Para conscientizar as pessoas sobre a realidade do sofrimento animal na indústria da carne, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) lançou no Brasil o 'Desafio 21 dias sem carne'. O comentário é de Elizabeth Mac Gregor, diretora de educação do Fórum Nacional de Proteção e Defesa Animal (FNPDA) em artigo publicado por Brasil Post, 14-10-2015.
Eis o artigo.
Certa vez, um dos editores de uma das mais importantes revistas sobre animais criados para consumo citou: "Uma das melhores coisas na moderna pecuária é que a maioria das pessoas não têm ideia de como os animais são criados e processados". Apesar da evolução nos meios de comunicação nos últimos anos, isso ainda é uma verdade: a maioria das pessoas não sabe como os animais são criados, transportados e abatidos. Dessa forma, a capacidade de escolherem o que irão ou não irão consumir é drasticamente comprometida.
Uma vida de sofrimento
Sistemas intensivos, onde os animais são tratados como máquinas em confinamento são comuns no nosso país. No Brasil, aproximadamente 95% das galinhas poedeiras (usadas para produzir ovos) são mantidas em gaiolas, com espaço menor do que uma folha A4 para viver, sem poder andar ou sequer esticar completamente suas asas. Já paraporcas, 99% da produção nacional é feita em gaiolas, em que o animal não pode sequer dar uma volta ao redor do próprio corpo; só pode levantar-se e deitar-se.
Práticas dolorosas também são realizadas. Bovinos são marcados a ferro - ou seja, têm suas peles queimadas -, muitos são castrados e têm seus chifres queimados para que eles não cresçam. Os suínos também sofrem mutilações: suas caudas são cortadas, seus dentes são cortados ou lixados e seus testículos removidos. Galinhas poedeiras e outras aves têm seus bicos cortados por uma chapa quente de metal, quando eles ainda têm poucos dias de vida. Tudo isso, na grande maioria das vezes, é feito sem nenhum tipo de anestesia ou anestésico.
Pintinhos machos - que não têm utilidade na produção de ovos - são triturados vivos logo após o nascimento. Frangosde corte são geneticamente selecionados para crescer 70 vezes o seu tamanho inicial em pouco mais de um mês. É o animal criado para consumo que cresce mais rápido; tão rápido que muitos deles acabam perdendo a capacidade andar, pois suas pernas não aguentam o peso de seus corpos ou morrem prematuros, já que seus corações são pequenos e não conseguem oxigenar apropriadamente seus corpos. Vacas leiteiras também passaram por seleção genética e muitas vezes recebem hormônios para produzir leite, além disso a possibilidade de incidência de mastite - inflamação dolorosa das tetas - é alta. Os bezerros são separados das mães horas depois de nascer, causando estresse e tristeza nos animais.
No final, o destino é sempre o mesmo: o abate
Todos os animais de produção um dia serão enviados aos abatedouros, mesmo aqueles criados para produção de leite, ovos, lã, etc. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas no Brasil são abatidos cerca de 5,6 bilhões de animais por ano, contabilizando apenas bovinos, suínos e aves, ou seja, outros animais como peixes e outros não entram nessa conta.
Embora a indústria da carne insista em dizer que o abate é 'humanitário', ou seja, sem sofrimento, a realidade não é bem assim. Apesar dos programas de treinamento 'humanitário', que existem em alguns - não em todos - frigoríficos brasileiros, sabe-se que as falhas existem e junto com elas, a dor e o sofrimento dos animais. Dentro das estruturas dos frigoríficos, os animais podem estar conscientes no momento do abate (muitas vezes, até mesmo depois disso, ou seja, no momento em que são cortados para um processo chamado 'sangria'). Sendo assim, são capazes de perceber e sentir toda a dor envolvida nesse processo. Isso sem sombra de dúvidas é um sentimento horrível para eles. Sem contar os abates clandestinos, que são presentes no país, ou os abates que acontecem nas fazendas, onde os animais são mortos sem nenhum tipo de insensibilização, ou seja, estão plenamente conscientes. Muitas vezes, a forma de abate é extremamente bruta e dolorosa, por meio de marretadas ou facas enfiadas em suas gargantas ou corações.
Escolha a compaixão: participe do 'Desafio 21 Dias Sem Carne'
Para conscientizar as pessoas sobre a realidade do sofrimento animal na indústria da carne, a Sociedade Vegetariana Brasileira (SVB) lançou no Brasil o 'Desafio 21 dias sem carne'. Celebridades como o cantor Junior Lima e a atleta olímpica Fernandinha já aceitaram participar. Se você gosta de animais e não quer ser responsável pelo sofrimento de muitos deles, faça parte desse movimento. Entre no site www.desafio21diassemcarne.com para saber como e compartilhe a ideia com seus amigos.
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