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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

31.8.15

Informação do governo Sartori sobre a dívida é ‘falsa e manipulatória’

31/ago/2015, 15h43min

Informação do governo Sartori sobre a dívida é 'falsa e manipulatória', diz Tarso

Tarso Genro: "Afirmo que é totalmente falsa e manipulatória a informação de que, nos últimos quatro anos, a situação foi agravada pelo nosso governo

Tarso Genro: "Afirmo que é totalmente falsa e manipulatória a informação de que, nos últimos quatro anos, a situação foi agravada pelo nosso governo".
(Foto: Guilherme Santos/Sul21)

Marco Weissheimer

O ex-governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), contestou na tarde desta segunda-feira (31), a afirmação feita pelo governador José Ivo Sartori (PMDB) pela manhã, sustentando que a crise financeira do Estado teria se agravado nos últimos quatro anos. Durante a entrevista coletiva em que confirmou um novo parcelamento de salários do funcionalismo público, Sartori afirmou que a dívida é resultado de "um longo processo histórico" e que "nos últimos quatro anos o quadro se agravou bastante".

"Estava em silêncio, observando as soluções 'simples' do Governo atual, mas sou obrigado a me manifestar pontualmente sobre a informação que o Governo Estadual fez circular, sustentando que a situação financeira do Estado se agravou nos últimos 4 anos. A informação não é verdadeira", disse Tarso Genro, em nota. Segundo o ex-governador, todos os problemas de caixa enfrentados pelo governo anterior, e que seguiram impactando o atual governo, derivam de duas fontes principais.

"Em primeiro lugar", assinalou, resultaram "do escorchante acordo da dívida, feito sob o patrocínio do PMDB, durante o governo do período 95-98, que, ao invés de prever a liquidação da mesma, proporcionou seu aumento escandaloso nos últimos quinze anos". Em segundo, acrescentou, "derivaram também da pressão brutal das Requisições de Pequeno Valor (RPVs) e dos precatórios, pagos pelo nosso governo, em volume muitíssimo superior a todos os demais, valores oriundos de aumentos salariais aprovados pela Assembleia e que não foram honrados pelo governo do PMDB – as correções salariais da Lei Britto".

Assim, concluiu o ex-chefe do Executivo gaúcho, "afirmo que é totalmente falsa e manipulatória a informação de que, nos últimos quatro anos, a situação foi agravada pelo nosso governo". "O correto seria dizer que, no nosso governo, se fizeram se sentir os efeitos das desastradas administrações financeiras do PMDB, que nos precederam e que agora se repetem: não pagamento de direitos e tentativa de aumento de impostos".

"No nosso governo", finalizou, "depois de uma luta árdua, pela primeira vez diminuímos a dívida pública, abrindo novo espaço fiscal para que o Estado não paralisasse e passasse para uma nova etapa de negociação e pressão sobre o governo federal".

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http://www.sul21.com.br/jornal/informacao-do-governo-sartori-sobre-a-divida-e-falsa-e-manipulatoria-diz-tarso/ 

Os missivistas messiânicos

30/08/2015 - Copyleft 

Os missivistas messiânicos

O Equador e a Bolívia - os países que mais avançaram na região no processo de superação do neoliberalismo - são vitimas desse tipo de pronunciamento.

por Emir Sader em 30/08/2015 às 07:53


Emir Sader

Intelectuais de esquerda que não pertencem a partidos políticos de esquerda, tem muita dificuldade para se localizar na luta política. Desde onde falam? Que horizonte representam? O da teoria pura? O da ortodoxia abstrata?
 
No entanto, por várias razões, eles existem em grande quantidade e muitas vezes produzem análises muito úteis para os processos políticos reais. Só que falham quando suas análises tem que se medir politicamente com a realidade, porque a política supõe partido, inserção nos processos concretos.
 
Analisando os chamados "marxistas ocidentais", Perry Anderson contatava que sua sobrevivência com intelectuais desvinculados de partidos de esquerda, supunha se encerrartemas específicos, relativamente autônomos em relação à realidade concreta – entre os quais questões estéticas, metodológicas. Abandonavam as análises econômicas, políticas, sociais das correlações de força, das linhas concretas dos partidos.
 
Este é o dilema dos intelectuais não engajados na prática política concreta. Terminam desenvolvendo visões descritivas da realidade, que captam aspectos dessa realidade, mas sem poder articula-los com o que, para o marxismo, é um elemento essencial – a prática concreta. O conceito de práxis é um desafio para os intelectuais livre atiradores, que pretendem discorrer sobre a realidade de forma desvinculada das acumulações de força, das estratégias e táticas, das alianças e da constituição de blocos de forças para organizar um novo poder.
 
De um tempo pra cá, a partir do enfraquecimento dos partidos de esquerda em escala mundial e do surgimento de ONGs, vários intelectuais consagraram formas de expressão de livre atiradores. Uma delas é mandar cartas – individuais ou coletivas – a dirigentes políticos do campo popular, fazendo suas críticas a aspectos das práticas desses governos. 
 
Mas de que ponto de vista se pronunciam esses intelectuais? Denunciam situações concretas, pretendem defender movimentos sociais, sem nenhum compromisso com os processos concretos dos países sobre os quais se pronunciam.
 
Recentemente o Equador e a Bolívia – os países que mais avançaram na região no processo de superação do neoliberalismo – são vitimas desse tipo de pronunciamento, quase sempre protagonizado pelas mesmas pessoas, intelectuais europeus e latinoamericanos. Acusam a esses governos de posturas repressivas, supostamente desconhecedoras das necessidades do meio ambiente, dos interesses indígenas, etc.
 
Nesses países, pessoas que fizeram parte dos processos políticos dirigidos por Evo Morales e por Rafael Correa, romperam com esses governos e foram rapidamente se radicalizando, pela denúncia da "traição" desses dirigentes. Não se constituíram como corrente mais à esquerda desses governos mas, num estranho movimento, passaram a centralizar sua luta na derrubada desses governos, aliando-se com a direita tradicional para tentar atingir esses objetivos. Nos dois países – Equador e Bolivia – o processo é muito similar mas ocorre também na Venezuela, no Brasil, na Argentina, no Uruguai. Em todos eles terminam tomando aos governos e a seus lideres como seus inimigos fundamentais, favorecendo assim alianças com as forças da direita.
 
