'Mais Médicos é nossa luz no fim do túnel', diz secretária de Calçoene (AP)
Secretária de Saúde de um município pobre no extremo norte do país, a enfermeira Maria de Jesus Souza Caldas comemora a chegada da médica cubana Ceramides Almora Carbonell e elogia a iniciativa do governo federal de criar o programa Mais Médicos. "Só quem trabalha com saúde pública em municípios distantes e sem muitos recursos financeiros sabe a dificuldade que é contratar um médico brasileiro", afirma.
Najla Passos
Brasília - Esta semana, o município de Calçoene (AP), no extremo norte do Brasil, passou a oferecer a seus 9.740 habitantes os serviços de três profissionais médicos. Entre eles a cubana Ceramides Almora Carbonell, que integra o programa Mais Médicos, do governo federal. Parece pouco, já que as entidades médicas brasileiras preconizam que o ideal é uma relação de um médico para cada mil habitantes. Mas para o poder público de Calçoene, é uma vitória.
"Só quem trabalha com saúde pública em municípios distantes e sem muitos recursos financeiros sabe a dificuldade que é contratar um médico brasileiro. O Mais Médicos é a nossa luz no fim do túnel", afirma a enfermeira Maria de Jesus Souza Caldas, secretária municipal de Saúde.
Segundo ela, a rede de saúde de Calçoene conta com uma unidade básica de saúde na sede e outra no distrito de Lourenço. Uma terceira está em construção em outro distrito. Até a chegada de Ceramides, apenas um pediatra brasileiro atendia aos pacientes do polo central. No distrito de Lourenço, todos e qualquer caso é responsabilidade de um ultrassonografista, que não exerce a especialidade por falta de equipamentos. Como o único centro cirúrgico está desativado, os pacientes mais graves são enviados à capital, Macapá, a 359 Km. "Ainda bem que a estrada é asfaltada", observa ela.
O município é classificado pelos índices da ONU como na linha da pobreza. A população sobrevive basicamente da pesca, principal atividade econômica.
Uma nutricionista luta contra a desnutrição, conduzindo o programa de vigilância alimentar que prescreve introdução de vitamina A. As enfermeiras se encarregam dos pré-natais e da cobertura vacinal que, segundo a secretária, consegue atingir as metas preconizadas pelo Ministério da Saúde, apesar das longas distâncias a serem percorridas numa área de 14 mil Km2 e densidade demográfica de 0,63 hab/Km2.
O principal foco de problemas de saúde pública é o distrito de Lourenço, uma área garimpeira que fica a 100 km da sede. A estrada de chão e, na época das chuvas, costuma ficar interditada. "Lá temos muitos problemas com drogas, álcool, prostituição, leishmaniose, hanseníase, verminoses. É um desafio imenso", conta Jesus.
Escola cubana
De acordo com Maria de Jesus, a população está encantada com Ceramides, a médica que vai à casa dos pacientes e conversa com eles, olhos nos olhos. "Ela está muito familiarizada com os procedimentos da saúde da família, já que Cuba é precursora na prática. Não tem muita convivência com algumas das doenças que afetam a região, mas está se esforçando muito para aprender rápido", conta.
Para ela, o sucesso rápido que a médica cubana está fazendo no seu município comprova que o Brasil tem muito a aprender com a medicina da ilha. "Eles têm experiência no atendimento na rua, que é a prevenção que tanto precisamos", esclarece. Animada, afirma que já requisitou mais um profissional do Mais Médicos. "Com quatro, creio que daremos conta da nossa demanda", avalia a secretária.
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