Ato na Redenção marca retomada das ruas, anunciam frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo
Ato "Fora Temer!" e contra o golpe, realizado neste domingo no parque da Redenção reuniu cerca de 4 mil pessoas, segundo os organizadores. "Foto: Guilherme Santos/Sul21)
Marco Weissheimer
O novo ato "Fora Temer!", realizado na tarde deste domingo (31) no Parque da Redenção, em Porto Alegre, marcou a retomada das mobilizações de rua que deverão se estender ao longo do mês de agosto, em defesa da democracia e dos direitos ameaçados pelo golpe e pela agenda ultraconservadora do governo interino de Michel Temer. Esse foi o principal anúncio feito por lideranças da Frente Brasil Popular e da Frente Povo Sem Medo que convocaram a manifestação deste domingo. Além disso, as entidades que integram as duas frentes anunciaram também que está sendo construída uma greve geral para parar todo o país em defesa da democracia e contra o golpe. Segundo os organizadores, cerca de 4 mil pessoas participaram do ato na Redenção, realizado sob um sol forte.
Bernadete Menezes, da Frente Povo Sem Medo, afirmou que o fracasso do ato em defesa do impeachment da presidenta Dilma, convocado para este domingo, no Parcão, é uma evidência de que o golpe foi desmascarado. "Não tem quase ninguém lá no Parcão, porque a classe média também está se dando conta de que há um golpe em curso e os seus direitos também estão ameaçados. O golpe não é só contra a Dilma, mas também contra os direitos, contra a Previdência, as leis trabalhistas e a saúde pública. Lá no Congresso, nesta segunda-feira, teremos delegações de todo o país para derrotar o PL 257, que representa um brutal ataque contra os serviços públicos e contra os servidores públicos de todo o país. Esse projeto é apoiado aqui no Rio Grande do Sul pelo governador Sartori, que também faz parte do golpe. Esse sem vergonha renegociou a dívida do Estado e agora segue parcelando o salário dos servidores", afirmou a sindicalista.
Frente Brasil Popular e Frente Povo Sem Medo anunciaram novas manifestações para as próximas semanas, em Porto Alegre. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)
Para enfrentar projetos como o PL 257, que, em troca da renegociação da dívida, exige que os Estados apliquem um arrocho salarial sobre os servidores, cortem concursos e congelem investimentos, representantes de entidades sindicais, movimentos sociais e partidos que lutam contra o golpe, prometeram voltar a intensificar as mobilizações de rua. Entre outras atividades, está sendo programado um grande ato em Porto Alegre no próximo dia 16 de agosto. "Todo mundo já se deu conta que esse golpe é contra a democracia, os direitos sociais e trabalhistas", resumiu Claudir Nespolo, presidente da Central Única dos Trabalhadores no Rio Grande do Sul (CUT-RS) e integrante da Frente Brasil Popular.
"Já acabaram com o Ciência Sem Fronteiras, adotaram regras que tornaram o FIES (Fundo de Financiamento Estudantil) mais difícil e querem aprovar agora o PL 257, que acaba com o serviço público. Querem destruir todo o legado de direitos construído e defendido por Getúlio Vargas, João Goulart, Leonel Brizola e Lula. Não vamos permitir que isso aconteça", acrescentou Nespolo. O dirigente da CUT criticou ainda o papel que a Rede Globo vem desempenhando em todo esse processo, defendendo o afastamento da presidenta Dilma Rousseff e, agora, querendo criar um clima de normalidade. "Todo o dia a Globo golpista repete que as coisas estão começando a melhorar. A Rede Globo alimenta o espírito de vira-latas junto à população brasileira, defendendo a entrega das riquezas do pré-sal para empresas petroleiras norte-americanas. Pois nós não iremos sair das ruas e vamos organizar a greve geral".
Paulo Pimenta acredita na possibilidade de reversão da votação do impeachment no Senado. (Foto: Guilherme Santos/Sul21)
Na mesma linha, Débora Melecchi, diretora de Saúde da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras no Rio Grande do Sul (CTB-RS), destacou que, em menos de dois meses, "o governo ilegítimo de Temer vem tentando passar o rodo sobre os direitos dos trabalhadores, querendo alterar toda a legislação previdenciária e trabalhista". A sindicalista chamou a atenção também para a ameaça que representa a PEC 241 para a saúde pública e o Sistema Único de Saúde (SUS). A proposta congela os gastos públicos por 20 anos, período em que o dinheiro economizado seria canalizado para o pagamento da dívida pública. Como no caso do PL 257, essa proposta recai diretamente sobre os trabalhadores, os servidores e os serviços públicos, especialmente em áreas essenciais à população brasileira como educação, saúde e segurança.
Para o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), a partir desta segunda-feira inicia uma fase decisiva para o desfecho da crise política em que o país está mergulhado. Temer, assinalou o deputado, quer colocar em votação nesta segunda o PL 257 que, em nome da renegociação das dívidas dos estados, impõem cortes brutais de investimentos nos serviços públicos e, no caso do Rio Grande do Sul, pode representar a anulação de reajustes aos servidores aprovados pela Assembleia durante o governo Tarso Genro. Na terça. O governo interno quer votar, na Câmara, a mudança das regras de exploração do pré-sal já aprovada no Senado. Com esses projetos, disse Pimenta, Temer quer acertar as contas com os financiadores do golpe.
Além disso, assinalou ainda o deputado, o novo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, prometeu acertar, na segunda semana de agosto, a situação do deputado Eduardo Cunha, ameaçado de cassação. Para Pimenta, os atos "Fora Temer!" realizados neste domingo em diversas cidades do Brasil representam a retomada das mobilizações para enfrentar essa fase final do processo do golpe. O parlamentar acredita que há uma chance real de vitória no Senado, na votação do impeachment. "Em março, Dilma tinha entre 9 e 12% de aprovação e 85% querendo o impeachment. Mesmo na recente pesquisa fraudada da Folha de São Paulo, 37% disseram que o que está acontecendo é um golpe. Nós temos 17 senadores que ainda não declararam o voto. Destes, precisamos de cinco. Vários destes senadores já disseram que definirão seu voto de acordo com a posição da opinião público de seus estados. Por isso, Lula está voltando ao Nordeste para conversar com a população".
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Foto: Guilherme Santos/Sul21
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