Quando há eleições, em nenhum desses países – nem na Bolivia, no Equador, na Argentina ou no Brasil – essas pessoas encontram quaquer tipo de apoio popular. Quando se candidatam, tem votações irrisórias. Fazem um bafafá via internet, juntando nomes. Mas revelam não ter nenhum apoio popular.
 
Porque não se situam em relação à realidade do ponto de vista da sua prática, na perspectiva de projetos concretos de transformação da realidade. Se resumem a ser intelectuais críticos da realidade. Pretendem encarnar uma visão teórica acima da realidade, mas não passam de pretensos intelectuais messiânicos, sem nenhuma capacidade de influência da realidade e auto marginalizados dos processos concretos de construção de modelos de superação do neoliberalismo na America Latina.
 
Por isso não contribuem a nenhum tipo de construção de alternativa política, porque costumam caracterizar a cada um dos processos concretos como "traidores" dos ideias puros que eles pretendem representar. Um movimento abstrato, intelectual, sem nenhum vínculo com a esquerda latino-americana realmente existente.



Los intelectuales francotiradores

Los intelectuales francotiradores

Son autónomos, no pertenecen a partidos de izquierda. Se ocupan de cuestiones estéticas y metodológicas, sin abordar el análisis económico, político, social o de la correlación de fuerzas. Los pensadores progresistas fallan cuando sus análisis tienen que medirse con la realidad, porque la política supone tomar partido, insertase en el proceso de cambio que vive la región.

> Domingo, 30 Agosto 2015 20:04
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Emir Sader durante una conferencia - Foto: Heinrich Aikawa/Instituto Lula

Emir Sader - Blog (Brasil)

Intelectuales de izquierda que no pertenecen a partidos políticos de izquierda, tienen mucha dificultad para entender la lucha política. ¿Desde donde hablan? ¿Qué horizonte representan? ¿El de la teoría pura? ¿O el de la ortodoxia abstracta?

No obstante, por varias razones, existen en gran cantidad y muchas veces producen análisis muy útiles para los procesos políticos reales. Sólo que fallan cuando sus análisis tienen que medirse con la realidad, porque las política supone partido, inserción en los procesos concretos.

Analizando los llamados 'marxistas occidentales', Perry Anderson constata que su supervivencia como intelectual desvinculado de partidos de izquierda, supone encerrarse en temas específicos, relativamente autónomos en relación a la realidad concreta, entre otras cuestiones estéticas, metodológicas. Abandonaron los análisis económicos, políticos, sociales, de la correlación de fuerzas, de las líneas concretas de los partidos.

  " Este es el dilema de los intelectuales no comprometidos en la práctica política concreta. Terminan desarrollando visiones descriptivas de la realidad, que captan aspectos de esa realidad, pero sin poder articularlos con lo que, para el marxismo es un elemento esencial, la práctica concreta. El concepto de praxis es un desafío para los intelectuales francotiradores "

Este es el dilema de los intelectuales no comprometidos en la práctica política concreta. Terminan desarrollando visiones descriptivas de la realidad, que captan aspectos de esa realidad, pero sin poder articularlos con lo que, para el marxismo es un elemento esencial, la práctica concreta. El concepto de praxis es un desafío para los intelectuales francotiradores, que pretenden discutir sobre la realidad de forma desvinculada de las acumulaciones de fuerza, de las estrategias y tácticas, de las alianzas y de la constitución de bloques de fuerzas para organizar un nuevo poder.

De un tiempo a esta parte, a partir del debilitamiento de los partidos de izquierda a escala mundial y del surgimiento de ONGs, varios intelectuales consagran formas de expresión de francotiradores. Un de ellas es mandar cartas –individuales o colectivas- a dirigentes políticos del campo popular, criticando aspectos de las prácticas de esos gobiernos.

¿Desde qué punto de vista se pronuncia esos intelectuales? Denuncian situaciones concretas, pretenden defender movimientos sociales, sin ningún compromiso con los procesos concretos de los países sobre los cuales se pronuncian.

Recientemente en Ecuador y en Bolivia –los países que más avanzaron en la región en el proceso de superación del neoliberalismo- son víctimas de este tipo de pronunciamientos, casi siempre protagonizado por las mismas personas, intelectuales europeos y latinoamericanos. Acusan a esos gobiernos de posturas represivas, supuestamente desconocedoras de las necesidades del medio ambiente, de los interés indígenas, etcétera.

" No se sitúan en relación a la realidad desde el punto de vista de su práctica, en la perspectiva de proyectos concretos de transformación de la realidad. Se resumen a ser intelectuales críticos de la realidad. Pretenden encarnar una visión teórica por encima de la realidad, pero no pasan de aspiraciones intelectuales mesiánicas, sin ninguna capacidad de influencia en la realidad "

En esos países, personas que formaron parte de los procesos políticos dirigidos por Evo Morales y por Rafael Correa, rompieron con esos gobiernos y se fueron rápidamente radicalizando, por la denuncia de 'traición' de esos dirigentes. No se constituyeron como una corriente más de la izquierda, en un extraño movimiento, pasaron a centralizar su lucha en el derrumbe de esos gobiernos, aliándose con la derecha tradicional para intentar llegar a esos objetivos. En los dos países -Ecuador y Bolivia- el proceso es muy similar a lo que ocurre también Venezuela, en Brasil, en Argentina, en Uruguay. En todos ellos terminan tomando a los gobiernos y a sus líderes como sus enemigos fundamentales, favoreciendo así alianzas con las fuerzas de la derecha.

Cuando hay elecciones, en ninguno de estos países –ni en Bolivia, Ecuador, Argentina o Brasil- estas personas encuentran algún tipo de apoyo popular. Cuando se candidatean, tienen votaciones irrisorias. Hacen un alboroto vía internet, juntando nombres. Aunque revelan no tener ningún apoyo popular.

Porque no se sitúan en relación a la realidad desde el punto de vista de su práctica, en la perspectiva de proyectos concretos de transformación de la realidad. Se resumen a ser intelectuales críticos de la realidad. Pretenden encarnar una visión teórica por encima de la realidad, pero no pasan de aspiraciones intelectuales mesiánicas, sin ninguna capacidad de influencia en la realidad y auto marginados de los procesos concretos de construcción de modelos de superación del neoliberalismo en América Latina. 

Por eso no contribuyen a ningún tipo de construcción de alternativa política, porque a menudo caracterizan a cada uno de los procesos concretos como 'traidores' de los ideales puros que ellos pretenden representar. Un movimiento abstracto, intelectual, sin ningún vínculo con la izquierda latinoamericana realmente existente.

 

Leer artículo en portugués aquí


filmes e documentários...

Encontro com Milton Santos, ou: o mundo global visto do lado de cá"
do cineasta brasileiro Sílvio Tendler, discute os problemas da globalização. O filme é conduzido por uma entrevista com o geógrafo e intelectual baiano Milton Santos, gravada quatro meses antes de sua morte.
http://www.youtube.com/watch?v=-UUB5DW_mnM


11 documentários que vão mudar sua visão do mundo



30 Anos de Anistia



Os Advogados contra a Ditadura: Por uma questão de Justiça



Militares da Democracia: os militares que disseram NÃO



Marighella



Brasil Muito Além do Cidadão Kane



nesta segunda, às 17h



Audiências Públicas

O Fórum Gaúcho de EPS e da Subcomissão de Economia Solidária na Comissão de Economia, Desenvolvimento Sustentável e Turismo da Assembleia Legislativa estão realizando Audiências Públicas em Defesa da Política Pública de Economia Solidária.

Serão cinco audiências regionais e uma estadual, conforme o calendário abaixo:
Regional Sul: Pelotas – 17 de agosto, na Câmara de Vereadores, 17h
Regional Serra: Caxias do Sul – 31 de agosto na Câmara de Vereadores, 17h
Regional Fronteira Oeste: Santana do Livramento – 24 de agosto, na Câmara de Vereadores, 17h
Regional Litoral Norte: Torres – 28 de setembro, 17h
Regional Vale do Sinos: Canoas - 05 de outubro, 17h
Audiência Estadual: Porto Alegre - 26 de outubro na Assembleia Legislativa, 15h 

Convidamos cada integrante de empreendimento da economia solidária, organizações de assessoria e fomento, gestoras/es públicas/os, movimentos sociais populares e população para dialogarmos sobre a importância da economia solidária como promotora de um desenvolvimento sustentável, territorial e democrático. E, que as políticas públicas são fundamentais para fomentar o trabalho associado e uma economia que coloca a vida acima do lucro.
 
Acesse aqui a sugestão de cartaz para você imprimir e levar para a Audiência de sua região.

Fonte: Fórum Gaúcho de Economia Popular Solidária




Sartori, Forrest Gump e as nossas façanhas (por Ricardo Almeida)

31/ago/2015, 7h51min

Sartori, Forrest Gump e as nossas façanhas (por Ricardo Almeida)

Forrest Gump – O Contador de Histórias é uma comédia dramática que proporciona algumas reflexões contraditórias sobre a história política dos EUA na segunda metade do século 20. No filme, o diretor Robert Zemeckis revela a existência de um olhar voltado apenas para o presente (imediato), para os chamados prazeres individuais, que deixam a construção do futuro para os "outros", num mundo dominado pelo egoísmo, pela alienação, pelos selfies e pela reprodução dos hábitos de "celebridades".

sartori gump

Apesar de ser uma personagem amável, Forrest vivia sem entender o que se passava à sua volta. No entanto, mesmo atrapalhado, ele acabou se tornando uma testemunha da história política norte-americana, pois estava presente "no momento certo" e "na hora certa", quando fatos importantes aconteciam. Assim, na sua ingênua curiosidade, ele acabou fazendo parte da história, pois sua "participação" foi registrada pelas lentes dos fotógrafos e pelos jornalistas de plantão.

Nas poucas vezes em que falava o "soldado Gump" dizia que era fácil servir ao exército, pois bastava "fazer a cama direitinho", "estar sempre em pé" e "responder todas as perguntas" dizendo: "Sim, senhor!". Na vida real também existem pessoas que repetem tudo o que os apresentadores de rádio e de televisão dizem, sendo que algumas decoram os "chavões" da política e adotam lógicas excludentes (desde que não sejam elas as excluídas). Na maioria das vezes, sem a mínima noção de realidade, essas pessoas vivem apenas para satisfazer os seus prazeres imediatos, pessoais e egoístas.

A mãe de Forrest deu conselhos fundamentais para ele. Por exemplo, ela costumava repetir: "A vida é como uma caixa de bombons. Você nunca sabe o que vai encontrar". E Forrest interpretava (?) que ninguém poderia imaginar um futuro possível e que, por isso mesmo, não adiantava fazer reflexões sobre as possibilidades e nem sobre o destino que estava a sua frente. O seu nome, por exemplo, foi uma homenagem a um antepassado da família que fez parte da história norte-americana: era uma liderança da Ku Klux Klan.

De uma maneira trágica e divertida, o Contador de Histórias nos faz enxergar o mundo com os olhos desarmados e, ao mesmo tempo, com uma enorme vontade de desvendar os obstáculos e a complexidade da vida contemporânea. Uma vida caracterizada pela abundância de informações (televisão e internet), e também pelo surgimento de redes caórdicas de relacionamentos, pelo crescimento de valores egoístas e individuais, e pela triste proliferação de grupos de pessoas céticas, dispersas e solitárias.

Depois de assistir ao filme se consegue pensar melhor sobre as nossas escolhas, sobre a relação que temos com a família, com os amigos, com a história e com a política. No entanto, muitas pessoas preferem seguir a vida sem se comprometer com nada, e por isso mesmo não medem as consequências dos seus atos. Outras, idealistas, apenas fazem os seus protestos e morrem.

