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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

3.12.09

Às coxas de Berlim ao muro da Uniban

José Antonio Somensi (Zeca)

 

Temos visto e lido nos últimos tempos nos meios de comunicações uma onda crescente de insatisfações no que diz respeito aos ‘benefícios’ que os brasileiros estão ganhando, bem como a tentativa de mostrar que em nosso país não existe o racismo e motivos para continuar com os benefícios governamentais. O programa Bolsa Família é ‘esmola’ as cotas são ‘discriminatórias’, ensino público é ‘enganação’, as verbas da Agricultura são para o MST...

 

Dizem que os ‘desajustes sociais’ são inerentes a um país do porte do nosso e que o Estado adota uma postura paternalista dando dinheiro a ‘essa gente’. Não precisa. Basta que almas caridosas doem o que sobra ou que já está gasto. E aí vamos nos dando conta que estas insatisfações e argumentos errôneos são propalados há séculos por uma elite, dona dos meios de comunicação, donas de latifúndios, seguidores de uma cultura (que nem é dela) que querem que a sigamos como único modelo e que enxergam os benefícios ganhos como direito e aqueles transferidos para os pobres como esmola e ações paternalistas do Estado.

 

Utilizam os meios de comunicação para criar situações constrangedoras e discriminar os movimentos sociais que possuem alguma força capaz de apresentar o contraditório. Talvez, a partir do ocorrido em meados de 2008, quando o mundo capitalista ameaçou ruir e a bolsa (bolso) apresentou sinais de esgotamento, num gesto de resgate de seus benefícios, utilizam cada vez mais e de forma cada vez mais violenta as televisões, jornais, rádios, internet com notícias distorcidas e freqüentemente mentirosas. Tentam desesperadamente manter a estratificação social imutável e a concentração de renda e de ‘verdades’ apenas com um pequeno grupo de escolhidos. Apropriam-se da mídia como última condição de sobrevivência dos seus privilégios e como bem captou o jornalista Luiz Carlos Azenha em seu blog viomundo.com.bras críticas à ampliação da sociedade de consumo contém, muitas vezes, uma pitada de preconceito de classe. Elas refletem o horror com a invasão de círculos antes exclusivos por essa "gentinha" – “pobres, pretos e p.....

 

Alguns outros assuntos povoaram a mídia e que exemplificam bem o pensamento hegemônico dos donos deste poder. Os festejos referentes à queda do muro de Berlim – um marco do século XX com amplos desdobramentos – entendo, porém, que era e é preciso a partir deste muro falar dos outros existentes, afinal de contas temos que aprender com a história: entre os Estados Unidos e o México, entre Israel e a Palestina; entre os que pensam saber diante do acúmulo de  conhecimentos vagos e acham ter o direito de conceituar os outros e os que sabem e por isso fazem; entre os que tem demais pela riqueza e por causa dela as oportunidades e tentam se proteger com os muros altos e os que não tem porque a justiça é cega opcional, vários outros muros que nos cercam e que precisam ser eliminados.

 

Outro assunto que ficou ‘ocupando espaço’ foi da universitária da Uniban – SP Geisy Vila Nova Arruda que ao comparecer na sala de aula com um vestido dito curto criou um alvoroço entre os colegas e funcionários. Nem vamos entrar no mérito do certo e do errado do comprimento do vestido, se foi armação como forma de atingir alguns minutos de fama, mas da hipocrisia desta sociedade que diz não aceitar o comportamento protagonizado pela universitária, no entanto assiste e pede pessoas com trajes mais curtos - ou sem- em qualquer horário, em qualquer programa – da receita de nhoque a novela que dita moda. Provavelmente estas mesmas pessoas farão fila para comprar revistas caso a moça pose nua. E o papel da instituição, que a princípio, trata de educação, cultura e que convive ou deveria conviver com a diversidade?

As ações e desastres de nossos governantes tratados de forma tão diferenciada, pesos diferentes para a falta de luz, queda de vigas nas estradas, buracos de metrô, erros em livros didáticos, pessoas morando debaixo de viadutos, esses e outros exemplos vistos por óticas cada vez mais ‘conservadoras’ detentoras de grandes redes de comunicação segundo o jornalista Saul Leblon “soa como uma tentativa derradeira de reverter o processo ainda nos marcos da democracia, desqualificando o adversário mais próximo formado por partidos e governos progressistas. A radicalização é proporcional à ausência de um projeto conservador alternativo a oferecer à sociedade.” Discordando do jornalista apenas no fato de que a democracia, ainda muito jovem no Brasil, não chegou à mídia, uma vez que as informações não foram diversificadas ou com afirma o professor de Comunicação da USP Laurindo Leal Filho “um país que caminha para se transformar na quinta economia do mundo não pode mais conviver com uma comunicação de quinta categoria”.

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz