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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

27.7.11

A Noruega também é aqui

A Noruega também é aqui

 

José Antonio Somensi (Zeca)

 

No momento em que escrevo, oficialmente tem-se 93 mortos pelo ataque terrorista da extrema direita, provavelmente planejado e executado por mais de uma pessoa, e não apenas pelo Anders Behring Breivik, que aconteceu dia 22 de Julho na Noruega. Muito tem se falado sobre o fato, as motivações, as relações e pensamentos que levaram a esta ação, mas todas as avaliações tendo os olhos apenas na Noruega, país estável, bom de viver, povo feliz.... Mas, fatos outros aconteceram e continuam acontecendo na Europa, como o aumento da pressão para que os governos não permitam mais a entrada de africanos, asiáticos e latinos. A intolerância religiosa e pela opção sexual atingem níveis alarmantes. Nos Estados Unidos somos presenteados seguidamente por atos estúpidos de chacinas, discriminações raciais, religiosas, políticas como o atentado a deputada americana do Partido Democrata Gabrielle Giffords em Tucson (Arizona) ocorrido em janeiro deste ano. A história não nos deixa esquecer que guerra santa já foi motivo para invadir países em outros tempos e nos tempos de agora porque não concordavam com o pensamento dominante.

 

Nas décadas de 80 e 90 do século passado estes atos terroristas foram sufocados por uma onda de necessidades de valorização das pessoas e seus direitos de expressão fazendo com que estes grupos extremistas se recolhessem e, diminuídos, ficassem à margem, a espreita, como um ‘cachorro bravo preso a uma corrente’ (expressão usada por um amigo que agora me aproprio) alimentando sua raiva e seu desprezo a todos que pensassem de forma diferente. Lentamente foram sentindo-se mais a vontade e começaram a mostrar presença através dos grandes meios de comunicação utilizando-se de um falso nacionalismo para mostrar sua hipocrisia e seu modo xenofóbico de pensar e agir.

 

E nós em nossa santa ingenuidade achamos que estes fatos estão longe geograficamente e culturalmente do nosso Brasil, esquecendo que fazemos parte desta globalização que tudo aproxima, uniformiza e sempre que necessário, deturpa. O próprio atirador cita o Brasil como exemplo a não ser imitado. A diversidade étnica que trombeteavam agora não serve mais. Antes o Brasil lindo, miscigenado, livre com os seus pensares, agora se apresenta com queima de índios e moradores de rua, depois cusparadas e outros líquidos jogados das sacadas dos prédios de luxo do Rio de Janeiro e São Paulo, cruzando por governos atirando em sem terra, os comentários jocosos que ouvimos sobre nossos vizinhos da América do Sul, passando pelas demonstrações e ações pejorativas, reacionárias, discriminatórias durante as eleições de 2010, principalmente no segundo turno. Tudo isso tenho como apenas um sinal do que poderá vir acontecer nestas nossas terras.

 

Hoje volta a arenga: defender sem terra é defender preguiçoso, defesa dos direitos humanos é defesa de bandido, defender a manutenção dos direitos trabalhistas é ser contra o país, falar de questões sociais em ambiente sacro é pecado, defender a política é fazer a defesa de sem vergonha, falar sobre ecologia para alguns é apenas modismo.

 

Não mais de forma silenciosa estes grupos aparecem, ora falando contra determinados partidos, determinados tipos de serviços, brigando contra os gastos nas áreas sociais, brigando contra conquistas étnicas, querendo sempre recorrer ao Supremo, como se dissessem: se não votarem ou aceitarem como eu quero, não vale e dele recursos no STF.

 

Chamam o nome próprio da chacina de Oslo de louco, talvez numa tentativa de encobrir esta nuvem carregada de preconceitos que se alastram em nosso Ocidente e desta forma, culpando o indivíduo, evita-se que se façam ilações a posturas vendidas para nós como sendo exclusividade do Oriente, afinal de contas a educação branca, européia é totalmente diferenciada dos bárbaros do outro lado do mundo.

 

Citamos freqüentemente o padrão de vida da Noruega como modelo que queremos para nós, mas seria bom parar por ai.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz