bloco que está apoiando Temer e a derrubada da Dilma é um bloco coeso e sólido, considerando especialmente as relações entre PMDB e PSDB?

Pode haver algumas rusgas internas, mas acho que o bloco reacionário é sólido. A esquerda foi expulsa do jogo político legal por algum tempo. Lamento, mas eu leio o que está escrito. Posso estar lendo errado, mas tento ler o que está escrito.

Como avalia a possibilidade do movimento sindical e dos movimentos sociais resistirem à agenda de políticas defendidas pelo bloco político e social de Temer, que inclui propostas como a flexibilização da CLT e a precarização de direitos?

Os movimentos sociais podem resistir um pouco, mas dentro do sistema político legal atual, lá entre eles, a situação não é tão fácil assim. Nem todos são reacionários de alfa a ômega. Há representantes dentro do Legislativo e da burocracia que tem interesses a defender e estão envolvidos com uma série de políticas. Então, acho que não será tão fácil para eles e não cumprirão 100 por cento do que gostariam os mais radicais deles, mas isso por conta de resistências dentro do próprio bloco deles. Esse bloco é muito sólido no seu veto à esquerda. O consenso básico deles é: esquerda fora. Esse é o denominador comum que os unifica.

"Em certo sentido, o golpe atual é pior que o de 64, pois tem um compromisso antinacional e reacionário muito mais violento".

Tudo isso que estou dizendo não significa que nós vamos ficar olhando para tudo isso de braços cruzados, sem fazer nada. O que estou fazendo é procurar ver essa conjuntura com um olhar realista, inclusive para não criar expectativas falsas. As lideranças da esquerda não podem ficar levantando expectativas falsas que sabem que não poderão cumprir. Isso é ruim. O que não quer dizer que vamos ficar parados. Nós ficamos parados durante a ditadura? Não e tampouco ficaremos parados agora. Na ditadura, não acreditávamos que, em 48 horas, iríamos derrubar os generais. Nem por isso ficamos parados.

Em certo sentido, o golpe atual é pior que o de 64, pois tem um compromisso antinacional e reacionário muito mais violento que o dos militares daquela época. Estes tinham uma seção autoritária, mas comprometida com interesses nacionalistas. Não é o caso agora. Cerca de 90% desse bloco que apoia Temer é profundamente antinacional. Isso não está acontecendo só aqui, vem acontecendo pelo mundo inteiro depois da crise de 2008.

Você vê alguma possibilidade de Lula vencer a eleição em 2018 e retornar ao governo?

Eles não deixarão Lula ganhar essa eleição em hipótese alguma. Não sei como vão fazer, mas não deixarão. A esquerda não ganhará a eleição em 2018 de jeito nenhum. O que não quer dizer que a gente não vá mostrar a cara. Dependendo do andar da carruagem e se as eleições fossem livres, hoje eu acho que eles perderiam. O governo Temer é muito ruim e está afetando todo mundo. Se houvesse uma eleição para valer, eles perderiam. Como é que eles vão fazer eu não sei. O compromisso que eles estão assumindo, em nível nacional e internacional, é de tal envergadura que eles não podem perder a eleição em 2018.

Na sua opinião, o tema da prisão de Lula ainda é uma possibilidade?

Acho que sim. Estão preparando o ambiente e o farão quando avaliarem que isso provocará apenas alguns protestos impotentes. Há um ano, eles não fariam, pois não daria certo. Eles não estão para brincadeira e vêm trabalhando sistematicamente para "acostumar" a opinião pública com a ideia da prisão de Lula. Eles vêm realizando sucessivas ameaças, às quais reagimos, para ir criando o clima. A ideia é que, ao longo dessas sucessivas ameaças, a nossa reação vá perdendo força na sociedade.

Como definiria a atuação do STF neste processo? Há setores do Supremo que fazem parte orgânica desse bloco de Temer?

Sim, fazem. A maioria do Supremo é servil. Os que não são, se acomodam e se acovardam. Só esboçam alguma reação em coisas secundárias. Na hora de decidir sobre temas essenciais, isso desaparece.

Outra instituição que vem sendo apontada como uma protagonista do golpe é a chamada "grande mídia". Como definiria o papel desse setor?

É claro que também faz parte desse mesmo bloco. Não há nenhuma dúvida quanto a isso. Esse encontro entre Legislativo, Judiciário, Supremo, empresariado e mídia é uma circunstância que aconteceu. Não é fácil de acontecer, mas aconteceu. Acho que nem foi o resultado de uma coisa totalmente planejada, pois é muito difícil planejar algo dessa natureza. Mas acontece e, quando acontece, eles têm consciência de que aconteceu. Eles sabem o que aconteceu e, por isso, estão à vontade para cometer as maiores barbaridades como se fossem verdades. Hoje, se alguém ligado à esquerda entra com um habeas corpus ou algo do gênero no Supremo, eles negarão o pedido. Pode parecer exagerado, mas é isso mesmo. O que está acontecendo não é brincadeira. A gente esquece como isso tudo começou. Há alguns anos, o que estamos vendo agora era algo impensável. Hoje acontece como se fosse algo normal.

Considerando o bloco político social que apoia Temer hoje é possível fazer uma comparação com aquele bloco que apoiou o golpe de 64?

Não, é uma realidade bem diferente. Em 64, não havia uma sociedade organizada e diversificada como hoje. Os militares obtiveram uma maioria conjuntural, mas depois as coisas foram ficando mais complicadas. Não tem nada a ver com 64. Como disse, acho que o que acontece agora, em certo sentido, é pior em função do caráter profundamente antinacional desse bloco.






Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz