Contrato assinado no governo Britto prevê sanções por não pagamento da dívida
Marco Weissheimer
O líder da bancada do PT na Assembleia Legislativa, Luiz Fernando Mainardi, criticou a decisão do governador José Ivo Sartori (PMDB) de atrasar o pagamento da dívida do Estado com a União no mês de abril, classificando-a como uma medida protelatória que não ataca de frente os problemas financeiros estruturais do Estado. "Esperávamos que em quase seis meses decorridos da eleição e cerca de quatro meses de governo fosse apresentada uma proposta efetiva que ao menos sinalizasse como Sartori e sua equipe pensam administrar o Estado", disse Mainardi.
A bancada do PT lembrou que, no contrato assinado pelo ex-governador Antônio Britto (PMDB) com a União, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), não há possibilidade contratual de moratória, não pagamento ou calote de pagamento da dívida. Esse contrato permite que a própria União saque recursos da conta do Estado a fim de cumprir o pagamento da parcela da dívida vencida. Segundo a bancada petista, já houve episódios de adiamento de pagamentos de parcela da dívida, mas a União nunca se valeu desta cláusula.
Segundo o contrato assinado no governo Britto, se o Estado atrasar em mais de 10 dias o pagamento da parcela da dívida, o índice de correção do saldo da dívida pode ser alterado. Além disso, existe a possibilidade de alteração do percentual de comprometimento da Receita Líquida Real, que passaria de 13% para 17% durante o período em que persistisse o descumprimento do contrato.
O acordo da dívida firmado por Britto com a União, em 1996, chegou a ser apontado como a solução para o problema da dívida do Rio Grande do Sul. Na edição do dia 21 de setembro de 1996, a manchete do jornal ZH afirmava: "Rio Grande liquida a dívida". A principal foto da capa mostrava Britto e o então ministro da Fazenda, Pedro Malan, sorridentes, comemorando o acordo que, segundo ZH, estaria "limpando a ficha dos gaúchos". Mas o acordo feito por Britto não só não resolveu como acabou agravando a situação financeira do Estado. Hoje, depois de pagar mais de R$ 15 bilhões, o Estado ainda deve cerca de R$ 47 bilhões.
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