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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

17.9.09

Sirvam nossas façanhas..., José Antonio Somensi (Zeca)

Sirvam nossas façanhas...

Setembro apresenta duas datas carregadas de simbologia para nós. Diz à história, aquela contada nos livros, que no dia 07 de Setembro de 1822, às margens do riacho Ipiranga, D. Pedro I proclamou a Independência do Brasil, cortou os laços que nos prendiam a Portugal, mas para consumo interno manteve a escravidão e a estrutura fundiária continuou beneficiando a elite agrária do país. Portugal 'aceitou' a Independência depois do pagamento de dois milhões de libras esterlinas conseguidas através de empréstimo junto à Inglaterra. Independência estranha essa porque D. Pedro I depois que deixou o trono de Imperador do Brasil foi por um pequeno período rei de Portugal.

Independência que ainda não se completou porque as desigualdades sociais estão aí a nos desafiar, a reforma agrária não sai, algumas empresas detêm o monopólio das sementes surgidas neste chão, escolhem o que, como e onde plantar. Temos uma casta de políticos atrelados a grupos internacionais e com atitudes de subserviência que enoja. Temos multinacionais com os seus testa de ferro que a todo o momento criam obstáculos para que a dependência continue. Hoje até temos os tais de bilhões de dólares (não mais libras esterlinas) de reservas cambiais e emprestamos dinheiro por aí, mas querem 'cuidar' da Amazônia por nós, querem o pré-sal e outras coisinhas mais...

Outra data significativa é 20 de Setembro, culto a 'tradição', ao mito, a bravura de um povo que costuma dizer que é brasileiro por opção. Além de valorizarmos a boa e farta comida, a música, o chimarrão, achamo-nos diferentes do restante do país, culturalmente superiores, politicamente os mais corretos e ainda lembramos a todos que 'no meu pala ninguém pisa' e num passado mais distante ainda gritaram 'esta terra tem dono'. Sirvam nossas façanhas de modelo a toda a terra de peito estufado e queixo erguido.

Como a data de 20 de Setembro é nutrida pelo saudosismo acho que foi por isso que destruíram recentemente (maio de 2009) o monumento a Sepé Tiaraju, para mostrar quem é que manda por aqui, que esta terra tem dono e não servirá para reforma agrária nenhuma, nem que para isso tenham que derrubar um a um a tiro de espingarda calibre 12 cada Elton Brum da Silva que pise nestas terras que deixaram de dar lucro, mas não poder (quantos puxaram o gatilho desta espingarda?). Criaram as escolas feitas de módulos metálicos habitáveis (containeres) e negam aplicar na Educação o que a lei determina para mostrar como educar bem as nossas crianças nas adversidades. Mostram que muitos de nossos políticos defendem a ética de forma diferenciada – depende da posição geográfica onde os fatos acontecem. Temos políticos que não precisam de cuecas, transparecem a sua decência gaudéria com dinheiro sendo transportadas em míseras sacolas plásticas que é para mostrar um profundo desapego ao vil metal e o dinheiro que carregam é para doações de cunho filantrópico. Criticam a escolha, em outros estados, de políticos folclóricos e não percebem que a mesma coisa acontece por aqui e toda a semana para não falar todos os dias, chamuscadas atingem a vida política do Rio Grande. Sirvam nossas façanhas de modelo a toda a terra em uníssono e olhos marejados.

Talvez por estes e outros fatos que colocam o nosso estado neste início do século 21 de forma 'esgualepada' -para usar um termo de ocasião- é que fazem com que busquem valorizar cada vez mais este mito do tradicionalismo, porque como dizem os estudiosos, o mito opera uma ponte entre o passado e o futuro, um passado com a visão das estâncias (de poucos donos, diga-se de passagem) e um futuro iluminado e glorioso. Não convém falar do presente por ser perigoso, porque as questões cidadãs, do dia a dia comprometem, exigem posicionamentos e as pessoas aparecem como elas são realmente. Sirvam nossas façanhas de modelo a toda a terra e nenhum pudor surge no rosto desta gente.

E por falar em história, a contada nos livros, o dia 20 de Setembro de 1835 é a data em que planejavam destituir o presidente da província do Rio Grande, mas deu errado e a tomada de Porto Alegre aconteceu um dia depois. Fazer o que se as façanhas não acontecem como a gente planeja?

José Antonio Somensi (Zeca)

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz