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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

25.10.07

Solidariedade e privatizações

Escrito por D. Demétrio Valentini 24-Out-2007
Nesta semana a Cáritas Brasileira realizou sua Décima Sexta Assembléia Nacional. O local escolhido foi Belém do Pará, mais precisamente a cidade de Castanhal, na região metropolitana desse estado. A escolha não foi aleatória. Houve a evidente intenção de vincular a Cáritas com a região amazônica. Como organismo de ação social da Igreja Católica, a Cáritas sempre procura estar em sintonia com as preocupações da própria Igreja. Neste momento estamos assistindo a uma emergência da Amazônia, dada sua importância no contexto das preocupações como o aquecimento global e outros sintomas do desequilíbrio ambiental que parecem se aproximar da irreversibilidade. No contexto da Amazônia, era normal que estas preocupações fossem apresentadas com a urgência que demandam. Com os alertas sempre mais claros que a natureza emite, vai crescendo a convicção de que é necessário, enquanto é tempo, mudar de hábitos e sintonizar mais com a dinâmica da natureza, para que a vida em nosso planeta não fique inexoravelmente comprometida. Mas não foram só estas as reflexões da assembléia, feitas para iluminar o programa da Cáritas para os próximos quatro anos. Outro ponto que mereceu atenção foi o crescente engajamento da Cáritas em parecerias com o Estado para a execução de programas governamentais de políticas públicos. Não é o caso aqui de detalhar os termos dessas parcerias, que já são diversas, estabelecidas a nível governamental, de ordem federal, estadual e ou municipal. Uma conclusão já foi tirada pela Cáritas: ela está disposta a colaborar na implantação de políticas públicas, contanto que não perca sua identidade e nem se reduza a mera executora de programas governamentais. Esta situação enseja o retorno a algumas ponderações que me parecem não só válidas, mas urgentes. Assim como é forçoso modificar nossa postura diante da natureza, pois as conseqüências comparecem com sempre maior evidência, também existem certos comportamentos econômicos e políticos emitentes de sinais de alerta, que custamos a aceitar, mas que também são percebidos como graves e urgentes. Se não mudarmos nossa postura diante da natureza, aceleramos o passo em direção ao impasse planetário. Se não alteramos certos procedimentos políticos e econômicos, caminhamos rapidamente para impasses que podem se tornar irreversíveis. Na análise da realidade, um dos dados que mais chamou a atenção foi o enorme volume de capital público que na América Latina, nos últimos anos, passou para as mãos de particulares. Isto já foi feito à surdina, sem que as decisões tivessem sido refletidas e debatidas publicamente, e colocadas sob decisão democrática. Em grande parte, a economia de nossos países já não é comandada pelo Estado, está nas mãos de empresas particulares, cujo único móvel a conduzir o seu processo é a obtenção do maior lucro possível. Assim, se estabelece uma íntima correlação entre depredação da natureza com a exasperação do capitalismo. Neste cenário, está clara a crise ambiental. Falta perceber sua vinculação com o sistema econômico vigente hoje no mundo. Deixado à sua dinâmica, ele leva a um processo suicida, que precisa ser interrompido em tempo. Se levada a sério, a crise ambiental pode se constituir na grande oportunidade de mudanças de rumo, que levem a um novo relacionamento da humanidade com a natureza que possibilita a sua existência. Esta mudança de rumo precisa se nutrir primeiro de valores éticos, que sirvam de parâmetro imprescindível para a conduta humana. Esses valores precisam ser urgidos por um sistema político que recupere a capacidade de construir consensos democráticos dotados de força política para a sua implementação. As privatizações, feitas com o objetivo de dinamizar uma economia conduzida pelo lucro, se tornaram uma armadilha para a aceleração da crise ambiental. O Estado precisa recuperar sua função de condutor do interesse público e de fiador do bem comum. A natureza vai agradecer. .
D. Demétrio Valentini é bispo da Diocese de Jales (www.diocesedejales.org.br)

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz