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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

3.3.10

Agência Carta Maior | De Pepe a Dilma



02/03/2010

De Pepe a Dilma

Aí estava o Pepe, com a pinta que menos se poderia atribuir a um presidente, com seu jeito de "chacarero" – segue cuidando sua chácara -, sem gravata, com a sua companheira de vida, simplesmente assumindo como presidente do Uruguai.

O Pepe, que foi um grande dirigente tupamaro e, nessa condição, foi baleado gravemente em um tiroteio com as forças militares da ditadura uruguaia. Recolheram seu corpo, consideraram-nos morto e o levaram à morgue. Quando perceberam que ele tinha sobrevivido, o meteram, junto com os outros dirigentes tupamaros, em masmorras, onde ficaram 14 anos – incluída a companheira de Pepe, hoje presidente do Senado -, 7 dos quais como reféns da ditadura, em calabouços solitários, sem contato com ninguém. Caso houvesse alguma nova ação dos tupamaros, todos seriam executados, segundo anúncio da ditadura.

Pepe não costuma mencionar esses tempos, menos ainda tudo o que passou a ele e à sua companheira. Ontem, quando as FFAA lhe rendiam continência, na Praça da Independência, em frente ao Palácio Presidencial, o que deveriam ter feito era ajoelhar-se diante dele e lhe pedir desculpas pelas barbaridades que lhe fizeram, na tortura, na solitária, e em tudo o mais. Seria o mínimo que deveria fazer e seguramente o Pepe estenderia o gesto para todas as vítimas da ditadura.

Ao assumir a presidência, Pepe pronunciou palavras similares às de Dilma no Congresso do PT: mudou, para adequar-se às mudanças históricas das últimas décadas, mas nunca mudou de campo, manteve sempre sua fidelidade às lutas de emancipação do seu povo, estreitamente associado ao dos outros países da América Latina.

Montevideu tinha uma cara muito diferente daquela com que encarou a eleição de Tabaré Vazquez, mesmo este tendo interrompido a longa seqüência de governos de direita, com a eleição do primeiro representante da esquerda uruguaia à presidência da República. A eleição de Pepe vai mais longe, remete a um acerto de contas com as lutas de resistência contra a ditadura, em que o Uruguai se tornou conhecido internacionalmente pela audácia e pela criatividade das formas luta dos Tupamaros, organização dirigida por Raul Sendic, de que Pepe Mujica foi companheiro na direção.

O comentário, entre todos os presidentes progressistas, de Rafael Correa a Evo Morales, de Cristina Kirchner a Hugo Chavez, de Fernando Lugo a Pepe Mujica, era a subida aparentemente decisiva de Dilma nas pesquisas, confirmando seu favoritismo para a mais importante das eleições latinoamericanas deste ano. A satisfação e a torcida de todos eles refletiam como Dilma representa, para todos eles – como já o expressaram também Raul e Fidel Castro – a continuidade e o aprofundamento das políticas internas e externas que tem levado o Brasil a projetar-se como grande liderança regional e como país que avança para superar seus seculares problemas internos no caminho da democracia, da soberania e das justiça social.

Postado por Emir Sader às 09:47

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz