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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

14.3.14

"É importante para conhecer uma realidade..."

13/03/2014 - Copyleft

O meu amigo de Caracas

Oliver Stone e seu documentário sobre Hugo Chávez.


Léa Maria Aarão Reis















O filme é um documentário do americano Oliver Stone e tem 50 minutos. Chama-se Mi amigo Hugo e foi apresentado no último dia 5, na Telesur, a televisão venezuelana, em cadeia nacional, para marcar um ano da morte prematura de Hugo Chávez.
 
Trata-se de uma bela homenagem ao amigo de Caracas com quem Stone iniciou uma afetuosa amizade em 2009, quando o conheceu e filmou-o para outro documentário de sua autoria, Ao sul da fronteira, no qual entrevistou chefes dos governos progressistas do continente sul-americano. Do Brasil – o então presidente Lula dizendo: ”Chávez, um homem necessário”-, Cristina Kirchner, José Mujica, Evo Morales, Rafael Corrêa.
 
Depois da morte de Chavez, o cineasta retornou a Caracas e conversou com o já então presidente Maduro, com oficiais de ordens do gabinete do presidente morto, seu irmão, alguns amigos e com a companheira, Cília Flores, e diversos políticos que formaram nos ministérios venezuelanos durante o governo chavista. Todos ainda comovidos e leais ao companheiro.
 
Aliás, a lealdade das equipes de Chávez é notória neste filme.
 
Deve-se assistir a Mi amigo Hugo. É importante para conhecer uma realidade que as mídias conservadoras sul-americanas e as do norte da fronteira fazem questão de, desonestamente, não mostrar.

MI AMIGO HUGO: http://www.youtube.com/watch?v=aA2-yCdPtXo

É repugnante ver, quase no final do filme, na montagem dos noticiários de diversos canais norte-americanos comemorando sem compostura e com alegria selvagem a morte de Chavez.
 
É importante, em especial para os mais jovens, assistir ao filme de Oliver Stone porque para estes sempre foi repassada uma imagem negativa, populista e caricata do finado chefe de governo venezuelano. Foram formados assim.
 
E não apenas pela honestidade com que o personagem é apresentado. É ressaltada a importância do seu trabalho na liderança dos movimentos de independência do continente, “um precursor do atual processo de integração latinoamericano e Caribe,” observa Stone. Chavez jogou no lixo a chamada política externa de joelhos antes praticada pelos governos do sul da fronteira do Rio Grande.
 
Em Ao sul da fronteira, Stone já anotava: “Os americanos não sabem o que está acontecendo aqui” (na Venezuela). Em Mi amigo Hugo ele completa, na sua narração: “Chávez inspira as gerações de jovens líderes políticos do continente.”
 
Assistir a este doc é também uma oportunidade de conhecer, em grande close, o ser humano expansivo e seu carisma, no cotidiano. O bebedor de café inveterado, cerca de trinta xícaras diárias. Café aguado; “mas não é colombiano; é venezuelano, muito bom,” brinca Chávez. A rotina estafante de trabalho, das sete da manhã até altas horas da noite. O sono insuficiente, com o qual se preocupavam seus próximos e auxiliares. O ritual que cumpria religiosamente, assim que se levantava da cama: informar-se do preço do petróleo.
 
Imagens de Chávez na ONU, “desinfetando” o púlpito onde George Bush/”o diabo” acabara de discursar. Visitando e conversando com Fidel e na companhia de Morales. Na Academia Militar, onde ingressou aos 17 anos. Já na qualidade de presidente da república bolivariana, cantando canções campesinas nas festas do interior – adorava cantar. Andando (e caindo) de bicicleta.
 
A resistência ao golpe vergonhoso, frustrado, do governo estadunidense. As sabotagens nas refinarias.
 
E o presidente Maduro dizendo: ”Chavez não foi apenas um ser humano; ele é um grande coletivo. Representa uma nova consciência do mundo que exige o respeito entre países.”
 
Imagens de Chavez sendo vencido pela doença, arfando, subindo escadas com certa dificuldade, e o ultimo discurso, em 4 de dezembro de 2012, na TV, a despedida, última aparição pública antes de voltar a Cuba pela última vez. A voz embargada, cantarolando, e a paixão pela Venezuela: ”Pátria é minha vida, minha alma, meu amor. Viva a pátria, viva a vida.”
 
Populista? Mas sem a frieza dos príncipes, dos sociólogos e dos gravatas-de-seda.
 
Autor de alguns filmes que já são clássicos - Platoon, Nascido em 4 de julho, Wall street -, Oliver Stone se tornou um amigo íntimo, um confidente de Hugo Chávez.
 
Este seu doc – “ é a minha despedida de um soldado e amigo”, ele declara - é obra de profissional. Tem qualidade e transpira afeto e a cordialidade para com Chávez. “Sua generosidade de espírito era incrível”, ele diz. “Era um patriota que adorava seu país.”
 
Mas é Cília Flores quem resume, com simplicidade, o homem com quem conviveu bem próximo: ”Sempre bem humorado, ele transmitia alegria por onde passava.”


Créditos da foto: Divulgação


http://www.cartamaior.com.br/?%2FEditoria%2FCultura%2FO-meu-amigo-de-Caracas%2F39%2F30466

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz