Alerta Vermelho! Golpe no Paraguai! Os golpistas não passarão!
A novidade dos novos golpes de Estado na região são "golpes de Estado democráticos" que, por mais que tenha um conteúdo golpista, são envoltos pelo véu retórico da democracia liberal
22/06/2012
Fernando Marcelino
Quando fiquei sabendo da situação política no Paraguai durante os últimos dias lembrei de um texto que havia escrito em 2009 chamado "Golpes de Estado Democráticos". Lá já alertava que um espectro rondava novamente a América Latina: o risco dos golpes de Estados.
Não são golpes de Estado parecidos com aqueles da década de 60 e 70, pois não buscam implementar uma ditadura militar estrito senso. A novidade dos novos golpes de Estado na região são "golpes de Estado democráticos" que, por mais que tenha um conteúdo golpista, são envoltos pelo véu retórico da democracia liberal. Honduras deu início a este novo ciclo, por mais que anteriormente tenham existido outras tentativas na região, como na Bolívia (2008), Equador (2010) e Venezuela (2002).
Lembremos que Fernando Lugo entrou para a história do país em 2008, quando derrotou o Partido Colorado, que controlava a vida dos paraguaios por 61 anos. Desde lá já houveram dezenas tentativas da maioria colocada e oviedista de derrubar o presidente.
Agora essa tentativa de golpe pela via de um impeachment é organizada a toda velocidade pelo Congresso, sob a acusação de mau desempenho de suas funções pela morte de 17 pessoas em uma operação de reintegração de posse em uma fazenda do nordeste do país, perto da fronteira com o Brasil.
Najib Amado, secretário-geral do Partido Comunista Paraguaio, relatou da seguinte forma a situação agora:"O processo de impeachment foi aprovado de forma acelerada. Isso deixa claro que se trata de um golpe de Estado. Há muita gente chegando do interior para resistir. O governo tem apoio nos setores populares. O golpe não representa nem mesmo a base social dos partidos de direita. Já estão em Assunção representantes do Foro de São Paulo (articulação de partidos de esquerda da América Latina) e logo mais chegam os ministros das Relações Exteriores da Unasul (Brasil, Equador, Bolívia, Colômbia e Uruguai).
Os meios de comunicação fazem coro com os golpistas. Ao longo das últimas semanas difundiram notícias alarmistas e deram voz apenas aos parlamentares que tentam derrubar o presidente. Até agora, pelo menos oficialmente, as forças armadas não se pronunciaram. A polícia montou um aparato de segurança em torno do Congresso, mas não há violência nas ruas".
Em suma, são grupos conservadores que estão se aproveitando de um evento para desestabilizar o governo, uma espécie de golpe disfarçado de "legalidade democrática". Essa manobra de setores da direita paraguaia, em especial os grande proprietários de terra do país, estão articulando um golpe branco a toque de caixa. Como disse ontem Evo Morales: "Este golpe de Estado em gestação contra um presidente democraticamente eleito e apoiado pela maioria do povo é um atentado contra a consciência dos povos e contra os governos que hoje impulsionam profundas transformações em seus países, de forma pacífica [...]. Convoco os povos indígenas e os movimentos sociais da América Latina a se unirem em uma só frente para defender a democracia no Paraguai e ao presidente Lugo".
O tempo de aparente calmaria está acabando. As próximas horas serão decisivas no futuro do país e da América Latina. A resistência popular pode ser a única opção.
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