Páginas

pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

7.11.17

''A renda básica gera mais equidade.'' Entrevista com Philippe Van Parijs

''A renda básica gera mais equidade.'' Entrevista com Philippe Van Parijs




07 Novembro 2017

 

    "Claramente, o crescimento não pode ser uma solução estrutural para o desemprego." É uma premissa central, não exatamente ortodoxa, que, ao longo das décadas, alimentou a reflexão do belga Philippe Van Parijs sobre a oportunidade de corrigir os desequilíbrios socioeconômicos contemporâneos, introduzindo uma renda básica para todos os cidadãos de um país.

    A reportagem é de Daniele Zappalà, publicada no jornal Avvenire, 05-11-2017. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

    Van Parijs é professor de ética econômica e social na Universidade Católica de Louvain (Bélgica), além de professor convidado, ao longo do tempo, em universidades de prestígio como HarvardOxford, o Instituto Universitário Europeu de Florença.

    Pela editora Il Mulino, acaba de ser publicado o livro Il reddito di base [A renda básica]. Subtítulo: "Uma proposta radical". Um volume escrito com Yannick Vanderborght.

    Eis a entrevista.

    A renda básica quer responder à crise do welfare state?

    Essa crise assumiu várias formas, mas a proposta de uma renda básica e o seu sucesso no debate estão ligados também a problemas atuais do Estado de bem-estar social, que mistura os dois modelos históricos da assistência social aos pobres e da previdência social fundamentada na solidariedade entre os trabalhadores, a fim de enfrentar riscos múltiplos, como doenças e invalidez. Embora diferentes, os dois modelos estão combinados pelo fato de transferir dinheiro focando-se nas pessoas inativas, como os inválidos e os desempregados. Tal focalização, às vezes, pode implicar o risco de encorajar a não atividade, ou seja, as chamadas armadilhas da pobreza e do desemprego.

    Para o senhor, a renda básica não é um custo para a sociedade, mas um investimento. Por quê?

    É um investimento, acima de tudo, como instrumento eficaz de luta contra a miséria. Mas, mais em geral, ela é um investimento porque é um modo de encorajar trabalhos que contenham uma dose importante de formação, muitas vezes mal pagos, como é o caso, em particular, dos estágios para os jovens. Hoje, a propósito, tais estágios são reservados para aqueles jovens privilegiados que podem ser subsidiados pelas famílias. Para todas as gerações, a renda básica permitiria favorecer um ir e vir muito mais flexível entre as esferas do trabalho, da formação e das atividades não remuneradas, especialmente da ordem familiar. As nossas sociedades e economias precisam hoje desse fluxo contínuo ao longo da vida.

    Como fixar o montante dessa renda universal?

    Nenhuma experimentação parcial poderá nos fornecer respostas completas sobre a sustentabilidade desse sistema. Pragmaticamente, então, será necessário seguir o caminho já percorrido pelos dois modelos históricos de proteção social. Por um lado, começar com um nível muito modesto, diferente dependendo dos países. Por outro lado, inserir a renda básica nos sistemas assistenciais e de vantagens fiscais já previstos, como o quociente familiar. Concretamente, o nível modesto inicial poderia se situar entre 10% e 15% do PIB per capita.

    Mas se trata realmente de uma medida justa, já que a renda é concedida aos pobres assim como aos ricos?

    Se, por justiça, entendemos o fato de retribuir a cada um em função do próprio trabalho, a renda básica vai melhorar as coisas, porque muitas pessoas nas nossas sociedades fazem um trabalho indispensável e não remunerado, como cuidar dos filhos, dos idosos, de uma dada comunidade. Ainda de acordo com a mesma concepção da justiça, a renda básica permitiria corrigir as injustiças atuais ligadas à gravidade de muitos trabalhos. De fato, nas nossas sociedades, existe um vínculo perverso entre a qualidade intrínseca do trabalho e o seu nível de remuneração. Os trabalhos mais penosos geralmente são menos retribuídos. A renda básica, a propósito, aumenta o poder de barganha daqueles que têm menos. Mas a renda básica também é compatível com outra concepção de justiça.

    Qual?

    Hoje, damo-nos conta de que a soma das nossas rendas está ligada em grande parte a fatores diferentes em relação à intensidade dos nossos esforços. As rendas estão muito mais ligadas às circunstâncias mais ou menos favoráveis em que o trabalho é exercido. Nesse sentido, a renda básica contribuir para distribuir menos de modo menos injusto as rendas enormes de vários tipos que nos vêm do passado. Até mesmo aqueles que receberão a renda básica sem fazer nada dificilmente poderão ser considerados apenas como passageiros clandestinos do sistema. Ao contrário, pode-se pensar que se trata, contudo, de uma distribuição mais justa de uma herança geral ligada aos progressos tecnológicos e a outros fatores históricos. Em geral, a renda básica está ligada à ideia da liberdade real dos indivíduos como dimensão central da justiça. A renda básica pode contribuir para construir uma alternativa à utopia neoliberal de uma submissão total ao mercado e à utopia socialista de uma submissão total ao Estado.

    http://www.ihu.unisinos.br/573382-a-renda-basica-gera-mais-equidade-entrevista-com-philippe-van-parijs


    Leia mais:



    Nenhum comentário:


    Cancion con todos

    Salgo a caminar
    Por la cintura cosmica del sur
    Piso en la region
    Mas vegetal del viento y de la luz
    Siento al caminar
    Toda la piel de america en mi piel
    Y anda en mi sangre un rio
    Que libera en mi voz su caudal.

    Sol de alto peru
    Rostro bolivia estaño y soledad
    Un verde brasil
    Besa mi chile cobre y mineral
    Subo desde el sur
    Hacia la entraña america y total
    Pura raiz de un grito
    Destinado a crecer y a estallar.

    Todas las voces todas
    Todas las manos todas
    Toda la sangre puede
    Ser cancion en el viento
    Canta conmigo canta
    Hermano americano
    Libera tu esperanza
    Con un grito en la voz