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pergunta:

"Até quando vamos ter que aguentar a apropriação da ideia de 'liberdade de imprensa', de 'liberdade de expressão', pelos proprietários da grande mídia mercantil – os Frias, os Marinhos, os Mesquitas, os Civitas -, que as definem como sua liberdade de dizer o que acham e de designar quem ocupa os espaços escritos, falados e vistos, para reproduzir o mesmo discurso, o pensamento único dos monopólios privados?"

Emir Sader

23.11.09

10 anos de Seattle


12/11/2009

Pareceu um raio em céu azul, aquele espetáculo sensacional em que se transformou o que deveria ter sido mais um show midiático do Consenso de Washington, numa nova reunião da OMC, em uma das cidades símbolo da pós-modernidade: Seattle.

A reunião não conseguiu ser realizada; se via ministros correndo pelas ruas, usando escadas rolantes para ver se conseguiam chegar de volta a seus hotéis – entre eles, Pedro Malan, figurinha carimbada desse tipo de reunião. Enquanto a massa, convocada pela internet, não se sabia surgindo de onde, ocupava praças, ruas, hotéis, salas de reunião, estações de metrô, protagonizando a primeira grande manifestação global contra o pensamento único e o Consenso de Washington.

Não era um raio em céu azul, para quem havia constatado, por debaixo da aparente pax neoliberal, os problemas que a globalização ia produzindo. É certo que os governos que mais a personificaram se reelegiam – FHC, Fujijmori, Menem -, depois do sucesso de Reagan e da Thatcher, sucedidos por Blair e Clinton. Mas ao mesmo tempo se esgotavam. As crises financeiras – típicas do neoliberalismo – se estendiam pela América Latina, pelo sudeste asiático, pela Rússia.

Hugo Chavez tinha sido eleito um ano antes. A economia brasileira enfrentava uma nova crise, o que levou o governo FHC a elevar a taxa de juros a 48% e a jogar o país numa prolongada recessão. Sinais claros de que a economia argentina estava à beira de uma explosão da bomba de tempo instalada por Menem, com a paridade artificial entre o dólar e o peso. O México se recuperava com dificuldades da crise de 1994.

Desde que os zapatistas tinham lançado seu grito contra a globalização neoliberal, em 1994, as mobilizações populares foram se sucedendo, entre elas as extraordinárias marchas dos trabalhadores sem terra no Brasil, as lutas dos movimentos indígenas do Peru, da Bolívia, do Equador, iam se espalhando, anunciando um novo ciclo de mobilizações, como resistência popular ao neoliberalismo.

Seattle veio assim trazer à superfície os descontentamentos acumulados pelos efeitos deletérios das políticas neoliberais, com os imensos retrocessos sociais que representavam. Ignacio Ramonet havia publicado seu famoso editorial no Le Monde Diplomatique da França, conclamando à luta contra o pensamento único. ATTAC surgia como um novo tipo de movimento, de luta pela taxação do capital financeiro para promover políticas para a cidadania, com o lema "O essencial não tem preço".

Iniciou-se, com Seattle, um novo ciclo de mobilizações populares que, enlaçando-se com o surgimento do Fórum Social Mundial, estendeu as mobilizações contra a OMC pela Europa, pela Ásia, pela América Latina, até desembocar nas maiores manifestações já conhecidas, contra a guerra do Iraque, em 2003.

Deste então, a luta pela superação do neoliberalismo ganhou novas formas, mais avançadas, passando do protesto e da resistência, à derrota do governos neoliberais e ao inicio do ciclo atual – latinoamericano – de construção de governos pós-neoliberais. Para sua vitória contribuíram decisivamente as lutas de Seattle e aquelas que no continente brecaram os processos de privatização, como as dos movimentos indígenas e cidadãos na Bolívia e no Equador. Podemos dizer que o novo cenário latinoamericano é herdeiro das lutas de resistência da década de 1990 e, em particular, das espetaculares manifestações de Seattle, que marcaram o fim da lua-de-mel neoliberal e o começo da construção do "outro mundo possível", do pós neoliberalismo latinoamericano.

Postado por Emir Sader às 12:14

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Cancion con todos

Salgo a caminar
Por la cintura cosmica del sur
Piso en la region
Mas vegetal del viento y de la luz
Siento al caminar
Toda la piel de america en mi piel
Y anda en mi sangre un rio
Que libera en mi voz su caudal.

Sol de alto peru
Rostro bolivia estaño y soledad
Un verde brasil
Besa mi chile cobre y mineral
Subo desde el sur
Hacia la entraña america y total
Pura raiz de un grito
Destinado a crecer y a estallar.

Todas las voces todas
Todas las manos todas
Toda la sangre puede
Ser cancion en el viento
Canta conmigo canta
Hermano americano
Libera tu esperanza
Con un grito en la voz