Numa sociedade dominada pelas mídias e pelas novas tecnologias estamos perplexos assistindo muitas verdades serem substituídas pelas aparências e pelas intenções do marketing, como se tudo fosse uma propaganda ou um produto a ser consumido. Nessa confusão midiática ficou muito difícil identificar a verdadeira intenção das pessoas e os valores que orientam as relações presenciais e/ou virtuais. Algumas pessoas até dizem querer mudar a vida, mas no fundo querem apenas manter os seus privilégios (status e cargos). Outras querem acabar com as diferenças na porrada, impondo a sua verdade e não aceitando o diálogo franco e maduro.

Elas estão pouco se importando com o método utilizado e distorcem o próprio sentido de cidadania e de amizade, pois agem como se não tivessem "compromissos" e "responsabilidades". A palavra, o gesto e a intenção acabam se tornando "coisas" que perdem o seu sentido prático e sensível. Querem relações frias e impessoais, ou como se tudo fosse um verdadeiro "jogo de azar". Mas, ao olharmos bem de perto, caso a caso, ouvindo e sentindo cada gesto, é que conseguimos perceber as diferenças, os resultados e também (é claro!) as confusões.

E o que o Sartori tem a ver com tudo isso? É verdade que ele adora falar dos conselhos que recebeu da sua mãe, que nunca sabe o que vai acontecer no futuro e que possui muitos seguidores… O que muita gente não percebe é que ele quer transformar as pessoas em verdadeiros "Forrest Gumps". Ou seja, ele está tentando entrar para a história como um governador "Contador de histórias" e que segue ocultando as forças conservadoras e reacionárias que o apoiam desde a campanha política.

Quem acha que o governador é um Forrest Gump está muito enganado. Na verdade, ele faz parte de uma campanha de marketing muito bem pensada, que quer privatizar o Estado e vender o máximo do patrimônio público. É bom lembrar que Sartori era líder do Governo Brito na Assembleia Legislativa, e foi responsável pela péssima renegociação da dívida do estado com a União, que hoje ele tanto reclama. À época ele também apoiou a privatizações de empresas públicas, os planos de demissões voluntárias e também aprovou aquele famigerado modelo de pedágios. Agora, como governador, ele já tomou várias medidas "duras" que impactam na vida dos gaúchos e das gaúchas. Vejam algumas delas:

— Acabou com a Secretaria de Políticas para as Mulheres e criou uma secretaria especial para a sua esposa;

— Usou o helicóptero do Estado para compromissos particulares;

— Aprovou um reajuste de 45,9% para o seu salário (depois voltou atrás, em função da pressão popular), de 64% para seus secretários de governo e de 26,3% para os deputados estaduais;

— Atrasou e parcelou o salário dos servidores públicos, e responde na justiça por esse ato;

— Diminuiu o policiamento nas ruas em função do corte de horas extras dos policiais;

— Deixou de repassar recursos para hospitais e, com isso, os hospitais reduziram leitos, demitiram funcionários e baixaram a qualidade dos atendimentos;

— Suspendeu o pagamento dos fornecedores e dos prestadores de serviços, gerando desemprego em empresas terceirizadas;

— Encaminhou projeto de extinção da Fundação Zoobotânica e assim pretende desmantelar uma instituição séria, que contribui com conhecimentos essenciais para a proteção ambiental do estado;

— Assinou um decreto de regulamentação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) do Bioma Pampa com a nítida intenção de facilitar o agronegócio, aumentar as lavouras e acabar com os campos nativos remanescentes. Esse decreto está sendo contestado pelo Ministério Público;

— Não conversa com a imprensa após o anúncio das suas medidas amargas;

— Indicou pessoas sem a mínima experiência para áreas estratégicas do Estado, como a Secretaria de Administração, de Turismo etc;

— Empregou parentes de secretários e de deputados, e indicou secretários de estado para o Conselho de Administração do Banrisul, das empresas estatais, para aumentar ainda mais a renda dos seus amigos;

— Quer aumentar o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e de Serviços (ICMS) e, com isso, vai contribuir para aumentar o preço dos alimentos, dos combustíveis, da energia elétrica, da internet, e dos serviços em geral;

— Os deputados da base aliada aprovaram o projeto ironicamente chamado de "Lei Escola Melhor: Sociedade Melhor", que abre a possibilidade de privatização do ensino público e tira a responsabilidade do Estado com a educação;

— Os seus deputados também aprovaram a Lei de Diretrizes Orçamentárias para 2016 e tudo indica que haverá um arrocho salarial, e todas as consequências que isso trás (greves e mais greves).

O governador disse que essas medidas representam apenas uma "sementinha" dentro das atitudes propostas para melhorar as condições financeiras do Estado, mas vemos que a população do Rio Grande do Sul já está começando a viver um novo pesadelo. A segurança pública está ameaçada, com um considerável aumento da criminalidade e dos assaltos, as escolas vivem momentos de incertezas e de manifestações diárias, milhares de pessoas estão ficando sem atendimento de saúde e alguns municípios suspenderam ou reduziram os atendimentos pelo SUS. As ameaças de atraso nos pagamentos e o parcelamento dos salários trouxe ainda mais insegurança para os servidores, que não conseguem planejar a vida de suas famílias.

Seria cômico se não fosse trágico… Vê-se que o Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade (PGQP), aplicado pela consultoria do empresário Jorge Gerdau, é um plano que trata as pessoas apenas como números e o patrimônio público conquistado pelos nossos pais e avós como bens totalmente descartáveis. No entanto, se os riograndeses recomeçarem a escrever a sua história a partir das organizações e das lutas sociais, e não ficarem apenas falando entre os seus e/ou criticando a figura caricatural do governador, essa camuflada estratégia política e midiática poderá ser desmascarada.

Ainda bem que, contraditoriamente, Sartori conseguiu unificar diversos setores contra o seu governo, e uma grande mobilização promete continuar até não se sabe quando… Tudo vai depender do grau de consciência e de organização que os gaúchos e suas lideranças conseguirem alcançar.

