NOVA FEDERAL
Estudantes começam a se matricular hoje na Universidade Federal da Fronteira Sul, no Oeste do Estado, com a perspectiva de poder cursar o ensino superior gratuito sem precisar se mudar para outra cidade
As matrículas da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS), que começam hoje, dão início a uma nova fase de desenvolvimento no Oeste catarinense. Algo como o ciclo da madeira no começo do século 20 e a criação das agroindústrias na metade do século passado. Só que, agora, o salto deverá ser de conhecimento e tecnologia.
A região não vai mais ser condenada a abrir mão de seus cérebros para as capitais e grandes centros urbanos. O mercado imobiliário já sente a nova demanda, com gente que agora vem a Chapecó para estudar ou trabalhar. O comércio espera ansioso pelos salários dos novos funcionários públicos, de mudança para a cidade.
Os filhos de agricultores, operários, autônomos e empresários não precisarão mais viajar 600 a 800 quilômetros até Florianópolis para cursar uma universidade federal gratuita. Gente como Rudinei Prezotto e Cleiton Alberton, de Ipumirim; Francisco Buehrmann, de São João do Oeste; Jéferson Giaretta, de Xavantina; Diego Isotton e Jandrei Maciel, de São José do Cedro; Itamar Belebom e Samuel da Silva, de Xanxerê; Leandro Lunkes, de Descanso; Luiz Carlos de Abreu, de Chapecó; e Jian Carlos Frare, de Palma Sola.
Os 11 seminaristas, que moram em Chapecó, estão entre os 44 calouros de Filosofia da UFFS. A partir do dia 29, eles serão parte dos 900 acadêmicos no campus de Chapecó. Não fosse a nova universidade, teriam de fazer as malas e sacrificar o bolso.
– Iríamos estudar em Passo Fundo (RS) – explica Itamar Belebon.
Mesmo com a Diocese de Chapecó bancando metade do curso, eles teriam de pagar o restante. Agora, com o dinheiro que sobra do trabalho em um turno, podem se responsabilizar pelas próprias despesas. Além disso, ficam mais fáceis e frequentes as visitas aos familiares. Para ir de Chapecó a Passo Fundo, por exemplo, são 180 quilômetros.
Além de ficarem perto da família, eles são parte da força de trabalho qualificada que fica na região, atuando na própria comunidade.
Belebon também destaca a importância do trabalho dos movimentos sociais, entre eles a Igreja Católica, para tornar realidade a nova universidade. Realidade pela qual Diego Isotton lutou. Ele até participou de algumas passeatas em 2007, pedindo a nova universidade.
– Pensei que seria algo para os irmãos e familiares mais novos – disse o estudante, admirado com a agilidade do processo.
Para Jian Carlos Frare, um dos aspectos mais importantes é a oportunidade de um ensino federal para os estudante da região:
– O bônus para estudantes de escola pública foi muito importante.
Os 11 seminaristas cursaram escola pública. Com a UFFS, eles esperam a chance de crescer intelectual e socialmente. Além disso, haverá investimento do governo federal na construção dos prédios e no desenvolvimento de pesquisas voltadas para a região.
darci.debona@diario.com.br
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