Polêmica e direta, Maria da Conceição Tavares dá entrevista ao 3 a 1 da TV Brasil
O programa 3 a 1 da TV Brasil, que vai ao ar na próxima quarta-feira (10), recebe a professora emérita da Faculdade de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Maria da Conceição Tavares, que voltou a criticar a proposta de independência do Banco Central, defendida por alguns setores do governo e pela maioria dos economistas de mercado, bem como o atual modelo de meta de inflação do BC. Mesmo assim, se diz satisfeita com relação à política econômica do governo Lula, apesar de ter discordado da política cambial do primeiro mandato.
Hoje, ela reconhece que, naquele momento, era necessário um planejamento mais ortodoxo, em razão do momento político. Ainda sobre o governo Lula, ela defende fortemente o Bolsa Família, que acredita ser um "colchão de proteção social para quem não tem previdência". Segundo ela, é o mais importante programa de distribuição de renda. Conceição também analisa os ganhos do país com relação às recentes descobertas de petróleo no litoral brasileiro, defendendo a tese de que isso nos torna independentes e ajuda a criar um fundo social. A economista ressalta que o Brasil tem a melhor matriz energética e de consumo do mundo.
Mestre de muitos dos economistas que atuaram em sucessivos planos econômicos, Conceição é polêmica, provocadora e irreverente. Ao mesmo tempo é bastante respeitada no meio acadêmico e intelectual do país. Ela conversou longamente com as jornalistas Vera Durão, do Valor Econômico e Tereza Cruvinel, da TV Brasil, além do jornalista Luiz Carlos Azedo, apresentador do 3 a 1.
Durante a entrevista, Conceição lembrou o plano cruzado e disse que o seu fracasso "não foi culpa de ninguém, mas da dívida externa da época", que alcançava valores exorbitantes. Criticou a política cambial do governo Fernando Henrique e afirmou que ele entregou o "país quebrado", com uma dívida de U$300 bilhões. Quando questionada sobre os lucros dos bancos privados ironizou: "banqueiro ser rapinador, não é novidade nenhuma". Com relação à economia externa, disse não existir nenhum modelo econômico externo a ser admirado. Nem mesmo o da China, que "cresce muito, mas distribui mal". "Nós sim, estamos tentando gerar um modelo", concluiu.
O programa 3 a 1 vai ao ar nesta quarta-feira, dia 10, às 22h, na TV Brasil.
Abaixo alguns trechos da entrevista que irá ao ar nesta quarta-feira, dia 10, às 23h, na TV Brasil.
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"O Brasil passou brilhantemente pela crise econômica mundial. E não corre risco de recessão";
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"A política cambial do presidente Fernando Henrique Cardoso deixou o país quebrado com uma dívida de 300 milhões de dólares";
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"O segundo governo do presidente Lula é muito bom: temos crescido menos, mas distribuindo melhor o bolo, ao contrário do que fazia Delfim Neto";
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"O que importa é a autonomia política";
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"Lula é um chefe de Estado reconhecido internacionalmente";
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"Tomara que o Serra mantenha a política externa atual, o que é um pouco difícil, porque quem manda na política externa dos tucanos são aqueles meninos (insuportáveis) do Itamaraty".
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"O Bolsa Família é o colchão social dos muito pobres, dos que não têm previdência";
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"Não existe a menor hipótese de os Estados Unidos deixarem de ser potência econômica tão cedo".
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