https://www.youtube.com/watch?v=00ZclxyVkJo
Obra digna da sétima arte. Dir. Bahman Ghobadi, Irã / França / Iraque, 2004, 98 min. O filme é um soco no estômago que te faz ter vergonha, se encantar e te ajuda, caso queira, a ter uma verdadeira noção do mundo em que vive. A tartaruga aparece em uma única cena, no canto da tela, nadando suavemente em um lago, como se pudesse mesmo voar, sem nem se dar conta da filmagem que estava acontecendo naquele momento. Sua aparição foi realmente espontânea, mas o diretor, Bahman Ghobadi, enxergou em sua aparição uma representação do seu povo, que seria apresentado neste filme. Assim como os curdos carregam até hoje o peso do seu passado e seus reflexos ainda no presente, a tartaruga tinha em suas costas um grande casco, principalmente quando comparado ao resto do corpo visível: algo significativo em sua vida e que requer um enorme esforço para ser carregado, mas mesmo assim ela tenta usá-lo para ajudar a se equilibrar.
Apesar da imagem que dá nome ao filme, a história relatada não é leve -- ao contrário, é capaz de transmitir ao público uma realidade duríssima, em que a possibilidade de qualquer esperança na bondade humana parece remota. É num acampamento de refugiados, situado no Curdistão, próximo à fronteira do Iraque com a Turquia, que a história se passa. Começo de 2003, alguns dias antes da invasão americana, a população do acampamento, em sua maioria crianças, anseia por notícias da possível guerra que ronda sobre o Iraque. Eles todos vivem em tendas precariamente organizadas, cercados por todos os lados e vigiados diariamente o que pode ser chamada de uma vida de privações. Só assistindo para ver. A única coisa que pode impedir de gostar e/ou assistir a esse filme é o apego à vida fútil.
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