A vida ensina aos que lutam e sabemos que num futuro próximo, esses grupos econômicos que apoiam Sartori, assim como os seus silenciosos seguidores, terão que se explicar pelo novo sucateamento do Rio Grande. Pior é que não se trata de um filme e muito menos de uma peça de ficção, e que, portanto, todos nós seremos responsabilizados pelas nossas escolhas, silêncios e atitudes. É que as nossas vidas estão em jogo, assim como as vidas de nossos amigos, filhos, netos e vizinhos. É sempre bom lembrar que um povo que não tem virtude (e que não se organiza) acaba por ser escravo de políticos inescrupulosos.

.oOo.

Ricardo Almeida é consultor em gestão de projetos com uso de tecnologia da informação e comunicação.


http://www.sul21.com.br/jornal/sartori-forrest-gump-e-as-nossas-facanhas/


O boneco protegido

31/ago/2015, 8h02min

O boneco protegido

Por Tarso Genro

A proteção policial oferecida ao boneco inflável e infamante do Presidente Lula vestido de presidiário na Avenida Paulista, neste domingo, não é um fato irrelevante, na crise que vive o país. Vejam: não estou falando do "boneco", que poderia ser do Sartori, do Fernando Henrique, do Aécio, deste que vos escreve ou de qualquer outra pessoa, que poderia, ao sentir-se injuriado ou difamado, acionar a Justiça, para buscar as devidas reparações legais. Estou me referindo à proteção policial oferecida aos que resolveram, por decisão política, assumir o risco de atacar desta forma um ex-Presidente, assumindo uma forma  muito usada na Alemanha  convulsa que precedeu o nazismo. Ali, as principais vítimas eram os sociais–democratas, os comunistas e a comunidade judia.

Naqueles  anos tristes de decomposição da República de Weimar as hordas das SA, protegidas pela Polícia do Estado, invadiam estabelecimentos de comércio dos judeus, lares de adversários políticos e, em nome do futuro da Alemanha, saqueavam e matavam, preparando um regime totalitário que foi responsável pela eclosão da Segunda Grande Guerra. Faziam tudo isso com a proteção da Polícia e com a "luz verde" das organizações políticas conservadoras, muitas delas depois também  devastadas ou perseguidas pela besta nazista. Estou me referindo, portanto, a um certo nível de ultrapassagem do rito democrático, quando as forças de segurança do Estado deixam de preservar a sua neutralidade formal e avançam na sua partidarização aberta.

Tal avaliação serviria para qualquer "boneco" protegido, porque o fato emblemático deste episódio é a Polícia protegendo uma ação que, claramente, acionada a Justiça pelo ofendido,  poderia ser considerada uma ação delituosa. A presença da Polícia, protegendo atos injuriosos ou difamatórios, abre uma ferida no pacto democrático vigente, porque incita, também,  os inconformados, a exigirem dela um tratamento isonômico, ou seja,  o direito à proteção de atos que realizem contra os seus adversários políticos, com o risco de gerar um espiral de violência que , substitua a política pela ação direta e, finalmente, a disputa pela hegemonia dentro da democracia pela violência sem freios.

Agnes Heller, no seu "O Cotidiano e a História", diz que "os políticos grandes e vitoriosos foram sempre aqueles cujas representações da própria classe ou nação e até mesmo dos (seus)  inimigos mantiveram-se isentas de preconceitos", por isso puderam ver com clareza o que deveriam e poderiam fazer, em defesa da sua classe, do seu país ou do que imaginavam ser o melhor para todo o povo.

Os que observam os outros somente através de um sistema de preconceitos, por exemplo, achando "que o seu opositor" é invariavelmente "um covarde", ou que permanecerá eternamente acuado, mais dia menos dia será derrotado.

Estas pessoas não conseguem  nunca compreender as reservas de dignidade humana que todas as pessoas possuem, independentemente da sua ideologia e das adversidades que enfrentam em algum momento. O fascismo, além de ser uma ideologia anti-humanista é, também, uma patologia social, que emerge em determinadas situações históricas, e proteger esta patologia já é um sinal de sintoma totalitário em qualquer Estado.

O ataque sistemático que os meios de comunicação dominantes tem feito à esfera da Política  (ironicamente reservando para si a dignidade ética da nação), o novo ciclo de enriquecimento dos mais ricos no ajuste recessivo e "austero" promovido no país e na maioria dos estados federados (v. "Valor" D2, 27 ag.), a semeadura do ódio criminoso contra pessoas e instituições, a falta de negociação política para estabilizar  o país entre as principais lideranças nacionais formam um caldo de cultura facilmente apropriável por qualquer tipo de messianismo, tão simplista e de fácil compreensão "das massas",  como falso e manipulatório. Se isso prosperar, o resultado é previsível: novo ciclo autoritário e radicalização da violência, Por dentro e por fora do Estado.

.oOo.

Tarso Genro foi governador do Estado do Rio Grande do Sul, prefeito de Porto Alegre, Ministro da Justiça, Ministro da Educação e Ministro das Relações Institucionais do Brasil.





'Boa parte da mídia abdicou de fazer jornalismo para fazer oposição política'

30/08/2015 - Copyleft

'Boa parte da mídia abdicou de fazer jornalismo para fazer oposição política'

A grande mídia funciona como se tivesse um super editor, como se as principais notícias, a pauta, a narrativa, fossem editadas pela mesma pessoa.


Joana Tavares - Brasil de Fato
UNB

Pesquisador há décadas sobre o papel social da mídia, o professor aposentado da Universidade de Brasília Venício Lima é autor de vários livros sobre o assunto e segue refletindo sobre o comportamento dos veículos de comunicação, a necessidade de regulação do setor e o papel da comunicação alternativa e pública.
 
Brasil de Fato -  Temos visto uma cobertura cada vez mais parecida, especialmente da política, nos veículos da mídia hegemônica. Apesar de pequenas diferenças de linha editorial, parece haver uma homogeneização no tratamento de alguns temas, como na questão da crise e da operação Lava Jato. Como você avalia esse comportamento? 
 
Venício Lima - Na verdade, não acho que constitui uma novidade. Há muitos anos, em livro que publiquei com o Kucinski ["Diálogos da perplexidade: reflexões críticas sobre a mídia"], comentamos essa questão da posição homogênea da grande mídia. É a ideia de que a grande mídia funciona como se tivesse um supraeditor, como se as principais notícias, a pauta, a narrativa, fossem cotidianamente editados por um super editor, que dá a elas o mesmo enquadramento. Isso é tão verdadeiro que às vezes as mesmas palavras aparecem reiteradamente, para os mesmos assuntos, para a mesma pauta, em diferentes veículos. Isso não é uma novidade, e expressa apenas o fato sabido e conhecido de que os oligopólios privados de mídia no Brasil têm interesses comuns e defendem basicamente as mesmas propostas e são contra as mesmas propostas, projetos e políticas
 
A que você atribui essa recente inflexão em alguns veículos, como a Folha e o Globo, na questão do golpe ou impecheament contra a presidenta?
 
É uma questão delicada. Os grandes oligopólios no Brasil têm, sobretudo o grupo Globo, historicamente conseguido se adaptar às conjunturas e preservar seu interesse. E, correspondente a isso, o Estado brasileiro também historicamente não tem sido capaz de fazer prevalecer a natureza de serviço público, sobretudo na radiodifusão. Um observador como eu, sem acesso a fontes privilegiadas, sem vínculos com partidos ou nada do tipo, me valho da minha experiência e dos dados públicos. O que se sabe agora é que houve uma reunião do secretário de comunicação da presidência com os controladores do grupo Globo e, por ocasião de uma homenagem à Globo no Senado, uma reunião com executivo do grupo e nove senadores do PT. Depois desses encontros, de fato observa-se uma inflexão na cobertura política e um posicionamento diferente com relação ao impeachment da presidente. O que não se sabe é se houve – e muito provavelmente houve – algum tipo de entendimento, de acordo. Como foi feito no passado, com outros governos, em outras situações. O Estado brasileiro e qualquer grupo que temporariamente controlam sua máquina têm sido incapazes de fazer prevalecer políticas de interesse público e negociam com esses meios, que se tornam cada vez mais poderosos e mais capazes de fazer valer seus interesses. Depois saberemos melhor do que se trata. Vi especulações em relação à atribuição das frequências, utilização do chamado 4G, questões tecnológicas que o Estado tem poder, disputa entre os velhos grupos e operadoras... teremos que ver se se confirma a inflexão e saberemos o que foi negociado. Mas certamente alguma coisa foi negociada.
 
Na sua avaliação, por que os governos do PT não avançaram na questão da regulação do mercado de comunicação?
 
Essa pergunta tem que ser feita aos governos do PT. Eu não consigo compreender. Houve momentos em que se acreditava que os governos petistas iam pelo menos propor uma atualização da legislação, a regulação dos artigos que estão na Constituição, que fossem encaminhar projetos ao Congresso. Isso ocorreu em diversos países da América Latina em que projetos democráticos chegaram ao poder, mas nada disso aconteceu no Brasil. Tenho dito que esses governos caíram numa armadilha de acreditar que seria possível que os oligopólios de mídia apoiassem um projeto político, com repercussão na economia, que beneficiasse as classes populares, que promovesse a inclusão. Há informações seguras que durante muito tempo figuras importantes nos governos petistas acreditavam que era possível trazer o apoio desses oligopólios para a execução dessas políticas. Assim, a negociação com eles, as verbas publicitárias, empréstimos etc, deveriam ser a prioridade da política de comunicação do governo. Em detrimento da construção de um sistema público de comunicação, como, aliás, manda a Constituição. Ao cair nessa armadilha, perderam-se as oportunidades históricas de se fazer o que era necessário fazer e que não foi feito.
 
A partir da pressão da sociedade e também dada a virulência desses meios hegemônicos contra o governo do PT, você acredita que há possibilidade de avanço na regulação neste segundo mandato da Dilma?
 
De novo, quem tem que responder são os agentes públicos do governo, ou a própria presidente. Posso dar uma reposta de observador que tem décadas que acompanha essas questões. Sou pessimista. Não vejo no momento atual de crise política e de diluição completa da sustentação parlamentar do governo possibilidades de avanço. As condições são adversas para que se implemente algo nessa área. É interessante observar que o discurso de regulação econômica da mídia, que fez parte da campanha eleitoral, que foi vocalizado diversas vezes pelo ministro das comunicações, desapareceu. Não se fala mais nisso. Além disso, até mesmo medidas que poderiam e podem ser tomadas por diferentes setores do governo, que independem de aprovação parlamentar, não têm sido tomadas. Como, por exemplo, a revisão de critérios das verbas oficias de publicidade e a fiscalização de arrendamento de emissoras. Coisas que fazem parte do papel do Ministério das Comunicações, em alguns casos, ou podem ser de decisão política da presidência, medidas que poderiam ser tomadas independentes de aprovação do parlamento, que é sabida e declaradamente de oposição ao governo.
 
Você escreveu que não temos no país uma "narrativa pública alternativa". Na sua avaliação, como os veículos comunitários, sindicais e populares poderiam avançar para pautar a pluralidade de vozes e visões de mundo? 
 
Tem uma questão histórica, na mídia alternativa brasileira, incluindo as TVs e rádios comunitárias, a mídia sindical, o sistema público de um modo geral, que é a dificuldade de unificar sua narrativa. Há avanços, mas são ainda muito tímidos em relação ao que seria necessário. Eu considero absolutamente crítica a necessidade de apoio do governo ao sistema público de comunicação. A Empresa Brasil de Comunicação, EBC, tem, a duras penas, tentado produzir uma alternativa de qualidade à mídia comercial. Mas é muito difícil, porque a forma como a EBC está regulamentada depende de recursos não só do governo, mas de contribuição à radiodifusão pública, que inclusive vem sendo questionado na Justiça. É uma situação financeira difícil. E mesmo a empresa conseguindo, em seus diferentes veículos, produzir programas de boa qualidade, é difícil quebrar a inércia da audiência, que há décadas é dominada pela mídia comercial. A mídia pública não consegue ser divulgada fora dela própria e fica reduzida à sua pequena audiência. Acho que esta é das possibilidades que devem ser apoiadas. Inclusive uma coisa que esquecemos é que as pessoas que acreditam na necessidade de uma mídia alternativa à comercial devem apoiar a TV pública assistindo sua televisão e ouvindo suas emissoras de rádio.
 
Ao mesmo tempo em que assistimos ao fortalecimento da mídia comercial, aumenta o número de demissões e se discute o futuro do jornalismo. O que se desenha para o cenário da comunicação hoje?
 
Essa não é uma peculiaridade brasileira. É algo que está acontecendo na sociedade contemporânea e decorre de uma transição tecnológica, cujos resultados não sabemos ainda. Há uma nova geração surgindo que não terá os mesmos hábitos de consumo de mídia e isso já está claro, sobretudo no Brasil. E isso tem implicação para modelos de negócio. Mas sou daqueles que não compartilho o entusiasmo, muitas vezes acrítico, com relação ao acesso à informação que as novas tecnologias possibilitam. Os dados que temos no Brasil e no mundo confirmam que, apesar da transição e das mudanças de plataforma tecnológica, os grandes produtores de conteúdo continuam os velhos grupos da mídia tradicional. Pesquisas confirmam e isso é visto junto a segmentos que acessam a internet, blogs e sites: os mais citados são da velha mídia. Esse quadro se repete nas redes sociais, às quais 90% das pessoas que acessam a internet estão vinculadas. Importante destacar que essas redes não são produtoras de conteúdo, elas distribuem conteúdo e facilitam a interação. E o conteúdo distribuído vem em grande medida dessa velha mídia.
 
Do ponto de vista da força de trabalho, tenho defendido há anos que as novas tecnologias não implicam na desqualificação da mão de obra. Ao contrário, ela tem ter que ser mais qualificada para sobreviver no mercado de distribuição de conteúdo. Essa geração, embora embevecida com as redes, vai precisar de informação de qualidade. Eu não posso ser exemplo, já tenho meus 70 anos, mas sou seletivo no dinheiro que gasto para receber informação. Boa parte da mídia brasileira não me interessa porque abdicou de fazer jornalismo para fazer oposição política. Quero informação para compreender o mundo e me ajudar a tomar posições. Não quero generalizar minha posição, mas me parece que será preciso uma qualificação da força de trabalho para produzir informação de qualidade. Isso já está ficando claro em alguns países do mundo. Mas ninguém tem bola de cristal. Estamos claramente vivendo um momento de transição, que não é só no Brasil.
 
Como você vê iniciativas como o jornal Brasil de Fato, que chega aos dois anos em Minas Gerais?
 
Absolutamente fundamentais. Eu como indivíduo estou numa tentativa de lançamento de um jornal popular aqui em Brasília, como forma de furar o bloqueio da mídia comercial. É muito importante não esperar que a grande mídia venha a ser aliada para projetos que beneficiem classes subalternas, nem aqui, nem em lugar nenhum. O Brasil é exceção na América Latina porque não conseguiu ter, nem na mídia impressa, nem eletrônica, uma alternativa à mídia comercial. Outros países têm essa construção, como Argentina, México, Bolívia. Acho fundamental, apoio como posso e cumprimento grupos que conseguem, com todas as dificuldades, produzir de alguma forma uma imprensa alternativa. 



Créditos da foto: UNB






Abuelas de Plaza de Mayo encontró a la nieta 117

SOCIEDAD // UNA NUEVA VIDA

Abuelas de Plaza de Mayo encontró a la nieta 117

09:03 | El organismo que encabeza Estela de Carlotto comunicó que a las 13 hs en su sede será anunciado el nombre de la hija de desaparecidos que hace apenas dos días confirmó su verdadera identidad. Estarán presentes sus abuelas y un tío materno.

De la Redacción de Diario Registrado // Lunes 31 de agosto de 2015 | 09:03

Abuelas de Plaza de Mayo informó que este lunes a las 13 en su sede de Virrey Cevallos 592 se brindarán detalles sobre el hallazgo de la nieta número 117.

 

La organización de derechos humanos pidió a la prensa "el máximo respeto por los datos privados de la víctima, quien hace apenas dos días confirmó que es hija de desaparecidos".

 

En la rueda de prensa de este lunes, estarán presentes sus dos abuelas y un tío paterno.



http://www.diarioregistrado.com/sociedad/128052-abuelas-de-plaza-de-mayo-encontro-a-la-nieta-117.html




Nassif processa Gilmar Mendes, que recua de forma pusilânime: TSE me deve direito de resposta pela difamação

Nassif processa Gilmar Mendes, que recua de forma pusilânime: TSE me deve direito de resposta pela difamação

publicado em 28 de agosto de 2015 às 18:30

Nassif e gilmar mendes

Por que decidi processar Gilmar Mendes

QUI, 27/08/2015 – 23:10/ATUALIZADO EM 28/08/2015 – 10:21

por Luis Nassif, no GGN

O Ministro Gilmar Mendes me processou, um daqueles processos montados apenas para roubar tempo e recursos do denunciado. Eu poderia ter ficado na resposta bem elaborada do meu competente advogado Percival Maricatto.

Mas resolvi ir além.

Recorri ao que em Direito se chama de "reconvenção", o direito de processar quem me processa.

A razão foram ofensas graves feitas por ele na sessão do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) na qual não conseguiu levar adiante a tentativa canhestra de golpe paraguaio, através da rejeição das contas de campanha de Dilma Rousseff.

Todo o percurso anterior foi na direção da rejeição, inclusive os pareceres absurdos dos técnicos do TSE tratando como falta grave até a inclusão de trituradores de papel na categoria de bens não duráveis.

Não conseguiu atingir seu propósito graças ao recuo do Ministro Luiz Fux, que não aceitou avalizar sua manobra. Ele despejou sua ira impotente sobre mim, valendo-se de um espaço público nobre: a tribuna do TSE.

