Governo Sartori tira do ar página do Gabinete Digital
Por Vinicius Wu (*)
1. O Governo do Rio Grande do Sul – o mesmo que não paga mais salários em dia para seus servidores – acaba de retirar do ar a página do Gabinete Digital, criado em 2011.
2. Na era digital, isso é o mesmo que destruir arquivos, queimar documentos, livros etc. É apagar uma memória institucional que não pertence a um ou outro governo, mas à sociedade. É grave e absurdo!
3. Mais grave ainda por se tratar de uma experiência reconhecida internacionalmente, vencedora de diversos prêmios nacionais e internacionais, inclusive, prêmios concedidos pelo Banco Mundial e a Organização das Nações Unidas (ONU).
4. O Gabinete Digital tem sido objeto de estudo de dezenas de pesquisas acadêmicas, com mais de 50 trabalhos acadêmicos, entre artigos, dissertações e teses já elaboradas e publicadas em diversas instituições de pesquisa dentro e fora do Brasil. Diversos desses pesquisadores recorriam à base de dados do site para proceder suas investigações. No entanto, agora, o Governo do calote resolve apagar a memória do projeto.
5. Cumpre registrar, ainda, que esse projeto foi desenvolvido com tecnologia própria, através da Companhia Estadual de Processamento de Dados. Portanto, há recurso público investido e o atual governo resolve jogar tudo no lixo.
6. O direito à memória deve ser defendido em ambientes digitais. Um governo não tem o direito de, simplesmente, apagar a história e o desenvolvimento das instituições públicas.
Os arquivos de um órgão governamental são públicos, não pertencem a nenhum governo. Nenhum governo tem o direito de sumir com arquivos, apagar documentos e negar o direito à memória a seus cidadãos.
(*) Vinicius Wu foi coordenador do Gabinete Digital no Governo Tarso Genro. Atualmente, é secretário de Articulação Institucional do Ministério da Cultura. Esse texto foi publicado originalmente na página do autor no Facebook.
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