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"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

19.11.09

Saia curta e privataria



10/11/2009

Uma das maiores tragédias do neoliberalismo foi difundir amplamente o circuito de instituições de ensino privado pelo país afora. No Brasil, foi a "privataria" promovida pelo ex-ministro Paulo Renato – ex aluno, professor e reitor de universidade pública -, que depois passou a ser proprietário de entidade privada de assessoria a instituições privadas de ensino – via de regra, as mesmas que promoveu e autorizou a criação.

O que deveria ser direito, passou a ser mercadoria, bem a ser comprado no mercado, conforme o poder aquisitivo de cada um. A educação, que deveria diminuir as desigualdades originais das nossas sociedades, passou a multiplicá-las. A política de cotas – especialmente a partir do projeto de lei do governo federal, que reserva 50% da vagas de universidades públicas aos estudantes originários de escolas públicas – minora um pouco essa situação, se, resolvê-la.

A grande maioria dos estudantes universitários brasileiros está hoje em instituições privadas. Sem generalizar uma avaliação da qualidade do ensino nelas, pode-se dizer que o princípio de uma educação privada é ruim: paga-se para estudar, portanto, se se deixa de pagar, se deixa de ter o direito de seguir cursando. O princípio mercantil do custo-benefício preside essas instituições, que disputam alunos muito mais pelos preços que oferecem do que pela qualidade do ensino.

Há universidades e faculdades privadas, que mais parecem um shoping-center, em que fica difícil localizar onde está a secretaria, as salas de aula, o auditório, escondidos atrás de McDonalds e outras lojas. Sua visão mercantilista do ensino transforma definitivamente a educação numa busca de inserção no mercado. A grande maioria dos professores são superexplorados, ganham por hora-aula, sem contrato, não tem horário para pesquisa, nem carreira docente, trabalham em total precariedade.

O episódio de expulsão da moça que supostamente usava saia muito curta revela o universo desse tipo de instituição, supostamente de caráter educacional. Por si só – pelo comportamento maciço dos alunos e da diretoria da instituição – deveria servir para desqualificá-la como centro educativo. Provavelmente voltaram atrás na expulsão para tentar preservar o nome – o marketing – da Universidade e não porque consideram que foi uma decisão errada. Teve repercussões negativas "no mercado", afetou o nome da empresa.

Um episódio como esse deveria servir para elevar em termos educativos, culturais, éticos, a todos os que participaram ou tiveram conhecimento dele. A direção da Universidade envolvida deve ser condenada e sua licença de funcionamento, questionada.

Trata-se de uma radiografia do que são esses espaços criados e formalizados pela privataria tucana. Muito mais arapucas de vender diplomas, centros comerciais, do que instituições que merecessem a classificação de educacionais.

Numa democracia a educação tem que ser gratuita, universal, pluralista, laica e de qualidade, para todos. Os que, por razões religiosas ou outras, querem matricular seus filhos em escolas religiosas, poderão fazê-lo, mas essas escolas não deveriam receber subsídios públicos, reservados para as escolas públicas.

Postado por Emir Sader às 06:03

 

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz