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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

11.2.14

Diversionismo a la Gilmar Mendes - Carta Maior


10/02/2014 - Copyleft

Diversionismo a la Gilmar Mendes

Gilmar Mendes é experiente na arte do diversionismo. À medida que as eleições se aproximarem convém atentar às novas bombásticas declarações do ministro.













Daniel Quoist

Não podendo ficar tempo demais longe dos holofotes e da atenção do jornalismo tradicionalista, o ministro Gilmar Mendes disse que o Ministério Público Federal deveria investigar se não está havendo lavagem de dinheiro. "Se a gente aprende a ler sinais vai ver que está muito esquisito", disse.
 
É óbvio que a declaração do ex-presidente do CNJ e ministro do STF conseguiu o que esperava conseguir: provocou onda de indignação entre militantes e simpatizantes do PT, que estudam até uma ação judicial contra o ministro.
 
Acusação de suspeita de lavagem de dinheiro em qualquer democracia que se preze não pode – e nem deve – ser menosprezada. Ainda mais, como é o caso sob enfoque, acusação partindo de ministro da Suprema Corte do país. É óbvio que tem algo errado nisso tudo. 
 
Gilmar Mendes avança ainda mais o sinal do bom senso e da moderação, atributos comezinhos esperado de qualquer magistrado, ao recomendar que o Ministério Público "deveria investigar a origem das doações" para pagamento de multas judiciárias devidas por réus do mensalão. 
 
Recomendar trabalho para outrem é fácil, mas em certos casos chega a ser leviano. Leviano porque ministro de STF deveria ocupar seu tempo agilizando o julgamento de processos que há mais de década aguardam desfecho. O caso do mensalão tucano, por exemplo, é emblemático. De não menos importância é o descaso do STF para dar início à execução da sentença do apenado Roberto Jefferson, símbolo maior dos dois pesos e duas medidas, esta regra fartamente observada ao bel prazer dos ministros do STF para com a AP-470, o chamado mensalão petista.
 
Lançar densas camadas de suspeição sobre milhares de pessoas, militantes ou não do PT, de expressarem seu apoio – não apenas tácito ou verbal, mas antes, apoio financeiro – àqueles que consideram serem alvo de injustiça processual do próprio STF é de um ridículo gritante. 
 
Um dos autodeclarados doadores é ninguém menos que o ministro Nelson Jobim, ex-presidente do STF. E aí? Deve ser considerado suspeito de lavagem de dinheiro? 
 
Não deveria Jobim enviar por email imagem de seu comprovante de depósito diretamente para o Ministério Público e com cópia autenticada para o gabinete do ministro Gilmar Mendes? 
 
Melhor, não seria mais que oportuno que cada um dos que fizeram doações para pagar as escorchantes multas judiciais devidas por José Genoíno e Delúbio Soares procedessem do mesmo jeito, nunca esquecendo de enviar comprovante ao gabinete do desconfiado ministro do STF? 
 
Mas, para não se dar tanto trabalho aos milhares de doadores, petistas ou não, porque não pedirmos à combativa Miruna Genoíno que divulgue sem maiores delongas todos os 2.620 comprovantes de depósitos de doações que afirma ter em poder da família Genoíno e que totalizam o valor arrecadado na internet para pagamento da multa devida por seu pai, José Genoíno?
 
Não podemos desconsiderar que o ministro Gilmar Mendes sempre que está prestes a virar alvo de investigação ou ter sua conduta esquadrinhada por uma pequena porção da mídia levanta temas que têm o poder de lançar cortina de fumaça capaz de lhe tirar do foco. 
 
Gilmar Mendes denunciou em 18 de agosto de 2008 de que o seu telefone fora grampeado, e capturado conversa sua com aquele símbolo maior da ética Demóstenes Torres. O gosto por acusações bombásticas estava em sua inteireza: "existe um estado policial no Brasil". E lhe garantiu capa de Veja, Folha de S.Paulo, O Globo e o Estado de São Paulo. Do fantasioso grampo ninguém teve qualquer evidência, qualquer indício que tenha existido. E até hoje é citado como o mais perfeito grampo da história humana - nunca apareceu. Mas gerou consequências como a mudança da cúpula da ABIN e algum barulho em altos escalões da Polícia Federal.
 
Não menos emblemático desse modo Gilmar Mendes de proceder temos ainda a tal reunião do dia 26 de abril de 2012, ocorrida entre ele, o ex-presidente Lula e o ex-ministro do STF Nelson Jobim. Segundo Mendes naquela reunião "Lula lhe fez pedidos" e deixou no ar "insinuações indevidas", teria considerado "inconveniente" o julgamento do mensalão em 2012 devido às eleições naquele ano, e "prometido a ele blindagem na CPI", aquela CPI que tratava de Carlinhos Cachoeira e seus esquemas excessivamente heterodoxos. Em menos de uma semana, o ex-ministro Jobim negou enfaticamente o conteúdo da reunião e o ex-presidente Lula emitiu nota afirmando "sentir-se indignado" com as declarações de Gilmar Mendes.
 
E agora, fevereiro de 2014, é o mesmo Gilmar Mendes que trata de levar água ao moinho semifalido da oposição – há que se criar factoides novos, fazer espuma, embaralhar as cartas do jogo da sucessão presidencial de 2014.
 
E Gilmar Mendes tem ampla experiência nessas artes. Seu combustível, aparentemente inesgotável, é contar tantas vezes quantas deseje com o completo beneplácito de nossa grande imprensa.
 
À medida que as eleições se aproximarem convém estarmos atentos às novas bombásticas declarações do ministro Gilmar Mendes. Como as outras, não resultarão em nada. Salvo deslustrar um pouco mais a biografia de integrante da mais alta Corte de Justiça do Brasil.



Créditos da foto: STF


http://www.cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FPolitica%2FDiversionismo-a-la-Gilmar-Mendes%2F4%2F30222


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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz