COMISSÃO DA VERDADE
Laudo identifica restos mortais do desaparecido político Alex Xavier
Alex Xavier, militante da resistência armada ao golpe e morto pela ditadura, teve restos mortais identificados
Brasília – A família do desaparecido político Alex de Paula Xavier Pereira recebeu da Comissão Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) um laudo de identificação de seus restos mortais, que aguardavam reconhecimento há 35 anos, desde que foram localizados no cemitério de Perus, em São Paulo. Xavier, que era militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), foi dado como desaparecido em 20 de janeiro de 1972.
A mãe de Alex, Zilda Xavier, agradeceu o empenho de todos que trabalharam para que a identificação fosse possível e lembrou dos anos em que ela e a família aguardaram a busca pela identificação dos restos mortais de seus dois filhos, que foram torturados e mortos pela ditadura militar – o irmão de Alex, Iuri Xavier Pereira, foi morto em 14 de junho de 1972, aos 22 anos, durante um suposto tiroteio na porta de um restaurante em São Paulo.
“É uma dor muito grande o assassinato de dois filhos. Até hoje sinto muito a falta deles. Não sei como agradecer o trabalho de todos que atuaram para que isto fosse esclarecido, pois infelizmente não posso mais ter meus filhos”, disse dona Zilda, de 88 anos.
Na ocasião, foi apresentado um vídeo com registros fotográficos e um depoimento da irmã de Alex, Iara Xavier Pereira, que encabeçou a luta pela memória e à verdade, desde que teve seus irmãos assassinados. “Há 42 anos buscamos pela verdade e memória dos meus irmãos e do meu ex-marido. Esse é o fechamento de um ciclo de luto. Agora vamos esperar pela justiça”, declarou.
No vídeo, Iara lembra que sua mãe também militou contra a ditadura, inclusive sendo aprisionada em uma unidade hospitalar psiquiátrica, de onde conseguiu fugir. O primeiro marido de Iara, Arnaldo Cardoso Rocha, também foi torturado e assassinado pela ditadura. Seus restos mortais também já foram identificados, assim como o de seu irmão Iuri Xavier Pereira.
Em 20 de janeiro de 1972 Alex Xavier estava com um colega militante trafegando pela Avenida República do Líbano, na zona sul de São Paulo, quando foi morto a tiros por policiais da equipe B do Destacamento de Operações de Informações, do Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi). Mas sua morte não foi admitida pelo governo militar e ele continuou sendo processado por atos contra a ditadura até 1979, quando foi aprovada a Lei de Anistia.
Com as novas tecnologias aplicadas à atividade forense, a identificação dos restos mortais de Alex foi possível a partir de um osso do fêmur, que estava em poder da Polícia Civil de Brasília. O material havia sido recolhido à época de uma primeira exumação, em 1996, quando várias valas foram abertas no cemitério de Perus. Na ocasião, o mau estado geral dos restos mortais do militante não reagiu à tecnologia disponível.
A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos, ressaltou a importância do laudo entregue à família e ressaltou o papel do governo fedeal na elucidação de todos os fatos relacionados às graves violações aos direitos humanos cometidas pelo Estado brasileiro, em especial aos relacionados à ditadura militar. "Não temos um dia se quer a perder, além dos que já foram perdidos."
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