Páginas

pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

25.10.07

Ainda os biocombustíveis

Escrito por Wladimir Pomar 24-Out-2007
Voltamos ao tema porque ele está relacionado não só com a questão ambiental, mas também com o aproveitamento dos biocombustíveis como possibilidade de reforço da pequena agricultura. Faz parte da disputa econômica, social e política, tanto contra o verdadeiro velho latifúndio quanto contra a exploração do agronegócio. Até agora, uma parte das lideranças camponesas tem se batido contra quase tudo. Bate-se contra o velho latifúndio, a exploração capitalista dos latifúndios modernos e das médias produções agrícolas (o agronegócio), a concentração fundiária, a produção dos biocombustíveis, a destruição do meio ambiente, as máquinas e as pesquisas agronômicas, juntando num mesmo cesto coisas de natureza diferente. Sequer se dá conta de que a cultura de plantas próprias para a produção de biocombustíveis, pela agricultura familiar e por pequenos agricultores, pode ser um instrumento importante para evitar a multiplicação das monoculturas e a redução do plantio de alimentos. No fundo, são contra os biocombustíveis porque também são contra que o campo produza matérias primas para a indústria e gere excedentes para as exportações. Esquecem que muitos produtos agrícolas, como o algodão e o sisal, por exemplo, são essenciais para inúmeros pequenos agricultores, e para a economia brasileira como um todo. E que a exportação de produtos agrícolas é fundamental para o país importar matérias primas, equipamentos, máquinas e tecnologias que ainda não produz, aumentando seu grau de independência. Uma séria discussão sobre os biocombustíveis pode ajudar a compreender que a mudança real do modelo do agronegócio não consiste em destruir seus avanços tecnológicos e liquidar com os grandes plantios, mas transformar seu regime de propriedade privada em propriedade social. O que depende da constituição de uma força social e política capaz de implementá-la. Portanto, a preliminar consiste em constituir tal força social, tendo por base a aliança dos trabalhadores assalariados, com as classes médias, rurais e urbanas. Nesse sentido, as lutas por mudanças nos índices de produtividade, por zoneamento agrícola, por limitação técnica das monoculturas, por franjas florestais, pela destinação das terras improdutivas e públicas para as unidades familiares rurais, pelo cuidado com as nascentes e matas ciliares, por reforma agrária, e por uma enorme série de outras demandas agrárias, agrícolas e ambientais, mesmo estando dentro dos limites do capitalismo, são parte da luta geral de criação daquela força social e política. São bandeiras democrático-capitalistas, embora muita gente abomine esta verdade. Quem quiser lutar pela socialização dos meios de produção sem passar pela educação prática dessas lutas, incluindo a disputa pela produção dos biocombustíveis, está apenas pretendendo assaltar os céus sem ter forças para tanto.
Wladimir Pomar é escritor e analista político.

Nenhum comentário:


Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz