IMPORTANTES
José Antonio Pagola
Sem dúvida, nossos critérios não coincidem com os de Jesus. A quem de nós ocorre pensar que os homens e mulheres mais importantes são aqueles que vivem ao serviço dos outros?
Para nós, importante é o homem de prestígio, seguro de si mesmo, que alcançou o êxito em algum campo da vida, que conseguiu sobressair aos demais e ser aplaudido pelas pessoas. Estes indivíduos cujo rosto podemos ver constantemente na televisão: líderes políticos, "prêmios Nobel", cantores da moda, desportistas excepcionais … Quem pode ser mais importante do que eles?
De acordo com o critério de Jesus, simplesmente esses milhares e milhares de homens e mulheres anônimos, de rosto desconhecido, a quem ninguém prestará homenagem alguma, mas que se desvelam no serviço desinteressado aos demais. Pessoas que não vivem para seu êxito pessoal. Pessoas que não pensam só em satisfazer egoisticamente seus desejos, mas que se preocupam com a felicidade de outros.
De acordo com Jesus, existe uma grandeza na vida destas pessoas que não conseguem ser felizes sem a felicidade dos outros. Sua vida é um mistério de entrega e desinteresse. Sabem colocar sua vida à disposição de outros. Agem movidos por sua bondade. A solidariedade anima seu trabalho, suas tarefas diárias, suas relações, sua convivência.
Não vivem só para trabalhar nem para desfrutar. Sua vida não se reduz a cumprir suas obrigações profissionais ou executar diligentemente suas tarefas. Sua vida encerra algo mais. Vivem de maneira criativa. Cada pessoa que encontram em seu caminho, cada dor que percebem ao seu redor, cada problema que surge próximo a eles, é um chamado que os convida a agir, servir e ajudar.
Podem parecer os "últimos': mas sua vida é verdadeiramente grande. Todos nós sabemos que uma vida de amor e serviço desinteressado vale a pena, mesmo que não nos atrevamos a vivê-la. Talvez precisemos rezar humildemente como fazia Teilhard de Chardin: "Senhor, responderei à tua inspiração profunda que me ordena existir, tendo cuidado de não sufocar, nem desviar nem desperdiçar minha força de amar e fazer o bem'.
Trecho do livro "O Caminho Aberto por Jesus", de José Antonio Pagola, Editora Vozes.
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