Samir Oliveira
Pré-candidato ao Senado pelo PDT gaúcho, o comunicador Lasier Martins foi sabatinado na noite desta segunda-feira (9) ao participar do programa Conexão RS, exibido na Ulbra TV. O político foi questionado por repórteres da emissora, do portal Terra, do Sul21 e da Faculdade de Comunicação Social da PUCRS. A entrevista foi transmitida ao vivo, às 18h, pelo canal 21 da NET e pelo canal 48 da antena UHF. O programa também pode ser conferida na íntegra no YouTube.
Durante uma hora, Lasier Martins deixou claro que o principal foco de sua campanha será o gasto de dinheiro público. Ele disse que resolveu deixar uma carreira confortável no Grupo RBS e migrar para a política por conta da indignação. "Cansei de criticar a malversação da política brasileira. Em vez de criticar, entendi que poderia abrir mão daquela zona de conforto", comentou.
Questionado sobre a questão indígena no país e no estado – que envolve a luta secular dos povos originários por suas terras -, o pré-candidato ao Senado disse que os índios precisam se tornar "profissionais respeitados". "Quantos índios no Brasil e particularmente no Rio Grande do Sul deixaram de ser índios e são hoje profissionais respeitados e qualificados? Tem que combater a miséria em que vivem os índios", opinou.
Críticas a Olívio Dutra
Perguntado sobre a pré-candidatura de Olívio Dutra (PT) ao Senado, Lasier Martins avaliou que ela não altera o cenário eleitoral, já que se trata de votos bastante direcionados a seus diferentes perfis políticos. O pedetista aproveitou para criticar as gestões do petista à frente da prefeitura de Porto Alegre e do governo gaúcho.
"Acho o candidato Olívio um homem íntegro, decente, mas que cometeu erros brutais", ponderou. Ele citou a encampação das empresas de ônibus de Porto Alegre e a saída da Ford e da Goodyear do estado como marcas que ficarão "pregadas nas costas" do petista.
Ao ser confrontado com a ação judicial que deu vitória ao governo do estado e fez a Ford ressarcir os cofres públicos em relação aos contratos negociados durante o governo Olívio, Lasier disse que "há um engano" e que o processo trata apenas da reposição de uma verba que havia sido antecipada para as obras da empresa em Guaíba.
Relação com a RBS
Durante a entrevista, Lasier Martins manifestou contrariedade com análises que vinculam sua candidatura ao Grupo RBS – empresa onde atuou durante grande parte de sua carreira profissional. "Acho uma malícia tentar me vincular a compromisso com a RBS, não existe nada disso", argumentou.
E aproveitou para manifestar uma posição contrária à regulamentação da comunicação no país, endossando a mesma posição que o Grupo RBS historicamente mantém. "Não consigo imaginar como é que um parlamentar vá prestar serviço a uma empresa de comunicação. Se alguém vier me falar em regulamentação da mídia, sou contra. Acho que a mídia tem que ter independência", defendeu.
Nos últimos quatro anos, Lasier Martins protagonizou um programa na Rádio Gaúcha chamado "Os debates do Rio Grande", em que percorreu 36 municípios do estado para debater a situação do Rio Grande do Sul com as comunidades.
Nem esquerda, nem direita
Filiado a um partido com fortes raízes trabalhistas e dizendo-se um admirador de Leonel Brizola, o pré-candidato ao Senado pelo PDT entende que não tem sentido se definir como de esquerda ou de direita hoje em dia. "Não há mais que se falar, hoje em dia, em esquerda e em direita. Há que se falar em política de resultados", considerou.
Aliado ao DEM no Rio Grande do Sul, ele criticou a coligação do PT com Paulo Maluf (PP), em São Paulo. "Eu desprezo essa questão ideológica de esquerda e direita. Isso é lorota. Para efeito de gestão pública, não interessa", resumiu.
O episódio do choque
Recentemente, o perfil do Gabinete Digital do governador Tarso Genro (PT) no Twitter postou o vídeo em que Lasier Martins toma um choque ao encostar em um cacho de uvas – realizado durante seu trabalho na cobertura de uma edição da Festa da Uva em Caxias do Sul. Só que, na versão divulgada pelo órgão, o cacho de uvas tinha o rosto de Olívio Dutra.
A publicação ficou poucos minutos no ar e foi retirada pelo Gabinete Digital, que pediu desculpas e disse se tratar de um erro de um funcionário, que teria confundido seu perfil pessoal no Twitter com a conta de trabalho. Na entrevista ao Conexão RS, Lasier Martins disse que a publicação "foi intencional" e comentou o famoso episódio do choque, que se consagrou como um meme da internet.
"Eu pergunto a você: quem é que não tomou um choque até hoje? Aquilo ali foi um acidente de trabalho", comentou. Ele explicou que não foi avisado de que a vitrine de uvas estava eletrificada e disse que ficou com dores físicas durante três meses após o episódio. "Quando comecei a descrever as uvas, num deles, botei a mão por trás e recebi um choque. Aquilo me fraturou uma costela, sai dali para o hospital. Mas o pessoal brinca, o que eu vou dizer? Paciência."
Confira abaixo a íntegra da entrevista de Lasier Martins no programa Conexão RS
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