Video mostra Moro incomodado com questões sobre Aécio, vazamentos e abusos
SEG, 10/04/2017 - 16:27
ATUALIZADO EM 10/04/2017 - 17:08
Jornal GGN - "Como a Lava Jato consegue descobrir o maior esquema de corrupção do Brasil, mas não consegue controlar os vazamentos?"
Não foi "um equívoco" quebrar o sigilo do blogueiro Eduardo Guimarães, com a desculpa de que ele não é jornalista?
O senhor não se arrepende de tirar foto sorrindo ao lado de Aécio Neves (PSDB), dando "munição" àqueles que alegam que a Lava Jato é parcial e usada como instrumento político? O senhor não vê conflito ético nesse episódio?
O que acha da proposta de Rodrigo Janot para criminalizar a famosa carteirada (uso de cargo público para obter vantagem pessoal) e abuso de imprensa (exploração de meios de comunicação, por autoridades que atuam em investigações e julgamentos, para divulgar casos e antecipar juízo de culpa sobre o acusado/investigado)?
As perguntas que o jornalista Ricardo Senra, correspondendo da BBC Brasil em Washington, fez em um encontro exclusivo com Sergio Moro, durante a passagem do juiz símbolo da Lava Jato pela Harvard Business School, em Cambridge, deixou o magistrado visivelmente desconfortável.
O vídeo, publicado nesta segunda (10) pela BBC Brasil, mostra Moro incomodado com as perguntas espinhosas que foram pipocando ao longo do bate-papo, a ponto de pedir que pedir para que a entrevista fosse encerrada antes do previsto.
O desconforto de Moro começou quando o jornalista pergunta se ele não acha um "conflito ético" ter tirado fotos ao lado de Aécio Neves e Michel Temer, quando ambos são citados em delações da Lava Jato.
Moro respondeu, sorrindo, que não, pois o senador tem foro privilegiado e não tem qualquer possibilidade de ser julgado na primeira instância. Tampouco teriam, ali naquele evento com Temer, discutido qualquer caso que envolvesse a Lava Jato.
Depois dessa rodada, Moro foi questionado sobre a proposta da Procuradoria Geral da União para o projeto de lei contra abuso de autoridade. Apesar de ter participado de vários encontros promovidos no Congresso para debater o tema, Moro limitou-se a responder que não estava "suficientemente informado" sobre a proposta para emitir opinião.
Foi aí, por volta dos 6 minutos de vídeo, que ele olhou o relógio e disparou: "Vamos fazer o seguinte, viu? Mais uma pergunta e a gente encerra."
Durante a entrevista, Moro também negou que a Lava Jato tenha caráter parcial; disse que alguns dos vazamentos criticados, na verdade, não foram vazamentos porque eram informações relacionadas a processos que deveriam ser de conhecimento público (caso de Lula) e negou-se a responder sobre a repercussão negativa da condução coercitiva de Eduardo Guimarães, pois trata-se de investigação pendente.
A entrevista completa está disponível aqui.
Moro diz que dinheiro na Suíça "não faz mal a ninguém", enquanto caixa 2 é golpe na democracia
SEG, 10/04/2017 - 11:19
ATUALIZADO EM 10/04/2017 - 13:51
Foto: Agência Brasil/Marcelo Camargo
Jornal GGN - Em passagem pela Universidade de Havard, no final da semana passada, o juiz Sergio Moro classificou o crime de caixa 2 como pior que o enriquecimento ilícito. Ele sugeriu que os dois são crimes terríveis, mas que usar propina em campanha eleitoral é um "crime contra a democracia", enquanto colocar a propina numa conta na Suíça, por exemplo, "não está mais fazendo mal a ninguém naquele momento".
"Temos que falar a verdade, a Caixa 2 nas eleições é trapaça, é um crime contra a democracia. Me causa espécie quando alguns sugerem fazer uma distinção entre a corrupção para fins de enriquecimento ilícito e a corrupção para fins de financiamento ilícito de campanha eleitoral. Para mim a corrupção para financiamento de campanha é pior que para o enriquecimento ilícito. Se eu peguei essa propina e coloquei em uma conta na suíça, isso é um crime, mas esse dinheiro está lá, não está mais fazendo mal a ninguém naquele momento. Agora, se eu utilizo para ganhar uma eleição, para trapacear uma eleição, isso para mim é terrível. Eu não estou me referindo a nenhuma campanha eleitoral específica, estou falando em geral.
O Congresso, há meses, vem dando sinais de que pretende aprovar uma anistia ao caixa 2, separando o "joio do trigo". O discurso, defendido principalmente por tucanos, é no sentido de não colocar no mesmo balaio quem enriqueceu com propina e quem usou os recursos em campanhas eleitorais, amenizando a pena para esse último grupo.
Moro, segundo O Globo, "defendeu o projeto elaborado pelo Ministério Público Federal por acreditar que a atual tipificação do Caixa 2, que trata do caso de forma semelhante à falsificação, como inadequada."
O juiz, que discursou duas horas após a ex-presidente Dilma Rousseff, não quis comentar a frase do ex-presidente Lula, que afirmou, na semana passada, estar "ansioso" para encontrar o magistrado em Curitiba. Lula prestará depoimento no caso triplex no dia 3 de maio.
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