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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

22.2.14

'Não vai ter copa' é um chute de rosca - Carta Maior

20/02/2014 - Copyleft



'Não vai ter copa' é um chute de rosca

Li a entrevista de um suposto black bloc supostamente chamado Pedro, no Estadão, que diz que supostamente não é contra a Copa nem futebol, mas...


Chute de rosca é aquele em que o jogador bate de raspão na bola, que sai para cima ou para om lado, rodopiando que nem pião, e pode dar tanto na vidraça do vizinho, como no próprio gol ou ainda na cabeça de quem chutou.

É que está acontecendo com o chute chamado ‘Não vai ter Copa’, que prepara mais uma edição no sábado, dia 22.

O que chama a atenção na proposta é a construção de hipocrisias e desinformação que vem animando o movimento.

Li a entrevista de um suposto blackblock supostamente chamado Pedro, no Estadão, que diz que supostamente não é contra a Copa nem futebol, mas que é a favor de educação e serviços públicos de qualidade. Grande hipocrisia. Porque o que lhe interessa é dizer que vai jogar molotov em “ônibus de gringo” (aliás, uma expressão, no contexto, racista), para que eles tenham medo de ficar no Brasil e vão embora.

Se isto é ser a favor de educação, etc., somos todos os outros micos de circo. Além do mais, quem é a favor de educação, etc., faz manifestação, mata a cobra e mostra a cara – porque pau não tem, já que vai desarmado para a praça pública.

Tudo está baseado no argumento de que o dinheiro público “gasto” (na verdade, investido, com retorno no futuro) com os estádios, deveria ser usado em escolas e hospitais. O argumento desconhece a natureza e os labirintos de um orçamento público ou de um banco como o BNDES. Mas não importa: é repetido ad nauseam por inocentes-úteis (onde a inocência bordeja  - ou poreja – a má-fé) e cobras-criadas.

Aí entra o papel das velha mídia e dos arautos do caos. Como as oposições midiáticas e extra-midiáticas não podem expor o seu programa verdadeiro (ver, a propósito, post no meu Blog do Velho Mundo), o que lhes resta é apostar no caos, numa catástrofe que detenha o governo Dilma, a melindre nacional e internacionalmente. Nada melhor do que a Copa. Nada melhor do que o fracasso da Copa. Nada melhor do que a violência durante a Copa. Até porque aionda crêem que a Copa possa “eleger” ou “deseleger” a Dilma. Caramba, cambada, vai ser a economia e a política, talvez na ordem inversa.

Os arautos na mídia dizem que são contra, que não pregam a violência. De fato: não pregam. Mas chamam. Esperam.

O problema é que das últimas vezes, o chute deu uma de rosca e caiu-lhes na cabeça. Foi o fusquinha queimado do trabalhador; foi a trágica morte do cinegrafista da Band. “Fatalidade”, diz o arrogante ‘Pedro’ entrevistado pelo Estadão, com o turvoso e clandestino ego infatuado pela recepção na mídia. ‘Fatalidade”? Crônica de uma morte anunciada, isto sim.

Daí vem o clima de violência que entra em anexo, e que não é desejável de nenhum lado. O blackblock que voi incomodar o show do Paulinho da Viola em São Paulo, atacado pelos assistentes com direito até a paulada na cabeça e sendo salvo pelos seguranças. Depois o apresentador dizendo que iam ‘quebrar a cara’se eles aparecessem de novo. As torcidas do Inter e do Corinthians prometendo arrebentar com  eles caso apareçam nos seus estádios. Para culminar o coió do manifestante ameaçando um cinegrafista dizendo que “ele ia ser o próximo”e levando com a câmera na cabeça, uma nova versão do dito do Cinema Novo: ‘Câmera na cabeça e nenhuma idéia’.

Para completar o entrevistado non Estadão dizia que ‘foram abandonados pelo Movimento Passe Livre’. Mas é o contrário: a presença destes caras e do movimento ‘Não vai ter Copa’é que esvazia as manifestações, as impede, como já  aconteceu com  a manifestação suspensa dos motoristas e cobradores no Rio de Janeiro, pelo temos diante da possibilidade da incontrolável violência.

Por fim, lembremos que a direita agradece penhorada estes esvaziamentos de manifestações que poderim transcorrer legitimamente, com suas justas reivindicações. Por exemplo: quem tiver alguns neurônios em ordem sabe que o que vai garantir mais verbas para a educação, saúde, transporte público, etc., é o corte na taxa de juros, nos juros da dívida pública, no superávit primário, é a adoção de um sistema mais progressivo de impostos e não mais regressivo, e não o abandono do investimento em estádios, também – hipocritamente – definidos como inúteis pelos arautos do caos.

O capital especulativo, portanto, agradece estes movimentos bola-de-rosca.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz