domingo, 9 de janeiro de 2011
Bíblia, crucifixo e moda. A Folha surtou
Por Altamiro Borges
A Folha pirou de vez. Num único dia, neste domingo (9), o jornal da famiglia Frias publicou duas matérias ridículas. Com chamada de capa e título escandaloso – “Bíblia e crucifixo são retirados do gabinete de Dilma no Planalto” –, noticiou que “em sua primeira semana, Dilma Rousseff fez mudanças em seu gabinete. Substituiu um computador por um laptop e retirou a Bíblia da mesa e o crucifixo da parede. Durante a campanha eleitoral, a então candidata se declarou católica e foi atacada pelos adversários sob a acusação de ter mudado suas posições religiosas”.
O monstruoso factóide, que visa instigar preconceitos religiosos junto à parcela mais tacanha dos seus leitores, não se sustentou por alguns minutos. Graças a quatro curtas mensagens no Twitter, a ministra Helena Chagas, da Secretaria de Comunicação Social (Secom), desmontou as três mentiras grotescas.
1- “Pessoal, só esclarecendo: a presidenta Dilma não tirou o crucifixo da parede de seu gabinete. A peça é do ex-presidente Lula e foi na mudança”.
2- “Aliás, o crucifixo, que Lula ganhou de um amigo no início do governo, é de origem portuguesa. Mais: Dilma também não tirou a bíblia do gabinete”.
3- “A bíblia está na sala contígua, em cima de uma mesa – onde, por sinal, a presidenta já a encontrou ao chegar ao Planalto”.
4- “Um último detalhe: embora goste de trabalhar com laptop, a presidenta não mudou o computador da mesa de trabalho. Continua sendo um desktop”.
Dilma ameaça a moda brasileira
Na mesma edição, Alcino Leite Neto, editor da Publifolha, garante que “look da presidente põe em xeque projeto de prêt-à-porter brasileiro de prestígio” – um alerta da mais alta relevância para a soberania nacional. Após destacar que “ter uma mulher na presidência é uma espécie de revolução", ele dá uma recaída para os piores mexericos, para mais pura futilidade. Critica Dilma Rousseff pela “decisão que tomou de vestir na posse uma roupa feita por uma costureira particular pouco conhecida, e não um modelo criado por algum dos principais criadores ou grifes brasileiros”.
O grande patriota teoriza que “a escolha de Dilma representa um baque para as marcas nacionais de moda. Há décadas, estilistas e empresários vêm se empenhando em criar um prêt-à-porter brasileiro de prestígio, nos moldes do que ocorreu na França, na Itália e nos EUA... Não é à toa que Michelle Obama elege cautelosamente a grife americana que vai vesti-la em eventos expressivos. O mesmo faz Carla Bruni, ao selecionar seus trajes entre as famosas ‘maisons’ francesas... É certo que Dilma optou por uma roupa brasileira, feita com toda dignidade pela gaúcha Luisa Stadtlander. Agindo assim, entretanto, acabou por colocar em xeque a relevância das grifes nacionais de prêt-à-porter e de luxo”.
Depois a famiglia Frias não entende porque a tiragem da Folha está despencando ano após ano!
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Miro
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