"Certamente quem lucrou foram os blogs sujos, que ficaram prestando um tamanho desserviço. Há um caso que foi demitido da Folha de S. Paulo, em um caso conhecido porque era esperto demais, que criou uma coluna 'dinheiro vivo', certamente movida a dinheiro (…) Profissional da chantagem, da locupletação financiado por dinheiro público, meu, seu e nosso! Precisa ser contado isso para que se envergonhe. Um blog criado para atacar adversários e inimigos políticos! Mereceria do Ministério Público uma ação de improbidade, não solidariedade".

O que mereceria uma ação de improbidade é o fato de um Ministro do STF ser dono de um Instituto que é patrocinado por empresas com interesses amplos no STF em ações que estão sujeitas a serem julgadas por ele. Dentre elas, a Ambev, Light, Febraban, Bunge, Cetip, empresas e entidades com interesses no STF.

Não foi o primeiro ato condenável na carreira de Gilmar. Seu facciosismo, a maneira como participou de alguns dos mais deploráveis factoides jornalísticos, a sem-cerimônia com que senta em processos, deveriam ser motivo de vergonha para todos os que apostam na construção de um Brasil moderno. Gilmar é uma ofensa à noção de país civilizado, tanto quanto Eduardo Cunha na presidência da Câmara Federal.

A intenção do processo foi responder às suas ofensas. Mais que isso: colocar à prova a crença de que não existem mais intocáveis no país. É um cidadão acreditando na independência de um poder, apostando ser possível a um juiz de primeira instância em plena capital federal não se curvar à influência de um Ministro do STF vingativo e sem limites.

Na resposta, Gilmar nega ter se referido a mim. Recua de forma pusilânime.

"o Reconvindo sequer faz referência ao nome do Reconvinte, sendo certo que as declarações foram direcionadas contra informações difamatórias usualmente disseminadas por setores da mídia, dentro dos quais o Reconvinte espontaneamente se inclui".

Como se houvesse outro blog de um jornalista que trabalhou na Folha, tem uma empresa de nome Agência Dinheiro Vivo e denunciou o golpe paraguaio que pretendeu aplicar na democracia brasileira.

A avaliação do dano não depende apenas da dimensão da vítima, mas também do agressor. E quando o agressor é um Ministro do Supremo Tribunal Federal, que pratica a agressão em uma tribuna pública – o Tribunal Superior Eleitoral – em uma cerimônia transmitida para todo o país por emissoras de televisão, na verdade, ele deveria ser alvo de um processo maior, do servidor que utiliza a esfera pública para benefício pessoal.

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 O TSE me deve um direito de resposta

SEX, 28/08/2015 – 12:12

ATUALIZADO EM 28/08/2015 – 14:05

por Luis Nassif, no GGN

O que vou propor aqui não tem precedentes. Ou, como dizem os juristas, não tem jurisprudência formada. Mas acredito que seria oportuno os juristas se debruçarem sobre o tema, porque os ingredientes nele existentes poderão se repetir em outros episódios.

O que sugiro é uma ação de direito de resposta junto ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), tribuna da qual Gilmar se valeu para me difamar.

Vamos por partes.

Ponto 1 – O direito de resposta existe para assegurar ao ofendido o mesmo espaço dedicado às ofensas.

Parte do pressuposto que o ofendido dispõe de menos espaço que o ofensor para se defender. É por isso que se aplica, até agora, para a imprensa – que tem mais capacidade de disseminação de fatos do que suas vítimas. Ultimamente tem se aplicado também a blogs.

A Rede Globo jamais exigiria direito de resposta, porque tem um canhão imensamente superior ao de qualquer crítico. Contra os críticos, seus profissionais têm recorrido a ações cíveis de indenização.

Ponto 2 - um Tribunal – especialmente os superiores, em algumas sessões que atraiam interesse geral – dispõe de um poder de disseminação de fatos imensamente superior ao de um cidadão comum e, muitas vezes, superior ao de um único veículo .

É o caso do do julgamento final das contas de Dilma Rousseff, ocasião utilizada por Gilmar para me difamar -, com transmissão ao vivo por inúmeros veículos de mídia, incluindo a TV Justiça, portais e o conteúdo da sessão disponibilizado no canal Youtube do TSE, sendo assistido e posteriormente acompanhado por um público especializado.

Ponto 3 – Gilmar valeu-se do poder de disseminação de informação de uma sessão relevante do TSE para me imputar acusações difamatórias.

Há uma questão jurídica aí, na classificação do crime ou falta que Gilmar cometeu apropriando-se de um espaço público para ataques difamatórios. Mas aí é entre o Ministério Público Federal e ele – provavelmente nenhum procurador ou Procurador Geral da República ousará entrar com uma representação.

As circunstâncias em que o provável crime foi cometido remete ao ponto seguinte.

Ponto 4 – O crime não foi cometido por nenhuma veículo em especial, mas por um membro do TSE valendo-se de um conjunto de circunstâncias criadas pelo próprio TSE – obviamente, sem a intenção de propalar difamações.

Ora, independente de quem cometa o crime, um veículo é obrigado a publicar o direito de resposta do atingido no mesmo espaço. Por equivalência. caberia ao TSE providenciar o direito de resposta no mesmo espaço.

Aí se entra em outro problema: o TSE não teria como obrigar os veículos que transmitiram as injúrias de Gilmar a veicular minha resposta. Teria que ser, então, em uma sessão com o mesmo peso da anterior. Ou então caberia um levantamento dos veículos que veicularam a difamação de Gilmar e a compra de espaço, por parte do TSE, para assegurar o direito de resposta.

Desafio – Meu desafio aos juristas de boa vontade é ajudar a desenvolver – em linguagem e raciocínio jurídicos – esta tese. Não adianta argumentar que essa questão é inédita. É inédita porque comportamento como o de Gilmar Mendes também é inédito.

No mínimo, essa discussão ajudará a abrir algumas picadas para se começar a pensar em antídotos contra autoridades que não respeitam o próprio poder que representam.

Leia também:

Lula processa Época por reportagem criminosa e solicita reparação por danos morais



http://www.viomundo.com.br/denuncias/nassif-processa-gilmar-mendes-por-difamacao-e-ministro-recua-de-forma-pusilanime-o-tse-me-deve-um-direito-de-resposta.html




Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz