Por Rui Martins - de Berna
Cesare Battisti cidadão italiano sem importância que, para garantir o sustento de sua família e pagar as contas no fim de mês, conseguiu (sonho dos antigos emigrantes portugueses) ter um pequeno apartamento em Paris, em troca do serviço de zelador (entregar as correspondências, varrer as escadas e recolher o lixo), aproveitando as horas livres para escrever romances policiais poderia ser apenas um personagem de Antonio Tabucchi (escritor italiano).
Poderia ser, por exemplo, o discreto senhor Pereira, na Lisboa salazarista contada, nas cores escuras da repressão e medo da ditadura, pelo escritor italiano, de Pisa, apaixonado por Fernando Pessoa a ponto de aprender o português e integrar-se no mundo lusitano. Pouca gente saberia da juventude tumultuosa do senhor Battisti, às vezes casmurro por seu destino,
longe de imaginar que, alguns anos depois, seria manchete de jornais italianos, mobilizaria juristas, envolveria governos, depois de ter buscado em vão o anonimato no país de Lula, cuja vitória tanto comemorara, em Paris, na modesta condição de emigrante e refugiado político.
Poderia, mas lhe foi negada a existência discreta que aspiram os fugitivos, sempre temerosos de serem localizados e descobertos. A cansativa fuga a pé da Itália, a França, o México, Paris, novamente a fuga até chegar ao Brasil para viver três anos na clandestinidade essa longa marcha em busca de um lugar seguro e livre foi frustrada por uma nova prisão, e já se vão
dois anos. Uma esperança de liberdade logo foi substituída pela ameaça de passar o resto de sua vida na prisão.
Acusado de crimes que afirma não ter cometido, acolhido na fuga pelo presidente francês François Mitterrand, seu estatuto de refugiado ia ser definitivamente substituído por uma naturalização francesa quando outro presidente, Jacques Chirac, decidiu reabrir as acusações já prescritas, forçando novo exílio, desta vez no Brasil, com outro nome e outra aparência,
mas sem conseguir escapar a um terceiro presidente francês, Nicolas Sarkozi, já em território brasileiro e mais de 30 anos depois dos crimes a ele atribuídos.
Em todos esses episódios o interesse de seus perseguidores era político. Battisti, uma presa tão perseguida pelos predadores, nada mais é que um bode expiatório.
Poderia ser, por exemplo, o discreto senhor Pereira, na Lisboa salazarista contada, nas cores escuras da repressão e medo da ditadura, pelo escritor italiano, de Pisa, apaixonado por Fernando Pessoa a ponto de aprender o português e integrar-se no mundo lusitano. Pouca gente saberia da juventude tumultuosa do senhor Battisti, às vezes casmurro por seu destino,
longe de imaginar que, alguns anos depois, seria manchete de jornais italianos, mobilizaria juristas, envolveria governos, depois de ter buscado em vão o anonimato no país de Lula, cuja vitória tanto comemorara, em Paris, na modesta condição de emigrante e refugiado político.
Poderia, mas lhe foi negada a existência discreta que aspiram os fugitivos, sempre temerosos de serem localizados e descobertos. A cansativa fuga a pé da Itália, a França, o México, Paris, novamente a fuga até chegar ao Brasil para viver três anos na clandestinidade essa longa marcha em busca de um lugar seguro e livre foi frustrada por uma nova prisão, e já se vão
dois anos. Uma esperança de liberdade logo foi substituída pela ameaça de passar o resto de sua vida na prisão.
Acusado de crimes que afirma não ter cometido, acolhido na fuga pelo presidente francês François Mitterrand, seu estatuto de refugiado ia ser definitivamente substituído por uma naturalização francesa quando outro presidente, Jacques Chirac, decidiu reabrir as acusações já prescritas, forçando novo exílio, desta vez no Brasil, com outro nome e outra aparência,
mas sem conseguir escapar a um terceiro presidente francês, Nicolas Sarkozi, já em território brasileiro e mais de 30 anos depois dos crimes a ele atribuídos.
Em todos esses episódios o interesse de seus perseguidores era político. Battisti, uma presa tão perseguida pelos predadores, nada mais é que um bode expiatório.
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