Parlamento do Paraguai abre processo de impeachment e Lugo diz que não renuncia
O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, negou nesta quinta-feira (21/06) que pretenda renunciar ao cargo após o Parlamento do país ter aberto um processo de impeachment contra ele. Num pronunciamento em cadeia nacional de TV, Lugo disse que vai "enfrentar o juízo político com todas as suas consequências" e acusou aqueles que, em sua visão, pretendem "interromper um processo democrático histórico a apenas nove meses de novas eleições".
O presidente paraguaio denunciou um "ataque implacável dos setores que sempre foram contra a mudança e se opuseram à participação do povo como protagonistas de sua democracia".
Por 76 votos a favor, apenas um contra e três ausências, a Câmara dos Deputados paraguaia aprovou a abertura de um "julgamento político" contra o presidente, sob a acusação de má gestão do país, em especial em relação a um confronto entre policiais e trabalhadores rurais em uma fazenda no último dia 15, que terminou com 17 mortos.
A polícia fechou o centro da capital Assunção e impede a circulação de pessoas na região do Parlamento.
A abertura do processo ainda precisa ser aprovada pelo Senado paraguaio, que assim como a Câmara dos Deputados, é dominado pela oposição do conservador partido Colorado.
A aprovação do processo de impeachment teve o apoio decisivo do Partido Liberal, que integrava o governo. Ao jornal La Nacion, o ministro de Indústria e Comercio, Francisco Rivas disse que a decisão de seu partido foi "um retrocesso muito grande". Com a defecção dos liberais, Riva deixou o cargo. "Não quero dizer que meu partido se equivocou ou não ao apoiar o julgamento político. Há que sentar e conversar para resolver os problemas", disse.
Em sua declaração oficial (veja íntegra abaixo), Fernando Lugo disse que sua primeira disposição é "resguardar a vontade expressa nas urnas e evitar que uma vez mais na história da República um feito político roube o privilégio e a soberania da suprema decisão do povo".
Lugo pediu ao Parlamento que respeite regras e prazos constitucionais, que lhe garantam o direito de uma "justa e legítima defesa".
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